Fotógrafo carioca busca financiamento colaborativo para produzir projeto independente


Foto: Charles Faria

Meta é produzir literatura independente de fotografia conceitual sobre aspectos pouco explorados da realidade carioca.

Foto: Lucas Santos

Batizada de “(con)torno”, a zine – nome geralmente dado a livretos produzidos de forma independente – apresenta o primeiro trabalho fotográfico de Lucas Santos, jovem fotógrafo carioca de vinte anos, que deseja relacionar temas de estudo filosófico e fotográfico. Lucas é integrante do coletivo Subsolo, projeto de estudantes de cinema que divulga música independente com conteúdo multiplataforma, além de recentemente ter criado um selo de fotografia chamado Life is a Worth Work. É possível colaborar com o projeto em um período determinado na vakinha produzida por Lucas, que escolheu o site por ser uma modalidade ideal para “microprojetos”, que podem ser divididos em pequenas e grandes metas para serem realizados com o valor arrecadado, mesmo que não bata a maior meta.

O trabalho contido em “(con)torno” é uma pesquisa visual feita durante o fim do primeiro e o início do segundo semestre desse ano. A pesquisa visa retratar aspectos do cotidiano da cidade carioca que contradigam com a fama da cidade da copa e da olimpíada. As fotos de Lucas são sobre solidão, tristeza, ausência, sobre tudo o que a cidade pulsa que não esteja estampado nas propagandas. O Rio de Janeiro é uma cidade extremamente centralizada em um eixo cultural e econômico que omite outras formas de beleza da visão não só de turistas como também dos que moram na cidade. “(con)torno” é um esforço de mostrar possíveis cenas contidas no entorno da cidade, onde o protagonismo não é de quem trabalha na e pela cidade, mas do próprio espaço urbano, do contraste entre o horizonte e os primeiros planos da cidade.

Lucas escolheu trabalhar com a Trio Studio, gráfica carioca que já trabalhou com selos de literatura independente, como a Pipoca Press. Escolher o formato da “zine” é uma opção um tanto ousada. O formato é pouco popular não só no Rio como no Brasil, a fotografia conceitual é pouco presente nos espaços populares, sem que esteja exposta em centros culturais e museus ou seja vendida em livros de figuras já conceituadas e carimbadas no mercado. O esforço de mostrar uma alternativa na forma de divulgar a fotografia conceitual é também um esforço não só de diálogo como também de convite, de um fotógrafo para muitos fotógrafos, para que a fotografia não seja apenas atividade comercial e prestação de serviços, mas que o olhar conceitual seja um lugar-comum na fotografia, não só para quem detém fama no mercado.