Opinião – O Espetáculo Arte Fora do Sete é pura inspiração – por Dan Barbier


Foto: Annie Fernandes-Amasete

O musical pós-dramático realiza sua última apresentação em Pelotas nesse dia 13 de setembro, às 20h, no anfiteatro do IF-SUL. A Entrada é gratuita.

Aos poucos as pessoas foram chegando e não demorou muito para o auditório ficar lotado. Sob à parca luz, revisavam o programa entregue na entrada e cochichavam uns com os outros. Atrás das coxias, o elenco de 20 artistas se preparava para entregar para o público uma obra de arte.

Foto: Annie Fernandes-Amasete

O espetáculo teve início às 20h10 e, durante uma hora e quinze minutos, o anfiteatro do IF-Sul viveu uma fusão de história, arte, crítica e lembrança: Pelotas precisa da arte, assim como a arte precisa de inspiração. Assim foi o Arte Fora do Sete, que estreou dia 06 e faz sua última apresentação em Pelotas nesta sexta-feira, 13 de dezembro.

O espetáculo não surge do acaso. Sua gestação começou em 2012, quando um grupo de pessoas se reuniram para discutir e pensar em estratégias para mobilizar artistas, ativistas culturais, produtores e público em torno do restauro do Theatro Sete de Abril, que havia completado dois anos de portas fechadas à época.

Assim, 14 pessoas fundaram, em 16 de agosto de 2012, a Associação Amigos do Theatro Sete de Abril, a Amasete. Como primeiro ato de fôlego, em seu lançamento oficial, em dezembro de 2012, a promoção da mostra musical de flauta, com Raúl D’Ávila, e de dança, com o Centro Contemporâneo Berê Fuhro Souto, e o espetáculo teatral Entremez da rainha Dona Maria I, a Louca e seu fiel criado Belizário, de Válter Sobreiro Jr.

Foto: Annie Fernandes-Amasete

Estava gravado desde aquele momento na gênese da Amasete a produção artística como uma das suas principais formas de expressão. Não demorou para que o calendário cultural da cidade fosse ocupado com diversos de seus eventos artísticos. As datas 07 de abril e 02 de dezembro – aniversário do Theatro – e o projeto Dia do Patrimônio, por exemplo, possuíam programação especial.

Mas ainda faltava um projeto que fosse a marca da Amasete. O que veio a surgir anos mais tarde, depois de muita maturação. Por meio das atividades musicais, de dança e teatro, do cortejo cultural, entre outras expressões artísticas, Berê Fuhro Souto teve a inspiração de criar, em dezembro de 2015, o projeto Aplauso Fora do Sete.

Com realização no aniversário de 182 anos do Theatro Sete de Abril, o Aplauso Fora do Sete recebeu a adesão de centenas de pessoas, que compareceram nas diversas edições que a Amasete foi realizando ao longo dos anos. Diversos também foram os parceiros que abraçaram o projeto. Em especial, a Você Sabe Quem Cia de Teatro, um dos grupos de teatro mais atuantes de Pelotas.

Em 2018, reunidas as condições, a Amasete decidiu qualificar e ampliar o Aplauso Fora do Sete transformando-o num projeto audacioso, o Arte Fora do Sete.

Foto: Annie Fernandes-Amasete

Com financiamento do Procultura-RS, o Arte Fora do Sete tinha como proposta a realização de uma poderosa fusão nos palcos. Afinal, muitos são os sentimentos que pairam em relação ao Sete de Abril. Com o Theatro fechado há quase 10 anos e sem qualquer perspectiva de retorno, mesmo com as obras tendo sido iniciadas em setembro deste ano, diante de um governo despreparado para as questões culturais de Pelotas, não passou a ser difícil encontrar pessoas abatidas, desiludidas, frustradas, com pouca fé e esperança em relação à arte e à cultura pela cidade. O Arte Fora do Sete precisava dar uma resposta para essas pessoas.

Precisava também realizar um diálogo entre gerações. Uma vez que já existem gerações que jamais adentraram nos palcos do Theatro Sete de Abril e permanecem ansiosas por isso. Além provocar positivamente o poder público, cobrando sua responsabilidade com os espaços culturais da cidade e a promoção de políticas públicas efetivas para a área.

Foto: Annie Fernandes-Amasete

Assim nasceu o Arte Fora do Sete. Não foi um empreendimento fácil. Quase dois anos de trabalho, entre criação e execução do projeto. Contudo, o resultado valeu a pena e merece ser visto. Mais de 150 pessoas envolvidas entre as oficinas oferecidas na Fábrica Cultural, seleção de elenco no Clube Diamantinos e ensaios e apresentação no IF-Sul.

O Arte Fora do Sete foi ao longo do ano ocupando espaços e inspirando pessoas por toda Pelotas. E vai além: rompe fronteiras locais e leva essa inspiração para os palcos de Jaguarão e Porto Alegre, com apresentações em 19 de dezembro e 03 de março. Com formato de musical pós-dramático, com 20 atores em cena, o espetáculo Arte Fora do Sete merece ser visto e discutido. E você tem essa possibilidade nessa sexta-feira. Não perca.

Por: Dan Barbier
Historiador

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