Ela está no ranking dos cem primeiros autores mais citados sobre a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) na literatura científica mundial, publicado pelo International Journal of Chronic Obstrutive Pulmonary Disease.
À frente do estudo Platino, coordenou o primeiro levantamento populacional sobre a prevalência de bronquite crônica e enfisema na América Latina, mostrando que proporção dessas doenças, diretamente associadas ao fumo, era quase duas vezes maior do que projeções anteriores ao estudo. Suas pesquisas ajudaram a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc, na sigla em inglês), da Organização Mundial de Saúde (OMS), a estabelecer a relação entre tabagismo e câncer, especialmente tumores de cabeça e pescoço, e doenças pulmonares. E evidências mais recentes de seu trabalho no Estudo de Prevalência da Infecção por Covid-19 no Brasil (Epicovid19-BR) revelaram a alta frequência de alterações de olfato e paladar em infecções pelo Sars-Cov-2, o que aponta esse sintoma como importante auxiliar no diagnóstico de casos de infecção por coronavírus.
O impacto e a relevância científica de estudos como esses renderam à médica e epidemiologista Ana Maria Baptista Menezes, do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o reconhecimento da Embaixada e dos Consulados dos Estados Unidos no Brasil, que anunciaram a professora emérita da UFPel entre as sete brasileiras vencedoras do prêmio Brazilian Women Making a Difference (Mulheres Brasileiras que Fazem a Diferença) de 2021.
“É uma honra ter sido uma das escolhidas. A maior gratificação é ver o quanto a ciência pode contribuir para mudar a cultura, os hábitos de uma sociedade, proporcionando benefícios concretos para a população”, diz a epidemiologista.
Segundo anúncio publicado no site da Embaixada e Consulados, as homenagens – feitas nesta terça-feira (31) em comemoração ao mês da mulher – reconhecem brasileiras que se destacam em sua área de atuação a ponto de chamar a atenção no cenário nacional, “gerando transformações estruturais na sociedade”. O prêmio é direcionado a mulheres que estão causando um impacto positivo em suas sociedades e servindo como forças de inspiração para seus concidadãos.
“Queremos reconhecer as importantes contribuições destas sete mulheres excepcionais, cujas ideias, trabalho duro e inovações estão fazendo a diferença em todo o Brasil. Cada uma delas tem enfrentado desafios, seja pesquisando a covid-19, trabalhando para tornar as comunidades mais seguras, combatendo a violência de gênero, ou protegendo os direitos dos indígenas. Mas, apesar de tudo isso, elas perseveraram, superaram seus desafios, e agora servem de inspiração para todos nós”, ressalta o embaixador dos EUA para o Brasil, Todd Chapmann, em comunicado da premiação.
Natural de Pelotas, no Rio Grande do Sul, Ana Menezes é professora titular aposentada na área da Pneumologia e Clínica Médica e professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia na mesma universidade. Ao lado dos projetos nacionais e internacionais em pneumologia e saúde pública, Menezes coordena o estudo de Coorte de Nascimentos de 1993 em Pelotas, que acompanha a saúde de todas as crianças nascidas na cidade no ano de 1993, tendo contribuído para demonstrar a importância de fatores presentes durante a gestação e os primeiros anos de vida sobre a saúde respiratória a longo prazo. Atualmente, integra a coordenação do estudo EPICOVID19-RS, conduzido pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel. A pesquisa realiza inquéritos sorológicos em série em 133 cidades brasileiras para conhecer a proporção de casos de coronavírus na população dos principais centros urbanos do país. Além de estimar o percentual de brasileiros infectados com o SARS-CoV-2, o estudo fornece evidências sobre o percentual de infecções assintomáticas, os sintomas mais comumente relatados pelos infectados e a velocidade de disseminação do contágio ao longo do tempo.
Entre as vencedoras do prêmio, estão também Cristina Castro, professora de Empreendedorismo e Inovação da Universidade de Brasília; Telma Marques da Silva, Coordenadora Geral da União das Mulheres Indígenas da Amazônia e Secretária de Assuntos da Mulher no Conselho Indígena de Roraima; Elza Paulina de Souza, Secretária de Segurança Urbana da Cidade de São Paulo; Jaqueline Goes de Jesus, pesquisadora pós-doutoranda pelo Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo; Regina Célia Almeida, Vice-Presidente do Instituto Maria da Penha e Ana Paula Salles Moura Fernandes, pesquisadora do Centro de Tecnologia em Vacinas e Diagnóstico da Universidade Federal de Minas Gerais.
Fonte: Silvia Mª da Silva Pinto – Jornalista
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