Exposição “Matéria: contenção e expansão” na galeria ibere camargo – gasometro


Esta proposta de exposição apresenta dois trabalhos. Ambos abordam a efemeridade do gesto, e a falta de controle sobre o trabalho artístico, levando em conta fatores que são difíceis de serem previsto e mensurados. No trabalho Pinturas, massas de cor são dispostas na parede, e escorrem através da minha manipulação e também da gravidade. É um trabalho lento, que precisa de tempo para ser elaborado, já que são construídas camadas pictóricas, e assim como na pintura tradicional, às vezes é necessário deixar a camada de baixo secar para então depositar nova matéria sobre a parede. Algumas dessas massas de cor chegam até o chão, e formam acúmulos de matéria, ora justaposta, ora sobreposta. Ao logo da exposição o trabalho se modifica.

Na medida em que é absorvido pela parede, perde a viscosidade, aumenta a transparência, entre outros fatores que ocorrem especificamente em cada espaço onde é instalado. Deste modo, cada vez que este trabalho ocorre, acontece de forma inédita, ou seja, com características próprias que são determinadas pel o lugar onde se instala. Assim sendo, o trabalho só termina de acontecer quando é removido da parede.

Em Sementeira, o trabalho tem hora marcada para iniciar – quando se retira o plástico que veda os pequenos furos na parte inferior das sementeiras – e a massa contida nas suas cavidades começa a escorrer, chegando ao chão, formando linhas, desenhos, acúmulos de matéria. E de acordo com a circulação de ar do ambiente, vento, fluxo de pessoas ao redor do trabalho, o movimento das linhas é diretamente influenciado. O trabalho ocorre nesse escorrimento: entre a sementeira e o chão.

Talvez só ocorra na abertura, talvez volte a gotejar e isso ocorra durante alguns dias.
Não há como prever. O que restam são os resquícios desta matéria, depositada no chão, e algum resíduo nas cavidades da sementeira.

Os dois trabalhos, além de efêmeros, abordam questões pictóricas. No primeiro, Pinturas, pretende-se criar camadas translúcidas de matéria, o que em pintura chamamos de veladura, e através destas sobreposições de cor, outras tonalidades surgem. Em Sementeira, busco através da estrutura quadricular da sementeira, uma relação com a rigidez e simetria da grade, aludindo à estrutura da pintura da tradição e sua composição geométrica, em oposição ao movimento contínuo, fluido, assimétrico e até incontrolável da matéria. O visitante que for a abertura da exposição encontrará o trabalho de uma maneira, e se voltar outro dia, ambos os trabalhos terão se modificado, através da ação do tempo. São propostas para serem acompanhadas, fruídas ao longo dos dias.

Roberta Tassinari (1983) é artista visual e nasceu em Florianópolis onde atualmente mora e trabalha. Em 2010 conclui o mestrado na UDESC, quando teve a oportunidade de pesquisar sobre sua própria produção artística, que investiga questões relacionadas ao campo da pintura expandida: uma pintura que utiliza o espaço real como suporte e ao invés de materiais tradicionais como tinta e pincel, se apropria de materiais comuns do cotidiano. Entre 2007 e 2008 morou em Porto Alegre cursando pós-graduação na Unisinos e PUCRS. Participou de exposições e salões de arte em diferentes estados do Brasil, entre eles São Paulo, Santa Catarina, Pará, Rio Grande do Sul e recentemente concluiu uma residência artística em Nova York, na SVA – School of Visual Arts.

ABERTURA
06 de Fevereiro de 2014, às 19h
VISITAÇÃO
07 de Fevereiro a 09 de Março de 2014
de Terça a Domingo, das 14h às 19h
LOCAL
Galeria Iberê Camargo – Usina do Gasômetro
Av. Presidente João Goulart, 551 – Porto Alegre – RS