Neste último dia 20 de dezembro de 2022, contando com a participação do músico Leandro Maia, Kaiso Music Costa Rica lançou o álbum internacional “Queen of the Sea”.
Nesta mesma data comemorou-se o 150º aniversário da chegada do navio Lizzie, vindo da Jamaica com os primeiros trabalhadores para construir a ferrovia entre Limón e São José. Um evento histórico que faz parte das raízes multiculturais e afrodescendentes da Costa Rica. Um dia para celebrar a unidade na diversidade que coincide com a comemoração do Dia Internacional da Solidariedade Humana.
Com esta motivação, Kaiso Music Costa Rica nos convida a curtir a produção musical “Queen of the Sea”, Rainha do Mar, uma homenagem às raízes afro, com nove canções, compostas pelo etnomusicólogo Manuel Monestel, que incluem um poema da escritora afrocostaricana Eulália Bernard e interpretada pela jovem cantora afro limonense Stephie Davis.
Calipsos modernos e tradicionais
O perfil desta produção musical é composto por calipsos modernos e tradicionais. Além de outros ritmos do caribe inglês, derivados do mento e do calypso. As canções abordam aspectos da história de Limón, costumes, paisagens naturais, sons, expressões culturais e personalidades de destaque da comunidade, como Cyrilo Silvan, o cantor de calipso, Lenky, os gêmeos Sterling que comandavam as comparsas, Hortência mestra da dança de quadrilha ao lendário Marcus Garvey que dá o título à música com que inicia o álbum:
“I was in Limón when Papa Tun fill the street with a smile in his face
I was in Limón when the twins made a town dance and shake
I was in Limón when miss Hortensia teach the youth dance cuadrille
I was in Limón when Lenkí song made the whole town sing”
Marcus Garvey´s Old Song
Manuel Monestel
Como reflexo da convicção e luta comum pela igualdade de gênero, este álbum é interpretado e cantado por uma jovem afro de limonense. Com isso, contribui para abrir um novo rumo na história da música costarriquenha em geral e da prática musical do calypso em particular, patrimônio cultural imaterial afro-costarriquenho.
Sendo a primeira vez que a artista afro-costarriquenha Stephie Davis registra interpretações desses gêneros musicais, ela afirma: “Estou emocionada porque é a primeira vez que gravo o calypso, acho super importante pois faz parte da minha cultura Limón, sinto-me muito feliz, é uma experiência diferente e acho que é como quebrar estereótipos também, porque estamos habituados a ouvir homens a cantar calypso (pelo menos aqui),… sei lá, talvez haja alguma mulher que sempre quis cantar calipso e não pulou na água e tal. E com esse projeto ela pode se sentir mais confiante e motivada, para que haja mais artistas femininas cantando calypso.” (S.Davis, 2022)
Leandro Maia e grande elenco costarriquenho
Esta coprodução internacional conta com a participação de artistas com interessantes carreiras, como os arranjos musicais de: Leandro Maia, multi-instrumentista e compositor brasileiro, que já colaborou com artistas costarriquenhos como Max Goldenberg e Walter Ferguson; do costarriquenho Andrés Cervilla (Prêmio ACAM 2022), Daniel Solano guitarrista de grupos como Infibeat e Manuel Monestel. (Prémio ACAM 2016).
Com a participação de uma dezena de músicos costarriquenhos, entre eles: a flautista Abi Huertas, o violinista Erasmo Solerti, a violoncelista Marianela Cordero, o violonista Manuel Monestel, o trombonista Roberto Garrigues, os percussionistas Marco Naranjo e David Vargas, Las Tuckers na vocais de apoio e as vocais principais com Stephie Davis (Prêmio ACAM 2021). Os registos sonoros formo fetos por Draxe Ramírez, Carlos Pipo Chaves (Sinfonia Nacional, Prêmio Grammy 2017), Daniel Solano e Andrés Cervilla, e a engenharia de som foi realizada pelo Draxe Ramirez. A ilustração é projeto da artista plástica Elizabeth Argüello.
Produção
A produção geral, artística e musical ficou a cargo do artista, compositor e etnomusicólogo Manuel Monestel, da Kaiso Music CR, enquanto a gestão cultural e logística da produção ficou a cargo de María Fernanda Schifani, da Boa Viagem Producciones.
Este álbum é possível graças à contribuição dos participantes e ao apoio financeiro do Ministério da Cultura e Juventude (MCJ), por meio do programa Ibermúsicas e do escritório do UNFPA na Costa Rica.
O projeto contribui para divulgar a música como ferramenta de cooperação na região ibero-americana e motivar jovens e mulheres a se expressarem através da experimentação de nossas raízes musicais afro-caribenhas.
Promover a igualdade de gênero em um contexto de convivência intercultural é um desafio para nossa geração e a Costa Rica fez sua essa aspiração. Por isso, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) acompanha esta produção, que faz parte da “Década Internacional dos Afrodescendentes” (2015-2021) promulgada pelas Nações Unidas e que promove o reconhecimento, a justiça e o desenvolvimento, o rico patrimônio social, econômico e cultural dos afrodescendentes e sua contribuição para o desenvolvimento de várias sociedades como a Costa Rica.
O lançamento desta produção fonográfica terá lugar nas plataformas digitais da artista Stephie Davis no dia 20 de dezembro, no âmbito das comemorações dos 150 anos da chegada do navio Lizzie, que graças ao mar, contribuiu para expandir a nossa multiculturalidade.
Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.
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