Trio pelotense explora diversos caminhos sonoros em disco que aflorou na estrada.
“Na cidade de Pelotas toda gente te adora, como faz para ver você”. Esse verso encerra a música Bê, faixa 9 do novo álbum da Musa Híbrida. É, possivelmente, a mais pop/baladinha/fofinha do disco. Foi composta por Alércio para sua afilhada no distante 2012. De lá pra cá, o trio formado por Camila Cuqui, Alércio Pereira e Vini Albernaz já lançou dois álbuns, um EP, um single e realizou vários shows e turnês pelo Brasil. A Musa, que chega com um novo trabalho, já não é mais adorada apenas na cidade de Pelotas.
Lançado oficialmente no dia 24 de agosto (em primeira mão em um blog do jornal Estadão), o disco foi contemplado pelo edital Natura Musical. A distribuição é feita pelos selos Escápula Records, PWR Records e Selo 180 (responsável pela produção e distribuição do vinil). Além de estar disponível em todas plataformas de streaming, o álbum ganhou uma versão visual e aqueles que consomem música pelo YouTube podem “brincar com a possibilidade de uma capa em movimento”.
O título do novo trabalho, Piscinas Vazias Iluminadas em Pé (PVIP), surgiu de forma despretensiosa, na estrada, em meio a uma turnê. Quando a banda passou por uma dessas lojas de beira de rodovia que deixam piscinas expostas para venda. Uma exposição de Piscinas Vazias Iluminadas em Pé. Também durante a tour começaram a surgir as primeiras músicas que fariam parte do disco, tanto que algumas pré-gravações foram realizadas em Vitória-ES e Recife-PE.
Comparando aos trabalhos anteriores, o som de PVIP assume uma postura mais experimental, mas também mais madura. Em um total de 13 faixas, a Musa explora diversos universos sonoros intercalando melodias doces e elementos eletrônicos. Até uma canção “velha” – Pirata já havia sido gravada pela Canastra Suja, banda que Vini e Alércio integraram – surge de uma forma reconfigurada, abrindo o álbum. O trabalho conta com a participação especial de LaBaq e Maurício Pereira em Indiemainstream, a faixa mais paulistana do disco. Já a faixa mais sapatão, Como É Bom Ser Lésbica, conta com o apoio de um time de artistas: Aíla, Bel, Camila Garófalo, Juliana Perdigão, Laura Bastos, Obinrin Trio, Juliana Strassacapa e Angélica Freitas, que encerra a música lendo um poema.
São pouco menos de 40 minutos de uma viagem sonora, com luzes, com cores e surrealismo, que o ouvinte pode (e deve) imergir.
Voltando um pouco no tempo
Em maio de 2013, a Musa Híbrida estampava a capa da edição de número #13 do e-cult (confira aqui). Na época, o trio havia lançado seu primeiro álbum há poucos meses e fazia seus primeiros shows fora do estado. O que deveria ter sido uma turnê, com várias datas, acabou reduzindo-se a três shows. Efeitos do então recente incêndio na boate Kiss.
Em 2014, a Musa deu um passo adiante com o lançamento do segundo trabalho, o disco “Verde Fosco Roxo Cinza”. Em 2016, veio o EP “Respirei o Poema Cuspi”. E agora, já contando com visibilidade e prestígio no cenário indie brasileiro, chega o PVIP. Com mais de meia década de carreira e há quatro anos de seu último álbum, Alércio comenta sobre a evolução e aprendizado do trio: “A gente queria várias coisas. Algumas a gente conseguiu, outras a gente conseguiu e mudou de ideia, outras a gente não conseguiu e teve que inventar outras ideias”.
Sobre a sonoridade especificamente, Alércio
Pé na estrada
A turnê de divulgação do Piscinas Vazias Iluminadas em Pé começa nesta sexta-feira, dia 14/09, em Belo Horizonte, no Teatro Espanca. Ao longo deste mês, o trio seguirá cumprindo a agenda de shows pelo Sudeste e Centro-Oeste do país. No dia 05 de outubro será a vez de Pelotas conferir as novas músicas no formato ao vivo, no espaço M-qd.
Agenda completa em: facebook.com/musahbrd.
Jornalista, estudante de História, obcecado por música. Conhece menos atalhos em seu computador que a sua gata.
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