Cauã Kubaski e seu mergulho na Terceira Margem do Rio


Foto Divulgação

O ator pelotense estréia espetáculo que recria um dos contos do livro Primeiras Estórias, de João Guimarães Rosa, uma das obras mais importantes do modernismo brasileiro.

Você já pensou em largar tudo, lançar-se numa viagem sem paradeiro e sem destino, onde o rio e suas águas de libertação poderiam levar a uma jornada de caminhos incertos, sobretudo, àqueles que resgatam o sentido da própria existência? Um dos maiores escritores brasileiros, Guimarães Rosa (1908-1967), pensou.

O eterno poeta do sertão imprime mais uma vez o seu caráter universal ao escrever um conto que poderia ser tema de qualquer história capturada pelas lentes criativas do cinema. Muito antes de Tom Hanks em “Náufrago” ou de qualquer outro filme cuja temática gire em torno de um navegador, A Terceira Margem do Rio já era sucesso e, agora, será recontada no melhor formato 3D de ontem e de hoje, o teatro.

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Cauã Kubaski, que estudou Artes Cênicas na Universidade Federal de Santa Maria, passou pelo Teatro Escola de Pelotas e, atualmente, integra o Grupo de Teatro Mãos em Mudra, possui vários espetáculos em seu curriculo e um novo desafio. É o ator que dá vida ao filho de um homem que escolhe morar em meio ao rio, abandonando todo tipo de contato com o mundo, com a família e com a sociedade. Muitos anos passados e a esperança de reencontrá-lo é mantida apenas através do empenho incansável deste filho, depois que os outros dois filhos e a esposa do remador desistem de esperar por sua volta.

A Terceira Margem do Rio trata de um mundo místico e imaginário, cuja fantasia envolve o ambiente e seduz o espectador. Por outro lado, fala justamente do mundo real e das contradições da vida cotidiana. “Guimarães Rosa apresenta neste conto um mundo irreal e simbólico no qual a personagem se questiona profunda e constantemente sobre o sentido das coisas, porém de uma forma bastante curiosa, rompendo qualquer tipo de ligação com o mundo”, observa o ator.

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A admiração pela obra de Guimarães Rosa foi um incentivo para o artista se aventurar a viver um de seus personagens nos palcos. “Ele inovou na forma de olhar o ser humano e entendê-lo dentro do seu contexto, no qual personagens simples e excluídos ganham vida; e os humildes são ouvidos.” Relatos de um mundo simbólico através de diálogos que exprimem sentimentos da vida cotidiana, o discurso literário que suscita diferentes possibilidades para a mesma história, além da poesia, repleta de ficção e realidade, foram alguns dos motivos que levaram à adaptação teatral de um dos contos mais conhecidos do escritor.

“Me coloco no lugar e fico imaginando como seria se por acaso algum dia meu pai fosse embora e nunca mais voltasse”.

Após um ano e meio de ensaios e aprimoramentos, Cauã diz que este novo trabalho lhe exigiu muita técnica, pois, numa mesma cena, ele transita por diferentes fases da vida do personagem, desde a infância e a idade adulta até a velhice. “O desafio foi grande por viver um personagem distante da minha realidade, como esse, no sertão, e buscar entender o que ele, em cada fase, entendia e sentia com relaçao a ida do pai…Me coloco no lugar e fico imaginando como seria se por acaso algum dia meu pai fosse embora e nunca mais voltasse”, comenta.

Com direção de Monalisa Lins, do Teatroemcompanhia, o espetáculo cujo processo de construção iniciou em São Paulo, estréia nesta segunda feira (17) às 18h30min, na Fabrica Cultural, em Pelotas. A entrada é franca.

A Terceira Margem do Rio
Ficha Técnica
Direção: Monalisa Lins
​Atuação: Cauã Kubaski
Assistência de Direção: Carolina Kubaski
​Sonoplastia concepção: Darwin Pillar Corrêa
​Sonoplastia e execução: Maicon de Menezes e Matt Thofehrn
​Iluminação: Carolina Kubaski
​Duração: 50 min

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