Cia Pelotense de Repertório tem cardápio teatral


Foto: Laureano Bittemcourt

No seu quinto aniversário, o grupo se revela maduro, criativo e oferece peças de teatro, oficinas e animações por encomenda.

Companhia Pelotense de Repertório. Quem mora em Pelotas, costuma ler os jornais locais ou frequentar os eventos teatrais com certeza já ouviu falar diversas vezes, mas poucas são as pessoas que realmente conhecem o grupo, seus integrantes e trabalhos, e pouquíssimas as que sabem tudo o que a Cia tem a oferecer na atualidade. Com cinco anos de trajetória, o grupo conta com 14 trabalhos em arte dramática – já dispõe, efetivamente, de um repertório! -, entre peças, esquetes teatrais e performances, de 10min a 50min de duração, nos mais variados gêneros – dramas, sátiras, comédias, teatro do absurdo. Com cinco integrantes que estão prestes a se formar em Teatro Licenciatura pela UFPel e uma longa experiência no campo das artes cênicas, o grupo promete movimentar o setor teatral da cidade e começa a aceitar “encomendas pré-agendadas” para apresentações, para ministrar oficinas teatrais em escolas (voltadas a alunos ou professores) ou empresas, animar festas infantis ou realizar telegramas encenados, entre outros serviços. “Uma apresentação de teatro é um diferencial que com certeza torna inesquecível qualquer evento, seja na escola, na festa de aniversário ou na empresa. Nosso repertório é como um menu teatral, é só olhar, escolher e encomendar, com pelo menos duas semanas de antecedência, para todos os gostos e bolsos. Garantimos a diversão com entrega a domicílio”, brinca Laerte Pedroso.

Tudo começou em 2007, meio por acaso, despretensiosamente. A jornalista e atriz Joice Lima escreveu sua primeira peça teatral, a comédia satírica Depois do Happy Ending, e convidou o amigo e antigo companheiro de cena Flávio Dornelles para dirigir. Formaram um quinteto e, após meses de ensaio e algumas mudanças no elenco, estavam prestes a estrear o espetáculo quando perceberam que faltava uma coisa… Um nome. Nascia então a Cia Pelotense de Repertório, nome sugerido por Dornelles , que foi imediatamente aprovado por Joice, que sonhava em, um dia, realmente contar com um repertório teatral para oferecer.

“Sou grande admiradora do Grupo TAPA, de São Paulo, onde fiz uma oficina muito bacana em 1995. O TAPA sempre esteve com várias peças em cartaz, trabalhos belíssimos, muito bem feitos e densos, além de oferecer oficinas paralelamente. É um grupo sério, profissional, que para mim serviu como parâmetro. Desde aquela época eu sabia que queria, algum dia, ter um grupo assim. A hora chegou”, conta Joice, que já fez cursos teatrais e esteve em montagens em São Paulo, na Espanha e na Inglaterra.

Os textos, a maioria originais, de autoria de Joice ou adaptados por ela, tratam de relações humanas. “Hoje em dia as pessoas vão ao teatro para se divertir, esquecer os problemas e a correria da vida. Procuramos dar esta diversão a elas, mas, ao mesmo tempo, envolvê-las, tocá-las, fazer com que, de algum modo, questionem esta mesma vida, cheia de contradições, de fraquezas, mas também cheia de belezas, de humanidade… Diversão, sim – por que não? Mas diversão que leve a questionar. É o que buscamos e acho que estamos no caminho certo”, pondera Joice. As montagens, em geral, estão centralizadas no trabalho de ator, com poucos recursos cênicos, cenários e adereços, mas oferecendo música ao vivo sempre que possível. “Acordes de guitarra ou de violino podem fazer toda a diferença em uma cena teatral. Quando bem dosada e utilizada, a música intensifica a emoção e dá uma cor especial ao trabalho. É um privilégio, um luxo do qual não abrimos mão”, complementa Celio Soares Jr.

