Primeiro houve um encontro, inusitado como são os melhores encontros. Era janeiro de 2022 e a escritora Irka Barrios lia o livro de poemas Toracotomia caseira, de Juliana Blasina. Logo depois, finalizava a leitura do romance de horror O receptáculo, de Larissa Prado. Havia uma conexão ali, um grito. Chamou-as para uma publicação conjunta e plural, mas não só isso: sonhava com muitas artes envolvidas, um projeto revolucionário.
Assim surgiu In corpa, um livro estranho, destemido, transgressor e atrevido, que reúne textos e imagens de 7 escritoras de diversos lugares do país e alça o corpo ao status de protagonista de narrativas plurais e insólitas. Um mosaico de fragmentos onde literatura, arte, experiência e gozo se juntam para formar uma única corpa: selvagem, afrontosa e descolonizada.
A publicação, pela editora O Grifo, está em campanha de financiamento coletivo no site Catarse até 27 de fevereiro, com diversas recompensas exclusivas para os apoiadores, como postais, oficinas, camisetas e kit com sabonetes artesanais.
Como o livro propõem-se um grito de libertação das corpas. O Manifesto pela corpa também foi escrito a 14 mãos e pode ser lido (e assistido) na íntegra na página do projeto.
In corpa – Sobre o projeto
As três primeiras autoras envolvidas indicaram as demais, com foco nas que exploravam os mesmos interesses em suas produções. Tatiana Cruz é poeta e artista de colagens, Juliane Vicente é contista e bailarina, Euler Lopes é escritore, atriz e dramaturgue, e Andréa Berriell é romancista e pintora. A montagem final do livro ficou por conta de Juliana Blasina, editora responsável pela Zine Marítimas, e a revisão dos textos ficou a cargo de Irka Barrios.
A ideia era lançar provocações (a partir de textos, vídeos, fotografias, artes) que seriam devolvidas na forma das mais variadas artes. “Obviamente, como todes são escritoras, a maioria das repostas veio em texto. Mas temos performances e fotografias bem provocativas, além de colagens belíssimas”, antecipa Irka Barrios.
“O livro tem uma preocupação de alcançar aquelas partes mal-iluminadas do corpo e de sexualidade”, ressalta o editor, Daniel Gruber, “com pluralidade de vozes e vivências. Com isso alcança uma gama extensa das questões urgentes (ou não) das mulheres.”
Sobre as autoras
Andréa Berriell é professora no curso de Arquitetura e Urbanismo na UFPR. Pinta e escreve desde criança. Ecofeminista e agricultora urbana em formação. Pratica meditação transcendental. É autora do romance Mulheres que plantam a Lua (2018), contemplado no 1º Edital de Fomento à Cultura do Estado do Paraná. Foi finalista no Prêmio Off Flip 2021 de contos com “A descida”. Roxo (2022) é seu primeiro romance policial e de mistério, publicado pela O Grifo.
Euler Lopes é diretore teatral e dramaturgue. Atualmente trabalha na Cia de Arte Alese. Publicou os livros 10 afetos e Bolor. Escreveu dramaturgias para os grupos Cia Dicuri (SE), Caixa Cênica (SE), O Imaginário (RO), Menina Miúda Produções (AM), Sociedade T (RN), Teatro da Margem (RN) e Nuclearte (MG). Foi contemplade no Jovens Dramaturgo (2013) e Edie (2016). É doutorande em Letras pela UFS, onde pesquisa violência na dramaturgia latino-americana. Promove oficinas de escrita criativa desde 2016.
Irka Barrios é autora de Lauren (Caos & Letras, 2019) e Júpiter Marte Saturno (Uboro Lopes, 2022). Mestre (PUCRS) e Doutoranda (UFRGS) em Escrita Criativa, venceu os prêmios Brasil em Prosa (Amazon, 2015), com o conto “O coelho branco”, e Odisseia da Literatura Fantástica (2022), com o conto “A parte de dentro”. Seu romance Lauren foi finalista do Prêmio Jabuti em 2020 e é uma das organizadoras da antologia O Novo Horror (2021) pela O Grifo.
Juliana Blasina é poeta, bióloga, mãe atípica e ativista cultural feminista. Mestra em Letras e em Ciências Fisiológicas pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), é autora dos livros 8 horas por dia (Concha, 2017) e Toracotomia caseira (Urutau, 2021), finalista do Prêmio Minuano 2022. Nascida na Porto Alegre dos anos 80, mora em Rio Grande (RS) desde menina, onde agita a Zine Marítimas e o Coletivo Mulherio das Letras.
Juliane Vicente é filha de Oyá e neta de Luiza. É multiartista, performer e cientista afrofuturista. Bailarina de folclore brasileiro no Grupo Andanças e bailaora na Cia La Negra. Venceu os prêmios Odisseia de Literatura Fantástica, Microconto de Ouro, 53º FEMUP, III Fale em Versos e Slam das Minas. Contemplada no Prêmio Trajetórias PMLL 2021 e Trajetórias Culturais Mestra Sirley Amaro. Foi finalista no Slam Conexões, Slam do Gozo, Slam Chamego, III Cuéntame un cuento e semifinalista do IV e V Prêmio Aberst de Literatura. É Mestre em Comunicação e Especialista em Teoria e Prática na Formação do Leitor. Como Doutoranda em Comunicação (PUCRS) e produtora cultural, pesquisa a indústria criativa com investigações sobre os processos de criação artística e transmidialidade. Participou da antologia O Novo Horror (2021) pela O Grifo.
Larissa Prado nasceu em Goiânia no final dos anos 80. É graduada em História, pós-graduada em História da Arte e especializada em Literatura Contemporânea. Estudante de Filosofia, autodidata por curiosidade e sede de conhecimento. Maravilha-se com os mistérios do Ser e do Universo, apaixonada por expressões artísticas. Começou a escrever ficção especulativa há oito anos. Desde então, publicou sete livros de contos, novelas e coletâneas. Foi premiada pela ABERST em 2019 com o livro O Rastro da serpente, e em 2021 com o livro TR3S, escrito em parceria com Larissa Brasil. A sua escrita é influenciada pelo absurdo da existência humana. Participou da antologia O Novo Horror (2021) pela O Grifo.
Tatiana Cruz é poeta, colagista e pesquisadora. Autora do Na minha casa há um leão (Editora Zouk, 2021), co-fundadora do Sarau Nosotras (Porto Alegre), criadora do mapa global de abrir voz de mulheres no Instagram (@1minuteslam), ilustradora de livros, revistas e arte em geral no @Fabulario.Collage. É letrista de canções gravadas nos discos Tresavento (Marcelo Delacroix), Limbo (Dany Lopez) e Bom Dia, Boa Tarde, Boa Noite (Fabricio Gamboji). Formada em Jornalismo pela UFRGS, com MBA em Marketing pela FGV, e especialização em Literatura Brasileira no Instituto de Letras da UFRGS, trabalha com Branded Content.
O que: Campanha de financiamento para o livro In Corpa
Quando: de 13/01 a 27/02
Onde: www.catarse.me/incorpa
In corpa
Andréa Berriell, Euler Lopes, Irka Barrios, Juliana Blasina, Juliane Vicente, Larissa Prado e Tatiana Cruz
Contos, fototografias, colagens, poemas e outros textos sobre corpo e sexualidade
O Grifo editora
192 pgs.
Previsão de lançamento: maio de 2023
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Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.
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