Livro: Três contra todos, resenha por Diego Queijo


Em sua primeira obra no âmbito literário, Deco conta uma história bastante original. Os amores poligâmicos são comuns no amplo universo temático das letras, mas aqui ganha a narração direta a partir da visão subjetiva de cada personagem, o que dá fôlego a um enredo capaz de “prender” todo e qualquer novo leitor. Assim, nesta primeira obra o autor se mostra um escritor leve na abordagem e corajoso nas sutilezas.

Mas o que aparentemente seria – talvez – a despretensiosa história de um (Dois? Três? Quatro? Cinco?) amor, ganha um novo impulso ao misturar ficção e realidade. Essa junção transparece quando o autor descreve a relação dos personagens com a cidade.

O livro é um passeio por um dos lados selvagens de Pelotas. Um moderno conto erótico com o cheiro das esquinas do Porto: A Pelotas dos paralelepípedos. Mesmo que o autor não mencione diretamente a cidade onde transcorrem os fatos.

Mas esse erotismo é apenas um dos ingredientes da ficção do autor, calcado no êxtase de uma nova relação. O livro começa como um ensaio, antes de partir para os próximos passos e em seguida transformar-se em um convite. A partir daí começa uma dança impulsionada por plenas descobertas e logo o ritmo fica mais intenso, até o momento em que há o tropeço. Uma ligeira queda no degrau imposto pela sociedade, o que também legitima – com o empenho do autor – o fim da história.

Três contra todos é um livro ao mesmo tempo leve e instigante. Para ler rápido, num gole só.

Não esqueça de montar sua trilha sonora. No livro é Beatles, mas poderia ser Lou Reed. Ou Júpiter Maçã? Cássia Eller? Ney Matogrosso! Los Hermanos? Alguma lembrança de Whitesnake no Papuera? Algum show da Pimenta Buena? Faça a seleção, escolha e identifique-se. Três contra todos é uma dose intensa de amor plural instantâneo.

Por Diego Queijo
Jornalista

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