O artista terá sua obra cantada por grandes artistas no foyer do Theatro São Pedro, num musical intitulado Cartola – O poeta do amor, inebriado pelo perfume das rosas.
O projeto Ébano e Marfim faz uma edição especial exclusivamente para homenagear Cartola, um de seus grandes ídolos. Unindo o samba e o jazz, os integrantes do já tradicional projeto idealizado pela soprano Marguerite Silva Santos, sinalizam os pontos em comum dos dois gêneros destacando suas matrizes musicais africanas. O musical “Cartola o poeta do amor, inebriado pelo perfume das rosas”, coloca lado a lado essas duas vertentes, associando trajetórias, cenários e personagens capazes de esboçarem suas afinidades e particularidades.
Nosso eterno poeta do samba Agenor de Oliveira, nascido em 11 de outubro de 1908, no Catete, Rio de Janeiro, era mais conhecido como Cartola. Filho de Aída e Sebastião Joaquim de Oliveira, de família numerosa, constituída por oito irmãos, o músico gostava da boemia e passou por momentos difíceis, mas superou ao encontrar um primeiro grande amor, Deolinda, que era dona de um barraco que hospedava pessoas com pouquíssimas condições, dentre elas, o consagrado compositor brasileiro Noel Rosa.
Cartola exercia a profissão de pedreiro esporadicamente, preferindo assumir o ofício de compositor e violonista nos bares locais e tendas. À época, já se firmava como um dos maiores poetas do morro, ao lado do grande amigo Carlos Cachaça e Grandim. Desiludido com a vida do samba, por falta de incentivo ficou alguns anos recluso e até pensaram que ele havia morrido. Depois de anos errantes, conheceu Dona Zica (Eusébia Silva Nascimento), musa de uma de suas mais belas canções: “As rosas não falam”, composta em 1974. Dona Zica devolveu a dignidade ao Cartola e o reaproximou da escola de samba de seu coração, a Estação Primeira de Mangueira, para a qual ele compôs o samba de enredo: “Verde que te quero rosa”, em 1977.
Canções que pontuaram a vida do mestre Cartola serão apresentadas nesta edição do Ébano e Marfim, projeto que traz no próprio nome uma realidade e uma intenção. A realidade é que o Brasil é mestiço e dentro dele há uma incrível fusão de culturas e etnias nos ritmos, na dança, nas manifestações culturais, religiosas, no idioma, no dia a dia do país. A intenção é que essa fusão de culturas seja vista com seriedade, com clareza e humanidade, almejando acelerar o processo de igualdade de direitos e deveres em nossa sociedade. Assim, o musical se solidifica reunindo cantores negros e brancos, experientes e novatos, intensificando a participação e o acesso da população afrodescendente nos diversos cenários artísticos culturais.
O musical conta com a produção musical e arranjos do contrabaixista Antônio Guaracy Guimarães (OSPA). A banda é formada por grandes instrumentistas da cidade, sob a regência do Maestro Estevão Santos de Oliveira (UFRGS). Ao celebrar o amor, o musical intensifica a pluralidade multirracial visando unificar, através da música, diferentes culturas e etnias. Ébano e Marfim, enfim é isso: teclas pretas e brancas, em sintonia, superando divergências, rompendo barreiras para dar o seu recado sobre a importância da convivência harmoniosa entre pessoas. O mundo agradece!
Cartola o poeta do amor, inebriado pelo perfume das rosas
Quando? 24 de maio, 12h30min
Onde? Musical Évora – Sala Música – Theatro São Pedro (Multipalco)
Praça Marechal Deodoro s/n. Centro histórico
Entrada Franca
Fonte: Bebê Baumgarten
Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.
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