Tenho recebido alguns mails, telefonemas e comentários aqui no blog a respeito do meu posicionamento em relação a algumas questões da cidade, em especial o não fazer do show de Katya Teixeira e Mônica Albuquerque entre outros assuntos de ordem cultural, faz-se necessário alguns esclarecimentos.
Penso que nossa cidade está sim agonizando culturalmente, pois os fatos que acontecem negativamente como o fechamento do Sete de Abril em função da gripe suína em 2009 e agora com as reformas em 2010 nada mais são que chagas de uma ferida maior que é a falta de planejamento cultural que a cidade sofre. O fundo de cultura que tanto foi debatido e tratado de forma arrogante pela prefeitura e feito às escuras na contramão do debate público é um exemplo deste destrato, infelizmente a cultura serve de bandeira para eleger os mesmos que depois a relegam a segundo ou terceiro plano, isso em qualquer partido ou ideologia.
Caso as pessoas que trabalham com arte em Pelotas pudessem contar com o mínimo de planejamento cultural as reformas do Sete de Abril teriam sido vistas com antecedência através de projetos que contemplassem essas reformas, porém fechar abruptamente revela que não existe planejamento, pois era notório que o teatro carecia de reformas e se surpreendeu a população não surpreendeu a mim que trabalhei muito em 2009 por lá e via as dificuldades.
Em relação ao show de Katya e Mônica, elas estão vindo através do trabalho do Santana, figura lendária de Pedro Osório, um lavador de carros de um posto de gasolina na pacata cidade e que já viabilizou muitos acontecimentos históricos, Santana já foi citado em livros como a autobiografia do violonista Turibio Santos, diretor do Museu Villalobos, por mais chocante para uma aristocracia como a nossa, esse “marginal” a meu ver é figura histórica na história da cultura de nosso estado, pois estabeleceu entre outros feitos uma ponte entre a cultura dos violeiros e cantadores nordestinos com a cultura gaúcha através de muitas cantorias por lá com Elomar, Xangai, Dercio Marques, Pereira da Viola, Dani Lasálvia entre outros, mobilizando a comunidade de sua cidade a participar das cantorias, infelizmente pra nós aqui meros mortais o custo de um show se torna alto e quando se trata de cantorias com artistas “desconhecidos” inviabiliza, no caso da Casa Joquim, que iria nos ceder o espaço, estão com um impedimento em relação ao plano diretor da cidade e não podem fazer shows que ultrapassem o horário de silêncio, entendemos perfeitamente, mesmo não concordando com essa medida da prefeitura, lá a gente não teria custo de sonorização, ecad, etc… o que poderia viabilizar a cantoria.
Penso que precisamos de projetos de formação de platéia em nossa cidade que despertem as pessoas para outros interesses, fazendo a mea culpa digo que estou trabalhando em projetos nesse sentido, e minhas criticas a cidade vem de uma vivência na estrada em várias localidades onde se enxerga a vida cultural pulsando com mais naturalidade e menos entraves aristocráticos.
Vejam bem que não estou me referindo a shows com grande apelo de público e sim trabalhos digamos “alternativos” ou aqueles como Katya e Mônica que mostram um outro lado do nosso rico Brasil e que seria interessante mostrar por aqui.
Trabalhamos por dias melhores em nossa cidade, e fica o convite a irem confraternizar em Pedro Osório dia 03/04 no Clube Piratini com as duas cantadoras que em post anterior eu dou um pequeno parecer.
Caio Lopes
Produtor Cultural de Pelotas
caiolopes-caio.blogspot.com
Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.