Foto: Laureano Bittemcourt

Atualmente a Cia conta com dez integrantes (veja box) – sendo que um deles é pai de uma das atrizes, que foi “incorporado” pelo grupo por estar sempre presente a acabar se envolvendo em todo o processo -, com idades que variam de 23 a 60 anos e cujas experiências, se somadas, dariam mais de um século de fazeres teatrais – além de vários atores e músicos, convidados, que fazem participações especiais. O que enriquece o grupo, acredita Val Fabres, é a variedade desta experiência. “Todos somos atores e atrizes, mas alguns de nós têm mais facilidade para ministrar oficinas, outros para animar festas, outros preferem a dramaturgia ou a direção. Cinco de nós estão se formando em Teatro pela UFPel e outros estão cursando ou querem cursar a faculdade. É um grupo coeso, que ama o que faz, trabalha duro, com seriedade, buscando a qualidade das montagens, a formação profissional e temos um respeito mútuo muito grande pelas nossas diferentes trajetórias e opiniões”, comenta Val.

“Talvez esta seja nossa principal qualidade, gostamos muito uns dos outros, somos amigos e queremos que os demais também tenham êxito. Adoramos nos encontrar para as reuniões-jantares, comer a comida deliciosa da Ana Alice, que é nossa chef oficial, trocar ideias, discutir projetos… Não existe rivalidade ou competição dentro do grupo e tudo é decidido no voto, apresentamos as propostas e o que a maioria decidir, está decidido, sem nenhum rancor. É por esta generosidade e companheirismo que acredito que o grupo tem tudo para permanecer no cenário teatral pelotense por muito tempo”, reflete Neusa Kuhn, a veterana da Cia, que é como uma super mama, muito querida por todos.

O grupo tem um blog atualizado – ciapelotensederepertorio.blogspot.com -, que lista cada um dos trabalhos disponíveis com sinopse, gênero, duração, equipe técnica e diversas fotos. “Nunca paramos de produzir novos trabalhos, mas nos últimos quatro anos, cinco de nós estávamos especialmente dedicados à faculdade. Era hora de investir no estudo. Agora, no entanto, é o momento de colocar nossas montagens na rua, seja em escolas, festas de aniversário, em empresas, em festivais. O nosso trabalho tem a nossa cara e nós queremos mostrar a nossa cara por aí, não só em Pelotas, mas também em outras cidades e estados”, antecipa Laerte Pedroso, revelando que é intenção da Cia participar de festivais de teatro e se candidatar a projetos para circulação de espetáculos.

Ao longo do ano, além de mostrar sua produção, a Cia quer continuar trabalhando em novas montagens. Há outras duas em processo. “Agora estamos trabalhando em um drama, Moeda de 4 caras, que discute valores e contradições do ser humano, questões da vida amorosa, como a infidelidade, o ciúme, conceitos de amor e amizade. Os temas podem ser muito antigos, mas a abordagem é diferente. É crua, ao mesmo tempo em que é sensível, dilacerante. Está ficando muito bacana”, adianta Paula Brandão, que integra o elenco da peça.

O outro trabalho, 4.5 A toda potência, é um stand up que deve reunir as cinco atrizes mais “maduras” da Cia. “Ainda estamos na fase de preparação do texto, com contribuição de todos. Será uma comédia sobre esta fase, às vezes confusa, da entrada na meia-idade, em que você se sente jovem, cheia de vida, mas seu corpo já não acompanha, te obriga a puxar o freio de mão, a reduzir a velocidade. Vamos lembrar muitos dos mais variados micos que as quarentonas e cinquentonas têm que encarar, mas também vamos lembrar das vantagens que esta maturidade traz. Esta etapa também tem um lado maravilhoso, que as anteriores não têm e isso também precisa ser lembrado. O processo já está sendo divertidíssimo e, com certeza, o trabalho vai animar os bares e casas noturnas da cidade”, comenta Ana Alice Müller, uma das diretoras da Cia. Márcia Monks, que integra este trabalho, também oferece diversas performances solo, divertidíssimas, inspiradas em personagens que se popularizaram na Internet, nas redes sociais. “Gosto muito do glamour, mas desço do salto se é para fazer as pessoas rirem! Não me importo com o ridículo, adoro divertir os outros!”, confessa a atriz, que atuou no show business em casas de espetáculos do Rio de Janeiro e São Paulo.

Outra área que está crescendo muito em Pelotas é a de animação de festas infantis. “Cada vez as empresas estão investindo mais em datas comemorativas, para presentear os filhos dos funcionários, mas também tem muita loja que contrata animadores para divulgar produtos de uma maneira inovadora e gente que quer animar a festa de aniversário do filho. O importante é ter uma gama de personagens a oferecer, para agradar a todos os gostos, e fazer bem o trabalho. Aí nunca faltam propostas ”, relata Franciele Neves, que tem trabalhado como animadora em diversos eventos ultimamente.

