Cirandar participa de Tribuna Popular na Câmara dos Vereadores para discutir situação da biblioteca comunitária da Ilha Grande dos Marinheiros, que corre o risco de ser extinta em função da nova ponte do Guaíba.
Márcia Cavalcante, conselheira e fundadora da organização, irá representar a entidade na Tribuna Popular nesta segunda (18/3), às 14h, para trazer a discussão ao plenário
Nesta segunda (18/3), às 14h, o Cirandar terá um espaço na Tribuna Popular na Câmara dos Vereadores. Márcia Cavalcante, conselheira e fundadora da entidade, terá 10 minutos de fala para se manifestar sobre a situação da biblioteca comunitária arquipélago, localizada na Ilha Grande dos Marinheiros, que será desapropriada em função da construção da nova ponte do Guaíba. O espaço cultural corre o risco de ser extinto, pois a casa que abriga o local fica no caminho das obras e até o momento não há definição pra realocação. Nos últimos dois anos o Cirandar está acompanhando e debatendo o caso em reuniões, junto à Rede Integrada de Proteção à Criança e ao Adolescente do Arquipélago (RIPCAA), DNIT, prefeitura e ao Ministério Público.
A participação na Tribuna Popular foi uma sugestão da Frente Parlamentar de Incentivo à Leitura, presidida pelo vereador Adeli Sell. A intenção é propor uma discussão sobre o tema para que soluções sejam tomadas pelo Legislativo e Executivo. Crianças, educadores e comunidade estarão presentes na tribuna; e o Cirandar convida demais interessados em participar e apoiar essa causa. A Tribuna Popular é aberta a todas as pessoas.
Cirandar na Tribuna Popular
Data: 18 de março – segunda-feira
Horário: 14h
Local: Plenário Otávio Rocha – Câmara dos Vereadores de Porto Alegre (Av. Loureiro da Silva, 255)
Desapropriação da biblioteca comunitária
O processo de negociação para as desapropriações das famílias que vivem na Ilha iniciou em 2018. Segundo informações divulgadas pela imprensa, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) oferece três opções para os moradores: a compra assistida, na qual o departamento adquire um imóvel para a família; uma indenização ou a construção de uma nova residência, em outro ponto da ilha.
Márcia Cavalcante, entretanto, afirma que, na verdade, as famílias não estão podendo escolher entre as três opções. “Em função dos atrasos de repasse de recursos, a empreiteira, em determinado momento, disse que não tinha dinheiro nem tempo hábil para construir o reassentamento. Desta forma, todas as famílias serão obrigadas a fazer a compra assistida e não há mais a possibilidade de ficar na ilha. As pessoas estão sendo forçadas a saírem de lá”, afirma.
Com o fim da possibilidade do reassentamento das famílias em outro loca da Ilha, a Biblioteca Comunitária do Arquipélago está sem alternativa, pois a casa que abriga o espaço não está escriturada no nome da entidade.
“Trata-se de uma casa que estava em um terreno cedido, por uma pessoa já falecida, para equipamentos culturais que havia emprestado para a comunidade criar o complexo cultural. Com isso, não temos como negociar diretamente. E nós não queremos ir para uma outra cidade”, explica Márcia.
O direito à leitura
O Cirandar acredita no papel humanizador da literatura e que as práticas em torno do livro e da leitura, promovidas largamente e conectadas com outras culturas locais e populares, ajudam a humanizar e sensibilizar o ser humano, promovendo transformações coletivas.
Nesse sentido, a biblioteca, é, portanto, necessária na comunidade onde as crianças e jovens se encontram, pois ela contribui para garantir o direito à literatura a todas as esferas da sociedade, não somente porque concede o acesso ao saber, mas porque permite a apropriação de bens culturais que auxiliam na construção de si mesmos e na abertura para o outro.
Biblioteca Comunitária do Arquipélago
Inaugurada em outubro de 2014, a Biblioteca Comunitária do Arquipélago está localizada junto a Associação de Mulheres da Ilha Grande dos Marinheiros e é a primeira ação do Plano Municipal do Livro e da Leitura (PMLL) de Porto Alegre, implementada pelo Cirandar com aporte financeiro da Prefeitura Municipal e do Instituto C&A.
O acervo da biblioteca está estimado em 1,5 mil exemplares, composto por uma variedade de gêneros e temáticas. O Cirandar, como instituição formadora, está atento às escolhas dos livros, faz uma seleção criteriosa, escolhendo colocar no caminho de cada leitor obras significativas, observando, dessa forma, a preocupação com a ordem do humano e garantindo o direito à literatura.
O local também funciona como um espaço cultural, realizando atividades de mediação de leitura, artesanato e oficinas de arte e educação, como música e teatro, além de eventos como saraus, encontro com escritores, cortejos e piqueniques literários, rodas de cultura popular e encontros com escritores, entre outros, que buscam valorizar a cultura popular local e o empoderamento da comunidade, consolidando o espaço como um centro cultural e referência daquele entorno.
Ao longo de seus quatro anos, foram emprestados ou consultados mais de 7 mil livros, realizadas mais de 600 mediações de leitura e mais de 500 atividades culturais envolvendo, dessa forma, mais de 4 mil crianças e jovens. Atualmente, a Biblioteca do Arquipélago conta com dois educadores sociais, que promovem mediações de leitura e uma diversidade de atividades culturais, mantendo um grupo de crianças e jovens conectados com a biblioteca. Além das atividades realizadas na biblioteca são estabelecidas parcerias com a Escola de Educação Infantil Tia Jussara, Escola Estadual Alvarenga Peixoto, RIPCAA, Posto de Saúde onde acontecem atividades semanais. As atividades realizadas nas instituições parceiras contribuem para aproximar o público leitor da comunidade
Cirandar
O Cirandar acredita que a leitura é um direito humano essencial para a conscientização, a curiosidade e o empoderamento das pessoas. Diante disso, atua para apoiar e potencializar ações e projetos relacionados à formação de leitores. A organização gerencia duas bibliotecas comunitárias: a Biblioteca Comunitária Arquipélago, na Ilha Grande dos Marinheiros; e a Biblioteca Comunitária Chocolatão, no Residencial Nova Chocolatão, no bairro Mário Quintana.
O Cirandar é uma organização sem fins lucrativos, criada em 2008, certificada como uma organização não-governamental que desenvolve ações sociais, educacionais e culturais, em parceria com os poderes públicos e privados, dialogando e repensando alternativas para a educação, a transformação e a inclusão dos sujeitos culturais, comunicativos e criativos.
As atividades são gratuitas.
Fonte: Raphaela Donaduce Flores
Dona Flor Comunicação
Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.
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