Teatro: Vênus e a resiliência de quem o habita


Foto: Divulgação

Na próxima segunda-feira, 27 de março, será reapresentada a peça teatral Vênus, na Sala Carmen Biasoli em Pelotas, às 20h e com entrada franca.

Por Juliana Santos

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O experimento cênico integra requisito para cadeira de Encenação II do curso de Teatro da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem concepção e direção do aluno Gengiscan Pereira. Se passando no planeta Vênus, a peça expõe ao expectador alguns fragmentos do universo feminino, enquanto o astro realiza sua órbita. Aos que não puderam comparecer à estreia no último domingo (19), a sessão que se realizará na segunda-feira (27) é a boa pedida.

Dentro de uma proposta de teatro contemporâneo, personagens femininas são retratadas no palco através de atuação, música ao vivo e dança. O compilado de colagens propõe uma experiência diferenciada àquele que assiste. A obra não atinge às expectativas do público que espera uma história com início meio e fim, já que todas as personagens são protagonistas das suas próprias vivências em quadros e universos singulares. Juntas, elas habitam Vênus, o planeta da feminilidade e da luta.

Joana d’Arc, Clarice Lispector, Ilda Hilst, Medeia e Teresinha de Chico Buarque, são algumas das retratadas em cena, por um elenco formado apenas por mulheres. Um relato representando a força; uma voz que anseia superação após acontecimentos singulares. Este conjunto de fragmentos constituí o dramaturgismo idealizado por Gengiscan, que com sua bagagem acerca do tema, organizou e remodelou diversos textos que elucidam a mulher em diferentes épocas e contextos.

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A ideia foi levada às atrizes e bailarinas, que tiveram dois meses de ensaio. “Entendendo que sou um homem tentando falar sobre esse universo feminino, sempre questionei as meninas se algo deveria ser mudado, se elas se sentiam confortáveis com aquilo”, conta o idealizador inicial, acrescentando que ele e o designer gráfico Jardel Athayde são os únicos homens que integram a equipe. Assim, após o primeiro contato com as intérpretes, o roteiro passou a ser uma construção coletiva.

A figurinista Laleska Vieira optou por uma paleta de cores do roxo ao vermelho, de forma a remeter às vísceras e ao útero da mulher. O ato de buscar profissionais direto das suas áreas de origem (músicos, bailarinos, figurinista) para integrar o projeto exemplifica a resistência da arte e o coleguismo entre os segmentos na conquista da inserção de seus talentos na cultura. Assim, a interdisciplinaridade do trabalho executado é constante, pois a obra reúne profissionais de pelo menos nove áreas diferentes.

Entre as motivações para a concepção, notou-se que na história do teatro, muitas personagens femininas conduziam a história, mas eram os homens que tinham nome e voz. A vontade de trabalhar com colagens – técnica que o idealizador já tinha experiência – também contribuiu para o processo. O diretor lembra que o curso de graduação forma professores de teatro e que estes desempenham um papel importante no incentivo da leitura. Através da colagem, textos conhecidos, mas que ainda estão distantes da comunidade, são disponibilizados de forma gratuita. “As pessoas podem até não ler as obras em questão, mas se verem a peça, podem sentir um pouco do que elas tratam”, acredita.

Vênus
Quando? 27 de março – segunda-feira
Hora? 20h
Onde? Sala Carmen Biasoli (Prédio do curso de Teatro UFPel – Rua Almirante Tamandaré, 301 – Pelotas)
Quanto? Entrada Franca (Distribuição de senhas, 30 minutos antes da peça)

Ficha técnica:
Direção e dramaturgia: Gengiscan Pereira
Elenco: Dagma Colomby, Janaina Bruna, Patrícia Bicoski, Rafaela Lima e Viv Famil
Coreografia: Taís Arrieta
Sonoplastia: Poly Rocha, Joyce Cruz e Julia Alves
Iluminação: Aline Cotrim
Cenografia: Lorena Moreyra
Figurinos: Laleska Vieira
Maquiagem: Viviane Queiroga
Programação Visual: Jardel Athayde

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