A estatuária pelotense é extraordinária. Quantos pelotenses, no dia a dia, lançam à cidade um olhar diferenciado, descobrindo nela maravilhas que resistem ao tempo? Perambulando pelo centro nesta sexta-feira ventosa, deixando-me levar pelo acaso, parei defronte a dois casarões imponentes, que se destacam meio a outros casarões centenários de Pelotas, fazendo dela uma urbe com imponente museu a céu aberto.
Livros de pedra. Assim caracterizo as construções, cuja escrita diferenciada deveria incitar a curiosidade de todos nós, as quais têm revelações acerca de nossa história e, também, da história representada em seus precisos entalhes. No alto dos casarões, tais imagens parecem levitar, levando o olhar interessado a romper com o tempo linear, levando-nos a mergulhar em outro espaço, mágico por excelência.
O sol do final de tarde jogava luz sobre as construções históricas. Páginas de um grande livro abertas à curiosidade dos não apressados. Apesar do ruído da cidade, fechando os olhos materiais e esgarçando os olhos da alma, seríamos capazes de ouvir os murmúrios de um tempo perdido meio a bruma. Duvidam? Experimentem.
Não se trata de saudosismo. Apenas a capacidade de admirar o belo, arrancando dele mistérios que, em verdade, são os mistérios de nossas origens. Entendê-los é entender a contemporaneidade. Devassá-los é descobrir nossas limitações e a nossa grandiosidade. Afinal, é disso que somos feitos, de limitação e grandeza.
Para finalizar, desafio o querido leitor a identificar o local onde se localizam essas peças, emblemas de uma época de ouro em Pelotas, marcada, igualmente, pela dor do trabalho escravo.
Texto e Fotos: Manoel Magalhães
Jornalista e escritor
Cultive Ler – Um olhar paralelo
Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.
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