Exposição Um firme e vibrante NÃO inaugura na Casa Paralela em Pelotas


Título da obra: Recibo 70 Autor: Traplev Crédito foto: Leonardo Savaris

Exposição sobre contracultura chega a Pelotas em itinerância promovida pela Galeria Ecarta.

Depois de estrear na Galeria Ecarta, em Porto Alegre, e viajar para Caxias, onde ficou em cartaz no Centro Ordovás, a exposição coletiva Um firme e vibrante NÃO chegará a Pelotas. A versão que será montada no espaço independente Casa Paralela (Rua Uruguai, 1577) contará com novos artistas e novo desenho expográfico. A abertura será na sexta-feira, 19 de junho, a partir das 18h, com entrada franca.

Um firme e vibrante NÃO reúne obras de artistas de distintas gerações e procedências, cuja força está na contestação política e comportamental, no desafio à autoridade e na recusa aos padrões culturais dominantes. Uma produção animada pelo espírito contestador da contracultura, pelos movimentos marginais e pela crítica ao establishment.

Título da obra: Museu da Polícia Militar (MPM) Autora/crédito: Fabiana Faleiros, também conhecida como Lady Incentivo

A mostra, com curadoria de Jorge Bucksdricker e do coordenador artístico da Galeria Ecarta, Leo Felipe, parte de uma coleção de trabalhos dos anos 1970 e 1980, de artistas em sua maioria brasileiros, ligados ao conceitualismo e à arte-correio, que têm no papel sua principal mídia: revistas, jornais, livros, fotocópias, envelopes, selos, pôsteres, cédulas. Materiais de natureza gráfica que visavam extrapolar as paredes de museus e galerias, escapar da censura e ativar redes internacionais, experimentando formas alternativas de circulação em proposições cada vez mais coladas à vida.

“Artistas esquecidos, coletivos que logo se dissolveram, obras que deliberadamente não se parecem com obras de arte: o grande desafio de qualquer pesquisa sobre o período é localizar um material que pela sua própria natureza se dispersou e, frequentemente, se perdeu. Nesse sentido, podemos dizer que estes trabalhos cumpriram com o destino que lhes cabia”, afirma Bucksdricker.

Propondo um diálogo com as iniciativas históricas, Um firme e vibrante NÃO reúne ainda a produção de autores contemporâneos não apenas engajados na luta política, mas que também resgatam certa estética/retórica formatada após os levantes de 68. Artistas cujo trabalho é pautado pelo questionamento crítico e pela desconstrução do naturalizado, pela recusa e insubordinação, pelo humor e pelo sarcasmo – e que, a seu modo, denunciam e combatem o machismo, o imperialismo, o racismo, as desigualdades sociais e a caretice geral.

“Por contracultura entendemos não apenas as movimentações de 68, mas também suas irradiações: as ideias dissidentes e o desejo de confrontar o sistema, através de recusa, fuga ou luta; as práticas boêmias de poetas, pintores e roqueiros malditos; os movimentos subculturais que, assim como ocorreu com a arte de vanguarda, também estão sujeitos aos processos de assimilação mercadológica e institucional”, diz Leo Felipe.

Exposição Um firme e vibrante NÃO | PELOTAS
Curadoria: Jorge Bucksdricker e Leo Felipe
Abertura: 19 de junho, às 18h
Visitação: até 17 de julho, de terça a sexta, das 14h às 19h
Onde: Casa Paralela (Rua Uruguai, 1577)
Quanto: Entrada franca

Participam de Um firme e vibrante NÃO:
3Nós3, Adriano Rojas, Antonio Dias, Alex Vieira, Alexandre Navarro Moreira, Artur Barrio, Carlos Asp, Carlos Pasquetti, Caroline Barrueco, Cildo Meireles, Claudio Goulart, Clóvis Dariano, Daniel Eizirik, Edgardo Vigo, Edson Barrus, Fabiana Faleiros, Flávia Felipe, Horacio Zabala, Hudinilson Jr., Jesus Gadamez Escobar, João Kowacs, Joaquim Branco, Jorge Caraballo, Julio Plaza, Lenora de Barros, Leonhard Frank Duch, Lourival Cuquinha, Luiz Rettamozo, Luiz Roque, Luiza Só, Mario Ishikawa, Röhnelt, Moacy Cirne, Nelson Rosa, Paulo Bruscky, Regina Silveira, Ricardo Aleixo, , Rogério Nazari, Telmo Lanes, Traplev, Torquato Neto, Ulises Carrion, Vera Chaves Barcellos, dentre outros.

Sobre os curadores:
Jorge Bucksdricker é graduado em Filosofia, mestre em Epistemologia e doutorando em Artes Visuais. Publicou os livros Solstícios (IEL/RS – 2005) e Pinus (Edição do Autor – 2011). Nos últimos anos, participou de exposições em Porto Alegre (Tratar de Conciliar os Olhos – 2013, Poesia Visual Contemporânea: Delitos e Dilemas – 2009) e em Santiago do Chile (Ejercicios de Posibilidad – 2012). Ministrou cursos, publicou ensaios sobre arte e literatura, editou a revista virtual Ferramentas Errantes e o zine Antes, Pelo Contrário.

Leo Felipe é jornalista, mestre em Artes Visuais e coordenador artístico da Galeria Ecarta, tendo assinado a curadoria das exposições Objeto: Som (2011), Sobre Amanhã (2012), Os Nau Caminhos de Roger Canal (2013), Chico Machado: Aparelhos que fazem Zóing! (2014) e Um firme e vibrante NÃO (2015). Com o artista Alexandre Navarro Moreira apresentou a performance AUTACOM no Espaço Maurício Rosenblatt, em Porto Alegre (2013), e no EAC, em Montevidéu (2014). É diretor da rádio on-line minima.fm. Foi curador da exposição Cracapraquetequeromania (Museu do Trabalho, 2015), primeira individual do músico e ilustrador Diego Medina. Foi diretor e editor-chefe do programa Radar (TVE/RS) e curador do projeto República do Rock, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre. Tem dois livros de ficção publicados, Auto (2004) e O Vampiro (2006), e o livro de memórias A Fantástica Fábrica (2014), que reconta a história do reduto underground porto-alegrense da década de 1990, Bar Garagem Hermética, do qual foi um dos fundadores.

Fonte: Jornalista Dóris Fialcoff