Theatro São Pedro faz 155 anos na próxima quinta-feira


Divulgação: Estúdio Palco

Desde 1984 – ano de sua reinauguração – a instituição busca assegurar a qualidade e a diversidade das atrações culturais de sua programação

Dia 27 de junho o Theatro São Pedro completa 155 anos, celebrados com uma intensa programação cultural. Neste mesmo mês, Eva Sopher, presidente da Fundação TSP, completou 90 anos, dos quais 38 são dedicados à excelência da Casa que conquistou um lugar de destaque na cena cultural brasileira. As comemorações envolvem também a criação de uma linha de produtos confeccionada pelo Estúdio Palco, com camisetas e canecas em homenagem à Dona Eva (inspiradas na pop art de Andy Warhol) e pelo aniversário do teatro.

Divulgação: Estúdio Palco

Mesmo pautada pela tradição, a instituição procura oferecer, além de uma atraente grade de programação, outras inovações. Desde o início do ano, designou um espaço no Multipalco Theatro São Pedro (ainda em construção) para um projeto social, denominado Usina de Talentos, e para as Oficinas Multipalco, voltadas à formação na área de teatro e filosofia. A escola de música integra o plano da Associação Sol Maior (mantida pelo Instituto Gerdau, em parceria com a AATSP) voltado para crianças e jovens em condições de vulnerabilidade social, selecionadas em escolas estaduais e municipais de Porto Alegre.

Em maio, a AATSP disponibilizou o Acervo Digital TSP, com realização do Ministério da Cultura e patrocínio da Petrobras. Disponível no site do TSP, o projeto busca a difusão, valorização e preservação da trajetória do teatro. Um banco de dados com informações e documentos ligados ao patrimônio cultural, à memória das manifestações artísticas e ao percurso histórico da instituição. São cerca de dois mil documentos, além de material reunido e guardado por Dona Eva, e mil fotografias de espetáculos e artistas dos anos 1900, além da reconstrução desse monumento símbolo da cultura riograndense.

Em junho o Theatro São Pedro deu inicio à venda online de ingressos. A iniciativa atende uma antiga reivindicação do público e expande as possibilidades da instituição em um cenário de crescente transformação na fruição cultural. E, ainda em junho, no Multipalco, com apoio da Fundação Nacional de Artes (Ministério da Cultura e parceria da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre, acontecem atividades gratuitas na área da dança, filosofia & psicanálise: o seminário A dança teatral sob três olhares, ocorrerá no dia 02 de julho, e será expandida com uma oficina intitulada Poéticas do corpo, nos dias 02, 03 e 04 – Informações: terpsi@via-rs.net

HISTÓRIA:
Na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul (período colonial), governantes e população, na época com 20 mil habitantes, almejavam um espaço para abrigar as manifestações culturais. Neste contexto surge um movimento para a edificação de um teatro no centro da capital gaúcha. O Presidente da Província, Manoel Antônio Galvão, que em 1833 emitira uma carta de título de doação do terreno, autoriza em 1847 – após a Revolução Farroupilha – um empréstimo dos cofres provinciais para a construção do Theatro São Pedro, com projeto de Filipe de Normann. As obras iniciam em 1850 e se arrastam ao longo de oito anos. Em 27 de junho de 1858 o público pode conferir a noite de gala e grandiosidade da casa de espetáculos, que se transformou em pólo artístico, social e político no país. Durante 126 anos o teatro recebe em seus camarotes, galerias e palco, personalidades artísticas: Villa-Lobos, Cacilda Becker, Olavo Bilac, entre outros, assim como políticos como Getúlio Vargas e Borges de Medeiros. Contudo, os cupins marcaram uma pausa na sua história, que por pouco não desabou durante um concerto. Em 1973, o Theatro São Pedro foi fechado devido às precárias condições de segurança e mau estado de conservação.

A chegada de Dona Eva no Theatro São Pedro:
Em 1975 Eva Sopher assume a direção do Theatro São Pedro, nomeada pelo Governador Synval Guazelli, com a incumbência de conduzir as obras da total reconstrução e restauração da edificação. Os 1.880 metros quadrados de área útil foram equipados modernos recursos: equipamentos cênicos, serviços hidráulicos e sistema de iluminação. Um mês depois de reaberto, em 1984, o então Governador Jair Soares autoriza o tombamento do prédio. Com a criação da Fundação Theatro São Pedro, em 18 de março de 1982, Dona Eva foi nomeada sua presidente. Após nove anos de dedicação integral, o Theatro São Pedro é devolvido à comunidade em 28 de junho de 1984.

Curiosidades sobre a reconstrução & restauração:
O projeto externo do prédio do São Pedro recebeu críticas pelo desacordo entre a fachada e o interior: olhando de fora parece ter dois andares, quando na verdade são quatro.

A plateia não manteve o corredor central que existia antes. O corredor foi extinto para um maior distanciamento das fileiras de poltronas e para a melhoria da visibilidade do público.

Durante a restauração, todo o miolo do teatro foi retirado e, por anos, restaram somente as velhas paredes entre andaimes. Os vazios foram preenchidos aos poucos, à medida que chegavam os recursos, resgatando-se a volumetria e a notável acústica originais. Vigas de aço substituíram a madeira. Instalações hidráulicas e elétricas foram inteiramente refeitas.

As escadas laterais, originalmente destinadas aos escravos que atendiam seus senhores acomodados nos camarotes, deram lugar a modernas instalações sanitárias. Os gradis foram recuperados e as portas refeitas a partir de seis exemplares remanescentes (de um fragmento de veludo francês, escolheu-se um veludo idêntico para as poltronas).

Os porões do TSP escondem labirintos e uma surpresa. As paredes originais chegavam a 2,5 metros de largura e sustentavam todo o prédio. Hoje ainda é possível visualizar essas paredes, que usavam uma argamassa bem peculiar: uma mistura de estrume, cal, leite e areia.

A luminária original possuía um dispositivo para evitar que a cera das velas caísse sobre os espectadores. Tanto cuidado não evitou que o lustre sumisse por um bom tempo, sendo localizado a muito custo na Igreja Matriz de Rio Pardo (RS), sem grande parte dos pingentes de cristal (levados talvez por turistas).

O lustre atual foi confeccionado em Porto Alegre com mais de 30 mil peças de cristal nacional e da Boêmia. Foi recriado pelo arquiteto Carlos Mancuso, inspirado no original de 68 mangas de cristais. Depois de concluído, ficou com quase quatro metros de comprimento e cerca de 600 quilos, ganhando ainda um mecanismo para subir e descer (acionada para a limpeza anual).

A pintura do forro apresenta motivos da flora e da fauna gauchescas, elaborada por Léo Dexheimer, Plínio Bernhardt, Danúbio Gonçalves e Carlos Mancuso.

THEATRO SÃO PEDRO 155 ANOS
Dia 27 de junho de 2013

Fonte:
Mariângela Machado
Assessora de Comunicação