Diablues Convida Observatório bar em Pelotas


Confessando o blues por Marcelo Nascente.

Eles vão chegando aos poucos. Uns se reconhecem, outros são apresentados ali, na hora. É mais ou menos assim que a coisa funciona. E todos vão por um único motivo: a música. Mas não uma música qualquer, do tipo que se toca em barzinhos… o que acontece ali é um culto.

Depois de entrar, não é mais em Pelotas que você está. Está no meio da encruzilhada, sem dinheiro no bolso, com a sola do sapato gasta, abandonado pela mulher e cansado de tudo. Então você só precisa rezar para o deus certo: senta na mesa do canto e pede uma cerveja, meu amigo. Porque agora vais saber, de verdade, como se confessa o blues.

Aos domingos, quando começa a escurecer e acendem-se as luzes com hepatite dos postes de Pelotas, uma gurizada se movimenta em direção à Gonçalves Chaves, 492, quase na esquina da Tiradentes. Ali, nesse dia e horário, funciona uma igreja sem pastor. A hóstia é um cigarro e a taça é um copo largo de uísque. Se prega histórias da vida. E a vida não é politicamente correta, me desculpa…

No altar do Bar Observatório, durante o Diablues Convida, acontecem encontros musicais que arrepiam qualquer um que já tenha ouvido falar em Robert Johnson. É uma gurizada que me faz ter a sensação de que valeu esperar quarenta anos pra ver o blues tocando em Pelotas.

Domingo, dia 3, a banda convidada é a Blues & Destilados, de Rio Grande, que junto com os bruxos Alex VazRael Valinhas e César Lascano, vão rezar a missa das 20. Vamos, irmãos?