Escritora Eliane Marques lança o livro de poemas o poço das marianas


Poeta Eliane Marques - Foto: Sabrina Gabana

Por entre ostras que contornam poemas, Eliane Marques apresenta o seu novo livro intitulado o poço das marianas, editado pela Escola de Poesia.

Produzido por uma equipe predominantemente formada por mulheres negras, entre elas a designer Aline Gonçalves, o objeto-livro se apresenta em edição bilíngue (português e espanhol) e vem acompanhado por um caderno de críticas assinado por alguns dos grandes nomes da poesia nacional.

De acordo com a autora, o novo livro não aponta caminhos únicos e limitadores ao leitor/leitora, mas, ao contrário, abre a possibilidade para que se mergulhe de modo próprio em cada página. “As marianas são muitas. Se fundem em várias. Elas não me permitem dizer quem elas são. Cada leitor/leitora irá descobri-las no livro. Não tenho nenhuma autoridade sobre elas.”

O perigo de escritoras negras serem lidas sob um único ponto de vista é totalmente rompido pelo novo livro de Eliane Marques. O artista-pesquisador intermídia Ricardo Aleixo, que assina um dos textos críticos do caderno, destaca que a autora oferta “um conjunto de poemas que se recusam, linha depois de linha, a atender a qualquer possível expectativa, da parte de quem a lê, quanto a um conteúdo que satisfaça a vontade de mais do mesmo.” Para o crítico-poeta Ronald Augusto, que também escreve no caderno, “Eliane Marques é uma poeta que não teme a experiência de traição à fidelidade ao real, nem cede à comiseração com o leitor e, ainda, não confina com o oportunismo subjacente à exigência de comunicabilidade que, após a execração das vanguardas, serve de modelo expressivo a muito escritor preocupado em não perturbar seus seguidores”. Sem poetas que têm em vista menos o sucesso comunicativo do que o êxito estético-inventivo do poema, como Eliane Marques, a poesia seria um mero entretenimento de e para pessoas pretensamente sensíveis, pondera Ronald Augusto.

Clique aqui e torne-se um apoiador e-cult

Caderno de críticas
No campo da crítica, a autoria negra nem sempre recebeu a devida valorização e reconhecimento. “Onde está a crítica qualificada para falar desses textos? Se antes havia apenas literatura e crítica brancas, agora há autoria negra, mas a crítica ainda é branca, ou seja, acostumada a um tipo de poema acomodado sobre o mundo. As poetas negras estão fazendo uma revolução ao estetizar o corpo racializado como criação poética”, enfatiza Eliane. Pensando nisso, o poço das marianas vem com a inovação do Caderno de críticas, em que nomes importantes da poesia, da pesquisa e da crítica (Ricardo Aleixo, Ronald Augusto, Prisca Agustoni e Adriano Migliavacca) oferecem uma leitura interessada e qualificada sobre o livro.

Bilinguismo e transcriação
A versão inicial para o espanhol foi feita pelas tradutoras Ellen Santos e Mariangela Andrade, do Brasil, e por Katherine Castrillo, da Venezuela. A poeta argentina Marcela Villavella responde pelo texto final nessa língua, transcriado em parceria com Eliane Marques em encontros virtuais.

Esse poço é onde respiro
Eliane imprime seu lado poeta em cada pedaço, palavra, ostra, cheiro, caminho e descaminho de o poço das marianas. Ela argumenta que as marianas são como um corpo social homogêneo ao mesmo tempo plural: “Esse poço é o lugar onde eu respiro numa sociedade em que muitas pessoas estão morrendo por falta de ar.”

Sobre a autora
Eliane Marques é poeta, psicanalista, editora, tradutora e colunista do jornal Zero Hora. Natural de Sant’Ana do Livramento/RS, fronteira entre Brasil e Uruguai, atualmente reside em Porto Alegre onde atua como coordenadora da Escola de Poesia. É idealizadora do selo editorial Orisun Oro e coordenadora-fundadora do Clubamefricano de Tradutoras. Publicou Relicário (Grupo Cero, 2009), e se alguém o pano (Escola de Poesia, Prêmio Açorianos na categoria Poema, 2016) e as traduções Pregão de Marimorena, da poeta afro-uruguaia Virgnia Brindis de Salas (Figura de Linguagem, 2021) e O trágico em Psicanálise, da psicanalista argentina Marcela Villavella (Psicolibro, 2012).

Lançamento
O lançamento oficial está marcado para o dia 24 de julho, às 15h, na Fundação Haroldo de Campos (Casa das Rosas), em São Paulo, em transmissão pelo youtube.

A editora Escola de Poesia e o selo Orisun Oro também promoverão eventos de pré-lançamento nos seus perfis do Instagram (@poesiaescolade e @orisun.oro). A autora também fará uma participação especial na live Sopaporiki, no dia 17 de julho, às 19h, com transmissão pelo facebook da Escola de Poesia.

Vendas
Os livros podem ser adquiridos diretamente na loja virtual do selo Orisun Oro, no endereço orisun-oro.lojaintegrada.com.br. e na livraria Taverna, em Porto Alegre/RS. Também pretende-se lançar a versão e-book em breve.

Clique aqui e torne-se um apoiador e-cult

Texto: Ediane Oliveira (Escola de Poesia)

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*