A segunda temporada do experimento poético “O melhor esconderijo” ocorre nesta terça-feira, 18, e nos dias 19 e 20 de abril, sempre às 18h, no Teatro Experimental do GEPPAC (Sala 306 do Bloco 1 do Centro de Artes).
Para participar do experimento é preciso fazer reserva pelo seguinte e-mail: ufpel.teatro@gmail.com e a entrada é franca. Não é recomendado para crianças.
Atua no espetáculo o estudante do curso de teatro Carlos Eduardo Pérola. A direção é do professor Adriano Moraes. A atividade integra uma pesquisa iniciada em 2012, formalizada em projeto apenas em 2015 com o título “Experimento poético e autismo: análise de impacto na aquisição da linguagem teatral”. O objetivo geral dessa pesquisa é o de avaliar o impacto que o experimento poético pode ter na aquisição da linguagem teatral de uma pessoa com transtorno do espectro do autista (TEA), mais especificamente as características da síndrome de Asperger.
Em um experimento poético, o procedimento mais importante é a instalação do sujeito principal da ação no teatro – o ator, a atriz – no lugar central do processo criativo, diz o diretor. Ao assumir o papel central da criação, cabe ao ator agir sobre formas selecionadas (textos, situações, imagens, etc) em função de seus interesses pessoais. O diretor, assim como o autor e outros artistas integrantes de um acontecimento teatral, trabalha em consonância com as necessidades do intérprete provenientes de suas ações sobre determinadas formas.
“O melhor esconderijo”, terceiro experimento apresentado publicamente dessa pesquisa, parte do desejo do ator Carlos Eduardo Pérola em se expressar com fluidez, uma vez que a expressão oral é a maior das dificuldades que ele enfrenta no dia a dia em função do autismo, mas, também, do desejo de fazer os espectadores compreender as dificuldades de qualquer sujeito em se expressar em um ambiente cultural de autoritarismo e de “bom tom”. O experimento “O melhor esconderijo” está configurado em três quadros.
O primeiro quadro é uma síntese dos experimentos realizados entre 2012 e 2016. Esse quadro apresenta um homem enfrentando a própria linguagem. Os textos utilizados em línguas distintas (inglês, francês, alemão, espanhol, português) são verbalizados de modo a experimentar puramente a emissão, pois interessa pouco ao ator o que se diz, mas como se diz.
Os quadros 2 e 3 dialogam com o teatro da crueldade de A. Artaud. Não as experiências rituais provenientes das incursões do artista francês pelo surrealismo, mas aquelas que estão explícitas nas correspondências com psiquiatras em duas condições distintas: a primeira quando Artaud discute por meio de cartas sua dificuldade em se expressar ficcionalmente por escrito e a segunda, ao final da vida de Artaud e após muitos anos de internação em um hospital psiquiátrico perto de Paris.
O segundo quadro tem acento no tema da vida e da arte, isto é, como a arte e a vida se interrelacionam e muitas vezes se confundem. Esse quadro foi motivado por uma questão que permeia a pesquisa, a saber, qual o impacto que a experiência com poéticas teatrais e mais especificamente a expressão corpo-vocal organizada com princípios teatrais tem sobre o dia a dia de um autista. Todo o quadro é organizado a partir de estados de ânimo do próprio ator e os trechos de texto são ditos a partir de cada um dos estados.
No último quadro a palavra ganha novamente um foco central, no entanto, cada trecho do excerto de texto “Para acabar com o julgamento de Deus”, também de A. Artaud, é dito a partir de referências de tipos sociais, tais como “o político”, “o pastor”, “o poeta” etc. A ação física é construída a partir da manipulação de adereços e figurinos.
Ao final de cada apresentação do experimento poético haverá um debate sobre o trabalho e, para quem desejar dialogar diretamente com o ator, será disponibilizado um meio virtual.
Fonte: Coordenação de Comunicação Social – UFPel
Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.
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