A máquina de fazer skatistas – Crônica por Lucian Brum


Ilustração: @james.duarte

Desde os anos setenta a praça dos macacos é uma máquina de fazer skatistas. Agora com uma pista de rampas novas e modernas, tu podes passar ali em qualquer horário e sempre terá alguém andando, e assim que iluminar, a turma vai virar a madrugada. O skate em Pelotas manobra com continuidade, como uma engrenagem movendo diversão, proporcionando novas vivências para praticantes felizes e saltitantes.

A primeira pista de skate feita na praça permitiu aos pelotenses um hábito fora do comum para época, apesar de Pelotas ser costumeira com expressões culturais, a construção de uma estrutura em via pública para prática de manobras de arte foi algo extravagante. As pessoas se surpreenderam com aquele conglomerado de pedra e concreto, muitos nem entendiam sua utilidade, mas para os que despertaram evoluir no skate, foi um enriquecimento em suas vidas.

Esses dias fui ver a galera andar, crianças subiam e desciam as rampas e acenavam para seus pais a cada movimento aprendido. Movidos pela adrenalina, os skatistas se projetavam para pular sobre os degraus de uma escada, deslizar pelo corrimão, ou voar impulsionados por uma rampa, e quando a manobra era bem executada, ficava visível o sorriso e a sensação de liberdade.

É evidente a disposição dos skatistas para a evolução, eles ficam ali tentando e tentando até conseguir acertar suas manobras. Andar de skate é manter a persistência em looping. Ganhou a cidade, quarenta anos atrás, quando iniciou na praça uma tradição que fabrica indivíduos em busca de personalidade. 

246lucian@bol.com.br

 

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*