No ramos das oficinas teatrais, Ana Alice é uma das mais experientes. Começou participando de projetos de extensão da Faculdade, a experiência ganhou força com os três estágios obrigatórios e logo os convites não pararam. “Hoje oferecemos uma variedade de oficinas, seja para escolas, empresas, entidades, ONGs… Montamos a oficina de acordo com o objetivo do contratante, às vezes querem apenas uma oficina relaxante e divertida, como um presente de final de ano aos funcionários, outras nos pedem algo mais específico, que busque elevar a autoestima dos participantes. Também há oficinas específicas com exercícios de concentração, memória, autoconhecimento, autoexpressão corporal e verbal ou ainda focadas na integração de professores/funcionários. Primeiro conversamos com o contratante, para saber o que ele está procurando, e depois montamos a aula, que pode ter de 60min a 240min”, explica Ana Alice.

Uma das facetas teatrais ainda pouco exploradas na cidade – que já foi mania em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo – são os telegramas animados. A Cia Pelotense de Repertório decidiu chamá-los de Telegramas Encenados, porque vai ampliar o conceito. Aqui vale de tudo, desde a recitação do poema favorito do aniversariante (ou original, criado especialmente para ele); a apresentação de uma antiga coreografia; a entonação de uma canção; até coisas mais elaboradas como, por exemplo, a chegada de um personagem na festa. “Suponhamos que no meio da festa de aniversário chegue a ‘amante espanhola’ do aniversariante, contando segredos e detalhes de sua vida íntima, verdadeiros! O aniversariante fica constrangido, totalmente sem ação e nem imagina que sua própria esposa/namorada está por detrás da travessura. Também encenamos passagens especiais, que marcaram a vida de uma pessoa ou a cena do filme favorito. As intervenções podem ter de 5min a 25min, dependendo do gosto do cliente”, explica Val Fabres.

“Assim, se alguém quiser uma peça, longa ou curta, oficinas, animações, telegramas… Certamente a gente tem algo bem legal para oferecer. Queremos trabalhar muito este ano para conseguir um espaço próprio até o ano que vem e assim ter melhores condições para trabalhar com pesquisa e não estagnar nosso trabalho. Patrocinadores são bem-vindos, claro, e se alguém tiver um galpão desocupado e interesse em ser nosso apoiador oficial, pode entrar em contato que a gente está disposto a conversar”, finaliza Joice Lima.

Os integrantes da Cia:
Ana Alice Müller
Celio Soares Jr.
Franciele Neves
Joice Lima
Laerte Pedroso
Márcia Monks
Neusa Kuhn
Paula Brandão
Paulo Neves
Val Fabres

Contatos:
Blog: ciapelotensederepertorio.blogspot.com

O agendamento deve ser feito com, no mínimo, duas semanas de antecedência.
*Apresentações teatrais: 8451-7113 (Joice), 8104-0615 (Larte) e 8439-9368 (Celio)
*Oficinas teatrais (escolas/empresas/eventos/instituições): 8404-6052 (Ana Alice), 8439-9368 (Celio) e 9157-1576 (Val)
*Animações de festas infantis: 8409-3883 (Fran), 9175-8606 (Paula), 8414-7179 (Márcia), 9138-2645 (Neusa),
*Telegramas encenados: 9138-2645 (Neusa), 8404-6052 (Ana Alice), 9157-1576 (Val), 8451-7113 (Joice), 8409-3883 (Fran), 9175-8606 (Paula)

O repertório:

Comédias
A Ceia – 30min
A vida íntima de papai e mamãe (teatro do absurdo) – 10min
Depois do Happy Ending – 50min
Esperando o metrô – 25min
Gilda – 25min
Jogo da Velha – 15min
Márcia Monks solo (performances) – 40min
Preguiça Frenética – Monólogo. 15min

Dramas
Confidências… A história de uma húngara (monólogo) – 25min
CONStânCIa e hortÊNCIA – 25min
Lady Macbeth – 10 min
Perdoa-me por me traíres – 40min
Rasto Atrás – 18min
Uniforme (performance) – 10min