Poesia combina com liberdade. Talvez seja impossível separar uma da outra. Na noite quente do dia 9, o microfone estava aberto às declamações mais ousadas às mais tímidas. Papeis no bolso sendo desdobrados na hora ou versos entoados das mais diferentes vozes, intercalando com música e conversas nos cantos do bar sobre literatura. Livre. O cenário do Sarau Libertário é assim.
Como Ferreira Gullar sabiamente expressou em sua declaração que traz a necessidade da arte na vida humana, o cotidiano não basta sem a essência da simplicidade e de toda forma sensível e visceral que a poesia proporciona a humanidade. Partindo da necessidade de manifestações artísticas em uma cidade que é pólo cultural de arte, aconteceu mais uma edição do Sarau Libertário dentro das programações do I Festival de Inverno de Pelotas, com a produção do Teatro do Chapéu Azul e colaboradores. Tendo como espaço o aconchegante Café Monjolo na zona do Porto, a noite de quinta-feira reuniu autores da cidade e amantes da literatura, além de enxadristas da Confraria do Xadrez. A música ficou a cargo de Ana Júlia Martins e Inaê Dutra.
Para uma das organizadoras do evento e anfitriã da noite, Junelise Martino, a contribuição do sarau serve para fomentar a literatura e a leitura, à escrita e produção/publicação, além de ser um momento de expressão dos escritores, de compartilhamento e trocas, de se apresentar os poetas ao público: “Gosto de ouvir literatura, como gosto de ler em voz alta. E acredito que a escolha do espaço para esse tipo de evento é especial, há que se dar atenção à leitura, ao poeta e manter os ouvidos atentos”, disse a escritora que possui um livro de memória culinária.
Autores das mais diferentes influências, idades e vivências, característica interessante do evento literário que vem fortalecendo o movimento artístico em Pelotas. De acordo com Junelise, mineira e moradora de Pelotas, conhecer a grande produção poética de Pelotas não é uma surpresa: “Sinto que estou numa terra que propicia à escrita poética. Como as Minas Gerais, um mar de montanhas, repleta de escritores, solo fértil pra compositores e tão rica em canções”, declarou.
O evento foi considerado pela revista Aplauso – referência em jornalismo cultural no RS – como o mais eclético dos saraus do RS. Reunindo literatura, música e xadrez, abre espaço para manifestações não programadas, fazendo com que cada edição flua naturalmente.
Texto: Ediane Oliveira
RádioCom e Maria Bonita Comunicação
Fotos: Camila Hein
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