Recital de Piano no Conservatório de Música


O Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas apresenta o recital de meio de curso do pianista Nilton Vargas Rodrigues nesta quinta-feira (12/4) às 19h30min, sob orientação do Prof. Ms. Germano Gastal Mayer. O recital – requisito obrigatório para a obtenção do grau de Bacharel em Música (linha de formação: Piano) – contará com obras de vários compositores, dentre os quais César Guerra Peixe, J. S. Bach, J. Haydn, C. Debussy, F. Liszt, Dmitri Shostakovich e F. Chopin. Ocorrerá no Auditorium Milton de Lemos do Conservatório de Música da UFPel (R. Félix da Cunha, 651), com entrada franca.

HISTÓRICO
Nilton Vargas Rodrigues nasceu em Pelotas em 1993. Mudou-se para Bagé em 2001, ano em que começou a estudar música, a princípio, com seu pai Nilton Vergara Rodrigues e depois, como aluno do curso de musicalização do Instituto Municipal de Belas Artes de Bagé (IMBA). No ano seguinte, ingressou no curso de teoria musical e no curso de piano da mesma instituição, sob tutela da Profª. Áurea de Lima Rodrigues. Em 2005 teve aulas de Harmonia e Improvisação com o Prof. Daniel Madeira e passou a participar da fanfarra do Colégio Estadual Prof. Waldemar Amorety Machado, como escaletista, grupo com o qual venceu o Concurso Estadual de Bandas e Fanfarras (organizado pela Federação de Bandas do Rio Grande do Sul – FEBARGS) nos anos de 2005, 2006 e 2007. No ano de 2006, foi convidado a fazer parte do Quinteto de Sax do IMBA, como tecladista. Já em 2007, Vargas concluiu o curso de Teoria Musical e Solfejo e em 2008, realizou trabalho voluntário com o coral da Escola Municipal de Ensino Fundamental Prof. João Thiago do Patrocínio. Em 2008 e 2009, participou do quadro funcional do IMBA como professor substituto de piano, além de compor o quadro de membros da Banda Musical IMBA, como clarinetista. Sob orientação da Profª. Áurea de Lima Rodrigues realizou seu primeiro recital solo de piano no ano de 2009, em Bagé e ingressou no curso de Bacharelado em Música – linha de formação: Piano da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) em 2010. No mesmo ano, já sob orientação do Prof. Ms. Germano Gastal Mayer, realizou seu segundo recital também na cidade de Bagé. No segundo semestre de 2011, apresentou mais um recital em Bagé, na ocasião, uma prévia de seu recital de meio de curso.

Nilton participou de master classes e workshops com diversos professores e instrumentistas, dentre os quais a Profª. Drª. Vera Vianna (Universidade Federal de Santa Maria – UFSM) ecom  o pianista Miguel Proença. Durante o 1°. Festival Internacional Música no Pampa (FIMP), participou de aulas com Prof. Dr. Ney Fialkow (Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS) e o exímio pianista Guigla Katsarava, nativo da ex-União Soviética e radicado na França. No mesmo ano, participou ainda de master classes com o músico multi-instrumentista e compositor Hermeto Pascoal, com a Prof. Drª. Catarina Domenici e com a Profª. Drª. Lúcia Barrenechea. Já em novembro de 2010, durante a V Semana do Piano da UFPel, Nilton participou de aulas e palestras com a premiada pianista Olinda Allessandrini, com o pianista e musicólogo Max Uriarte, com a Profª. Ms. Sônia Cava (UFPel), com a já citada Profª. Drª. Vera Vianna e com a ilustre pianista russa Olga Kiun. Participou do I Festival Internacional SESC de Música, em Pelotas, cursando aulas de jazz com o pianista norte-americano Cliff Korman e integrando o conjunto de alunos de jazz do festival. Atualmente, Nilton está cursando o quinto semestre do curso de Bacharelado em Música – linha de formação: Piano pela UFPel, sob a tutela direta do Prof. Ms. Germano Gastal Mayer e indireta do Prof. Dr. Marcelo Macedo Cazarré e das professoras Drª. Lucia Cervini e Drª. Joana de Holanda, além de atuar como correpetidor do Coral da UFPel.

NOTAS DE PROGRAMA

BACH, J. S. – Sinfonia n°. 2  em Dó menor (BWV 788)
Esta sinfonia é parte de um ciclo de quinze peças curtas compostas por Johann Sebastian Bach (Alemanha 1685 – 1750), originalmente para cravo. Tais peças, escritas em contraponto a três vozes, serviam como exercícios para os alunos de Bach, evidenciando o seu caráter improvisativo e contrapontístico, estimulando seus pupilos a apreenderem o estilo de tocar e compor da época.

HAYDN, F. J. – Sonata em Mi Maior: Moderato, Allegretto e Finale (Hoboken XVI:31)
As sonatas caracterizam uma gênero musical bastante recorrente no repertório para teclado dos períodos barroco e clássico (sec. XVII e XVIII). A partir do sec. XIX segui sendo cultivado, porém tendo por bases modelos pré-estabelecidos de forma e estrutura harmônica.Tais composições caracterizam-se por conterem um discurso dramático bem equilibrado. Na maioria das vezes subdividas em movimentos de caráter contrastante, poderiam ser bitemáticas ou monotemáticas. A Sonata aqui apresentada contém três movimentos e foi publicada em 1776. Franz Joseph Haydn (Áustria 1732 – 1809) foi um dos baluartes do classicismo vienense.

