O sonho colorido não pode acabar – Crônica por Lucian Brum


Foto: Lucian Brum

O carnavalesco “Mapa do Trombone”, comemorando 30 anos de música, botou seu bloco na rua e mostrou que conhece.

É como se o São Gonçalo fosse o Mississipi e Pelotas uma New Orleans dos pampas. Não há data mal encaixada que suspenda canto e dança popular. Mesmo com o carnaval transferido para março, os blocos foram às ruas e deram ritmo à algazarra. A estreita rua XV de Novembro foi o palco onde a batucada agitou os foliões que brincaram sobre seu calçamento de pedras. Tendo em vista que no domingo (23), quando o bloco chegou na esquina da Av. Bento, tudo se transformou em swing.

“A nova Bandalha”, afirmou um amigo sobre o Bloco do Mapa. Apesar de entender o seu saudosismo, não vejo como comparar. Ao final do cortejo, sobre o palco que esperava os foliões, ouvi a banda tocar os versos: “Hoje eu quero ter você / Preciso do teu corpo coladinho ao meu / Quero ver o teu sorriso / Teu jeito atrevido me faz delirar”. Era algo novo: a sofisticação do carnaval, incluindo na festa os passos, a levada e o balanço existentes nos pagodes da cidade.

O trombone é o instrumento por excelência em Pelotas. Não há charanga em jogo de futebol, formatura, aniversário… em que a metaleira grave não esteja presente dando o compasso. Faz lembrar a letra da música, quando acompanhado da percussão. E bota neguinho pra dançar a noite toda cada vez que toca com uma banda.

O carnavalesco “Mapa do Trombone”, comemorando 30 anos de música, botou seu bloco na rua e mostrou que conhece. Abusou do que todos já sabem — moramos da terra do swing. Mesmo no carnaval burlesco, as pessoas mostraram seu melhor sorriso balançando com a melodia dançante, e cantaram para preservar: “Então vem, / Vem me amar / Nosso Sonho Colorido não pode acabar”.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*