Em sua primeira obra no âmbito literário, Deco conta uma história bastante original. Os amores poligâmicos são comuns no amplo universo temático das letras, mas aqui ganha a narração direta a partir da visão subjetiva de cada personagem, o que dá fôlego a um enredo capaz de “prender” todo e qualquer novo leitor. Assim, nesta primeira obra o autor se mostra um escritor leve na abordagem e corajoso nas sutilezas.
Mas o que aparentemente seria – talvez – a despretensiosa história de um (Dois? Três? Quatro? Cinco?) amor, ganha um novo impulso ao misturar ficção e realidade. Essa junção transparece quando o autor descreve a relação dos personagens com a cidade.
O livro é um passeio por um dos lados selvagens de Pelotas. Um moderno conto erótico com o cheiro das esquinas do Porto: A Pelotas dos paralelepípedos. Mesmo que o autor não mencione diretamente a cidade onde transcorrem os fatos.
Mas esse erotismo é apenas um dos ingredientes da ficção do autor, calcado no êxtase de uma nova relação. O livro começa como um ensaio, antes de partir para os próximos passos e em seguida transformar-se em um convite. A partir daí começa uma dança impulsionada por plenas descobertas e logo o ritmo fica mais intenso, até o momento em que há o tropeço. Uma ligeira queda no degrau imposto pela sociedade, o que também legitima – com o empenho do autor – o fim da história.
Três contra todos é um livro ao mesmo tempo leve e instigante. Para ler rápido, num gole só.
Não esqueça de montar sua trilha sonora. No livro é Beatles, mas poderia ser Lou Reed. Ou Júpiter Maçã? Cássia Eller? Ney Matogrosso! Los Hermanos? Alguma lembrança de Whitesnake no Papuera? Algum show da Pimenta Buena? Faça a seleção, escolha e identifique-se. Três contra todos é uma dose intensa de amor plural instantâneo.
Por Diego Queijo
Jornalista
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Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.