Teatro para ler e rir – Joice Lima reedita texto dramatúrgico “Depois do Happy Ending”


O que haveria acontecido com as tradicionais princesas dos contos de fadas anos após o “final feliz” de suas histórias? Esse é o mote da comédia teatral adulta “Depois do Happy Ending”, de autoria de Joice Lima.

Foto: Lidiane Gomez

Em edição atualizada, a peça mostra princesas que, apesar de tentar manter as aparências da “vida perfeita”, acabam por revelar-se como pessoas comuns, que enfrentam rotinas do cotidiano, o estresse dos tempos atuais e sofrem as consequências do que ocorria em suas histórias originais.

Cinderela, por exemplo, que era explorada como faxineira pela madrasta e as irmãs, acabou por desenvolver um TOC (transtorno obsessivo compulsivo) por limpeza e, após tanto fuzuê em torno do sapatinho de cristal, ficou com uma tara por sapatos. Depois de dormir por cem anos, Bela Adormecida sofre de insônia e de uma terrível dor na coluna. Acostumados com Branca de Neve sempre cozinhando e arrumando a casa para eles, os Sete Anões se mudaram para o castelo dela e continuam esperando que Branca faça tudo para eles.

Única bem resolvida do quarteto, Chapeuzinho Vermelho se tornou investigadora e caçadora de pedófilos – no que depender dela, “o Lobo Mau foi o último safado filho-duma-mãe a comer criancinhas”. Uma revelação bombástica de Chapeuzinho acaba por desencadear uma série de surpresas que dão uma reviravolta total à história, que aborda temas como o consumo desenfreado, o escravismo aos padrões de beleza, a preocupação com a opinião alheia, bulimia, alcoolismo, exploração, entre outros.

Foto: Laureano Bittencourt

A versão atualizada tem revisão pela nova ortografia e novas diagramação e capa, criada por Mariana Valente a partir de uma ilustração de Maurício Vilar. “Pensei em colocar uma princesa escabelada, com a coroa quebrada, e o Maurício concretizou a ideia nesse desenho incrível. Depois a Mari teve o insight, genial, de usar roxo e preto no design da capa, o que remete às bruxas presentes nas histórias. Fiquei muito feliz com o resultado”, conta a autora. Joice revela que o texto teve poucas alterações, “apenas as necessárias”. “Hoje precisamos ser mais responsáveis com o que escrevemos, felizmente algumas ‘piadas’, politicamente incorretas, não têm mais lugar”, avalia.

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O livro pode ser adquirido diretamente com a autora a R$ 15 o exemplar, pela página joicelimaescritora, no Facebook, ou pelo Whats 53.99987.5970.

Sinopse
Muitos anos após o “final feliz” de suas respectivas histórias, Cinderela recebe, na glamourosa sala de estar de seu castelo, as amigas Branca de Neve e Bela Adormecida, para um chá da tarde. É a chegada da quarta personagem, uma Chapeuzinho Vermelho contemporânea – que contrasta drasticamente com as clássicas princesas dos tradicionais contos de fadas – que dará uma sacudida na vida das amigas, trazendo à tona a realidade vivida por elas, nem tão perfeita quanto fazem parecer, obrigando-as a assumir seus problemas e a buscar soluções.

Foto: Laureano Bittencourt

A encenação
A comédia estrou em outubro de 2007, pela Cia Pelotense de Repertório Teatral, sob direção de Flávio Dornelles. Em dois anos foram realizadas 18 apresentações em Pelotas, Rio Grande e Jaguarão. A peça participou do projeto Cena Literária e dos 2° e 3° Encontros de Teatro de Pelotas, promovidos pela Secretaria de Cultura/Prefeitura Municipal de Pelotas. Em 2009 foi destaque no 1° Cenadoce da Feira Nacional do Doce (Fenadoce), sendo selecionada para reapresentação no Theatro Sete de Abril, durante a Semana de Aniversário de Pelotas.
Elenco da montagem: Márcia Monks – Cinderela; Raquel Franz – Branca de Neve; Joice Lima (autora) – Bela Adormecida; três atrizes interpretaram Chapeuzinho Vermelho: Dany Mendiondo, Lívia Soares e Maureen Nogueira. Além de dirigir, Flávio Dornelles interpretou a personagem Charlotte, serviçal de Cinderela (sem falas).

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