O dia que amanheceu triste recebeu inúmeras homenagens. David Bowie morreu neste domingo (10) aos 69 anos. O lendário músico britânico lutava contra um câncer há 18 meses. A jornalista pelotense Amanda Lopes compartilha com o e-cult alguns sentimentos que permeiam corações de inúmeros fãs do camaleão.
“Certa vez ouvi no rádio alguém dizer que eu seria uma rainha, então, marquei na pele uma coroa. Mas não uma coroa de rainha – essa eu usaria nos cabelos – e sim uma de rei. Por que isso, vocês devem se perguntar? E eu prontamente respondo: Para que ele pudesse me reconhecer quando chegasse a hora, para mostrar que estava pronta à nossa Odisseia Espacial.
Algum tempo se passou e imaginei que só a coroa não seria suficiente. Ele devia estar esperando outros sinais, mais claros, mais brilhantes, assim como suas vestes. Decidi, portanto, estampar seu traço no rosto. Mostrar aos quatro cantos que ele já podia me buscar. Dizer com todas as letras que sim, eu estava pronta para encarar o estranho.
Entretanto, acordei um dia e descobri que ele não viria. Que ele tinha partido sem mim em sua jornada. Não pude acreditar, não quis acreditar. Ele me fez confiar que viria, ele disse que havia um homem-estrela nos esperando no céu. E neste momento eu notei que, na verdade, o homem ainda não existia e nesta noite todas as estrelas sairiam para vê-lo chegar.
No início fiquei triste, muito chateada por ele não ter lembrado de mim. Como pôde fazer isso comigo, pensei. Então, me dei conta que o importante mesmo é que eu jamais iria esquecê-lo. As marcas que tinha feito na pele ou no rosto já não importavam mais. Agora eu tinha certeza que ele me encontraria. E não pelas pistas que eu fui deixando no meio do caminho, mas pelo grande símbolo em forma de raio que ele deixou encrustado dentro do meu coração.”
Amanda Lopes é jornalista e Mestre in progress. Escreve nas horas vagas (ou não tão vagas assim) sobre seus ex-futuros corações partidos em Coisas que eu preciso te dizer.
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