Pelotas “Quem vive a umidade dá titulo para ela” por Camila Santos


Foto: Rafa Marin

Fenômeno faz parte do cotidiano do pelotense, que acredita viver na segunda cidade mais úmida do mundo.

Dias chuvosos são comuns em Pelotas. Junto com eles vem a umidade, considerada um problema para os pelotenses. A cidade já foi eleita pelo senso comum como a segunda mais úmida do mundo, perdendo apenas para Londres. Mas será que isso é mito ou verdade?

Quem mora às margens da Lagoa dos Patos já se acostumou com a sensação de intensa umidade. E aprendeu a conviver com os problemas que esse clima traz. O incômodo é tanto que as pessoas acreditam que Pelotas é realmente uma das cidades mais úmidas do mundo. A estudante de Direito Mayara Ávila enfrenta esse problema no seu dia a dia. “Eu acredito que seja a segunda cidade mais úmida pois mofa tudo, roupa, móveis, comida. Fora as doenças respiratórias que atacam muito mais aqui na cidade”, afirma.

Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) mostram que Pelotas não é a segunda cidade mais úmida do mundo. O professor do curso de Meteorologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), João Carlos Vianna, acha que esse mito é uma coisa do pelotense. “Como a pessoa vive mais no local, ela tem uma tendência a focar a sua avaliação no senso comum”, analisa.

Foto: Rafa Marin

Pelotas e sua fama

Pelotas até pode ter dias que a umidade chegue a 100%, mas isso não a faz a mais úmida. Ainda segundo o INMET, as regiões mais úmidas tanto em termos de umidade relativa do ar como de chuva estão próximas do Equador.

Apesar dos incômodos, algumas pessoas lidam bem com essa característica da cidade. Para Jader Machado, recepcionista de um hostel, a umidade é algo normal. “Eu já me acostumei com o clima úmido, não tenho essa vivência em outras cidades para saber como seria a diferença”, diz. Jader é pelotense, mas no seu trabalho acaba conhecendo muita gente de outros locais. “O pessoal que vem de fora geralmente fala que é uma cidade muito úmida e se queixa sobre doenças respiratórias”, afirma.

Uma das maiores queixas de quem vive em Pelotas são justamente as doenças respiratórias, que se tornaram algo comum. O otorrinolaringologista Lúcio Castagno diz que é preciso ter paciência com o clima e tomar alguns cuidados. “Com a umidade chegando a quase 100%, aumentam os riscos para pacientes com rinites, sinusites ou asma”, explica. Ele dá dicas preventivas como tomar a vacina antiinfluenza no início do outono. Além de manter os ambientes limpos, aquecidos, desumidificados e arejados.

Estudos

Não existe um estudo por trás dessa afirmação que roda o mundo. Para Vianna, “essa comparação que as pessoas fazem (de que outras cidades seriam menos úmidas) não é válida porque no local que moramos estamos aqui todo tempo. O lugar que vamos veranear, por exemplo, a gente fica lá só um tempo restrito”.

Mesmo não sendo a segunda cidade mais úmida do mundo, Pelotas tem seu charme. Os dias cinzas e úmidos compõem a paisagem local. E é fato que a umidade se tornou uma companheira dos pelotenses.

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