Vitor Ramil e a Milonga da Miragem


Os fãs que não resistem a pedir Ramilonga nos shows, em quaisquer shows que ele faz, podem comemorar: Vitor Ramil está de volta ao gênero que elegeu como referencial em sua busca por uma “estética do frio”. Depois de mirar o Norte e estabelecer parceria com o percussionista carioca Marcos Suzano em Satolep Sambatown, o músico pelotense agora se une ao violonista argentino Carlos Moscardini, profundo conhecedor da música de raiz do outro lado do Prata, para lançar um disco inteiramente dedicado à milonga.

délibáb, que será lançado em Porto Alegre no sábado (27), no Teatro do Bourbon Country (informações sobre ingressos no Guia hagah), tem 12 músicas. Seis foram criadas a partir de poemas que o gênio portenho Jorge Luis Borges (1899 – 1986) publicou em Para las Seis Cuerdas. Outras seis, a partir dos versos que o poeta popular gaúcho João da Cunha Vargas (1900 – 1980) registrou em fitas cassete e que estão em seu único livro, Deixando o Pago. Todas são inéditas, embora duas tenham sido gravadas noutras versões, ambas diferentes das atuais: a borgeana Milonga de Manuel Flores (no LP A Paixão de V, de 1984) e, justamente, a vargueana Deixando o Pago (no próprio Ramilonga, de 1997). O diálogo entre os autores é rico e tem pontos altos em ambos os lados, mas chama especial atenção a participação de Caetano Veloso em Milonga de los Morenos, de Borges.

Veja mais fotos no blog Retratos da Vida em ‘O Barão de Satolep’, por Nauro Júnior

“Délibáb” é um vocábulo húngaro que encarna o espírito da literatura do autor de O Aleph – tem origem numa cultura longínqua, diz Vitor, “com ares de palavra inventada” -, e faz referência a um fenômeno natural ocorrido por lá, uma miragem, através da planície, das paisagens ao Sul.

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Texto: Daniel Feix (ZH)
Fotos: Nauro Júnior (ZH)