No aquecimento para o show de aniversário, o e-cult apresenta as atrações em profundidade. Prestes a lançar o quarto disco, a Bidê ou Balde recebe uma breve análise dos três primeiros lançamentos. Com o apoio da própria banda, a discografia está disponível no Youtube, e depois do texto você pode ouvir cada disco na íntegra.
A Bidê ou Balde apareceu nos últimos suspiros de viabilidade do rock no cenário pop nacional, em um mercado fonográfico prestes a se desconfigurar pra sempre. Como indício de que aquele barco estava pra afundar, alguns meses depois de irem morar todos na mesma casa em São Paulo, eles decidiram romper com o empresário e voltar a Porto Alegre para gravar o sucessor de Se Sexo é o que Importa só o Rock é Sobre Amor! (1999). Pouco mais de um ano depois, a Abril Music, que distribuía a Bidê e outras bandas gaúchas fora do estado, veio a falecer. Tanto quanto traumática, a experiência paulista foi definitiva para eles.
Na apelidada Mansão do Rock foi formada boa parte de Outubro ou Nada! (2002), em um processo coletivo de criação que deu a unidade à banda – com um pequeno detalhe. As inevitáveis desavenças do convívio constante levaram à saída do guitarrista Rafael Rossato, até então o principal compositor. Antes da gravação do disco foi feito um concurso, do qual saiu Rodrigo Pilla, para ocupar o espaço deixado nas (outras) seis cordas.
Se a composição fluiu de forma diferente em Outubro ou Nada!, o resultado acabou por ser uma evolução natural da Bidê ou Balde de Se Sexo…. No som, continuam lá o barulho das guitarras, por Pilla e Leandro Sá, os teclados de uma mão só (a outra sempre reservada para cerveja e cigarro) de Katia e, dando sentido a tudo, os chicletes melódicos de Carlinhos e das meninas. Mas o trabalho gasto na construção das canções é visível e leva a banda em novas direções, sem abandonar o pop ensolarado. Somado à produção de Thomas Dreher, também se concretiza em momentos de experimentação pura, como vinhetas instrumentais e arranjos orquestrados.
O discurso dá um salto. Em vez do puro amor e humor, já na largada a Bidê expressa seu descontentamento com as altas panelas da música (“É duro enriquecer no ramo dos cupins / Ser o arqui-inimigo dos marceneiros / Que forjam gente a talho – é só cara de pau”), em Hollywood #52. Na sequência, três hits: Cores Bonitas introduz o elemento infantil, enquanto Microondas e Bromélias seguem a tradição de romance não-brega da banda. Outro destaque, Matelassê apareceu antes na (e foi feita para a) falecida Revista Atlântida e fala de moda pra falar de óculos. O Antipático, cantada com nojo, e Soninho, orquestrada com fofura, são atestados da capacidade de adaptação da banda à mensagem.
Esquecendo o replay de Cores Bonitas, o disco termina com uma jóia perdida. Não Adianta Chorar volta ao tema infância para evocar o conselho do “velho do bar” do colégio, com refrão e solo de sax catárticos. É um quase-manifesto, de quem fez escolhas difíceis, mas sinceras, sem medo de tropeçar. E cometeu um clássico. No acidentado caminho, a Bidê viria a perder Katia antes de começar o próximo CD. Mas entre as viagens psicodélicas de Dulci, já cantava Carlinhos Carneiro: “sem proteínas e uns bons hematomas, nenhum ser humano consegue viver”.
Texto: Roberto Soares Neves
Leia também: Bidê ou Balde – Discografia 1ª parte
Leia também: Bidê ou Balde – Discografia 3ª parte
http://www.youtube.com/watch?v=fs84Gcucm6U
3 Anos de e-cult
Promoção Rádio Atlântida
05 de outubro | sexta-feira
Atenção! Censura: 18 anos
Local: Luna Experience
(XV de Novembro, 522)
Bidê ou Balde + Banda DaRosa
Dupla JukeBox + FADE Art
Ingressos exclusivos na Hercilio da Galeria Malcon
2º Lote: R$25,00 | Área VIP: R$50,00
Informações: 53 8115-6720 | Curta o evento no Facebook.
Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.