CHOPIN, F. F. – Polonaise Op. 40 n°. 2
Fryderyk Francsizek Chopin ou Frédéric François Chopin (1810 – 1849) foi um compositor polonês radicado na França que atuou no período extético musical reconhecido posteriormente como Romantismo, tendo composto um dos repertórios mais executados até hoje nas salas de concerto. A obra de Chopin caracteriza-se por ser dedicada quase totalmente ao piano, instrumento para o qual compôs inúmeras “peças de caráter”. Essas, são composições nas quais – diferentemente das sonatas, por exemplo – não há subdivisões em grandes movimentos. Dentre essas peças de caráter, Chopin escreveu muitas danças estilizadas, composições nas quais o autor se apropriava de um gênero musical advindo de sua nativa Polônia (Mazurka, Polonaise) e os estilizava de modo a adequar-se criativamente – e de modo genial – ao idioma pianístico. As polonaises de Chopin, ao lado de suas valsas e mazurkas, exemplificam a dedicação do compositor a esse tipo de repertório. A Polonaise Op. 40 n°. 2 (composta em 1838) faz par com a célebre “Polonaise Militar” Op. 40 n°. 1. O pianista Arthur Rubinstein certa vez disse que essas duas polonaises poderiam ser interpretadas como o retrato da nostalgia que Chopin sentia por sua terra natal. A primeira, retrataria a Polônia em sua glória, cheia de energia, viva e forte, enquanto a segunda, retrataria sua tragédia, a Polônia fracassada e invadida pelos russos.

LISZT, F. – “Paysage”  (Paisagem): Estudo Transcendental n°. 3
“Paisagem” é o terceiro de uma série de doze estudos chamados “Transcendentais” compostos por Franz Liszt (Hungria 1811 – 1886), contemporâneo de Chopin e, ao lado deste, um dos maiores nomes do romantismo do século XIX. Os Estudos Transcendentais de Liszt foram dedicados a Carl Czerny – um de seus professores ao longo da vida – tiveram três edições e a mais conhecida, gravada e executada foi publicada em 1852.

DEBUSSY, C. – Brouillards (Brumas) e Bruyères (Urzes): Prelúdios n°. 1 e 5 do Segundo Livro
Claude-Achille Debussy, (França 1862 – 1918) foi um dos grandes impulsionadores da Música Moderna, por vezes sendo referido como matriz do modernismo em música através de sua peça “Prelúdio à tarde de um fauno”. As composições de Debussy diferem bastante da predominante estética romântica do século XIX, seja no tratamento dado à harmonia, melodia ou ainda ao timbre. O Segundo Livro de Prelúdios contém doze obras compostas entre 1912 e 1913. “Brumas” (Brouillards) trabalha com a sobreposição de sons, não dando a impressão de uma imagem clara, mas de algo borrado ou desfocado, daí o seu nome. Já Urzes (Bruyères) é o nome comum dado a uma grande família de plantas nativas de algumas regiões da Europa, como Portugal, França e Alemanha. Em algumas culturas, é dito que a flor do urze (geralmente, em tons de rosa, vermelho ou branco) representa o amor. Bruyères é também o nome de uma comuna francesa.

SHOSTAKOVICH, D. D. – Prelúdios n°. 1, 2 e 3 Op. 34
Dmitri Dmitriyevich Shostakovich (Rússia 1906 – 1975) foi um dos compositores mais célebres da música de concerto do século XX. Teve uma relação dúbia com o governo de seu país, pois em um primeiro momento, foi patrocinado por Leon Trotsky em seu movimento nacionalista, entretanto mais tardiamente, Shostakovich teve de enfrentar o próprio governo que talhava sua liberdade de criação. Os Prelúdios Op. 34 (1932 – 1933) são uma série de vinte e quatro composições que passeiam sobre uma linguagem que mescla aspectos do romantismo tardio com elementos neoclássicos, pantonais e politonais.

GUERRA PEIXE, C. – Três Entretenimentos Op. 2
César Guerra Peixe (1914 – 1993) foi um compositor célebre fluminense, um dos brasileiros mais influentes a atuar na vanguarda do século XX. Guerra Peixe esteve alinhado, por vezes, ao movimento nacionalista e ao movimento modernista dodecafônico, que buscava inserir na música brasileira (tradicionalmente nacionalista desde o fim do século XIX) elementos de um novo método composicional que surgira no início do século XX, na Europa. Os Três Entretenimentos (1949) apresentam uma estética com vários elementos nacionalistas e Guerra Peixe os dedicou a pessoas importantes para ele, como segue respectivamente: N°. 1 – Ao prof. Henrique Mauricio; N°. 2 – À minha mãe D. Ana G. Peixe; N°. 3 – Ao meu irmão Antonio G. Peixe.