Descentralização é a nova marca do Encontro de Teatro


Se assistir a um bom espetáculo teatral já é bom, imagine assistir a este mesmo espetáculo pertinho de casa, sem a necessidade de deslocamento até o teatro. Esta é a nova expectativa que será colocada em prática pelos organizadores da 3ª edição do Encontro de Teatro de Pelotas, que acontece no período compreendido entre os dias 21 e 24 deste mês. A iniciativa da descentralização das apresentações, antigo desejo dos diretores, atores e demais envolvidos com o universo do teatro em Pelotas, partiu da parceria entre os entes teatrais e a direção do Theatro Sete de Abril, transformando-se na inovação desta edição. Por conta desta novidade, as expectativas com relação às apresentações aumentaram tanto para a direção do próprio Theatro quanto para os envolvidos diretamente com ele.

As apresentações, que acontecem na Colônia Z3, Loteamento Dunas, bairro Fragata, Clube Caixeiral e Doquinhas (Quadrado), têm por finalidade difundir a produção teatral do município e da região, bem como aproximar esta produção das comunidades visitadas, criando desta maneira novas platéias, novas perspectivas para o setor e despertando o interesse destas comunidades pelo “fazer teatro”. Os objetivos vêm ao encontro da fundamentação do próprio Encontro de Teatro, oportunidade importante para que os grupos teatrais se interliguem, troquem experiência e ampliem seus saberes, fortalecendo-se enquanto categoria.

Atores e diretores de teatro aprovam a descentralização, que amplia campos de atuação, como explica Joice Lima: “Como integrante da Cia Pelotense de Repertório, acadêmica do curso de Licenciatura em Teatro da UFPel e, sobretudo, como atriz e cidadã pelotense, fico muito feliz com a iniciativa da Prefeitura de, pela primeira vez, expandir o Encontro de Teatro de Pelotas e levar espetáculos teatrais às comunidades. Pessoalmente, é uma de minhas maiores ansiedades conseguir resgatar o público pelotense, que a cada dia é mais afastado dos palcos e mais envolvido pelo mundo virtual dos DVDs, Internet e videogames – quem poderia imaginar que no final do século XIX o Theatro Sete de Abril tinha lotação esgotada todas as noites? Um tempo em que o teatro era a diversão popular, a exemplo das telenovelas de hoje… Muita coisa mudou, é verdade, mas é muito bom poder dar à população menos favorecida a possibilidade de ter contato com esta, que talvez seja a forma ‘mais viva’ de arte – ainda que, paradoxalmente, seja uma das mais esquecidas e menos valorizadas na atualidade.

Antes de definir os moldes do Encontro, a Secretaria de Cultura chamou os artistas para conversar, ouviu-os e decidiu atender esta antiga reivindicação dos grupos locais, de levar o teatro aos bairros. É o primeiro passo para encurtar as distâncias entre a comunidade e o teatro e, quem sabe, mais adiante, conseguir também romper com essa barreira invisível que faz com que muita gente ainda veja, equivocadamente, o Sete de Abril como um espaço restrito à elite – e não por culpa dos administradores ou dos artistas, mas da própria comunidade que, por preconceito, deixa de usufruir de um espaço que é seu. Queremos Pelotas inalando arte, respirando teatro, viva.

Acredito que o 3º Encontro de Teatro de Pelotas vai contribuir para isso”. Ao todo, serão 11 grupos mostrando que Pelotas é berço multicultural.

Fonte: pelotas.com.br