Ensaio 68 – poesia de Fernanda Monteiro


Fernanda Monteiro
Ensaio 68 - poesia de Fernanda Monteiro

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É estranho perder as janelas 

e não poder mesclar carne e romance

e ter que extinguir o primeiro dos elementos 

este fogo criativo que sopra e instiga a minha imaginação

quando lembro da consistência do teu lábio inferior 

e de outras partes

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Esta noite eu poderia descer ao inferno  

rasgar todos os meus sonhos bem-aventurados

junto às tuas ideias minúsculas 

A tua beleza perturbou a minha visão sensitiva

eu respondi sim mesmo sabendo que amanheceriam sabores amargos 

e já são tantos os ontens para esquecer 

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Esta noite me parece que faltam

algumas marcas nos pulsos

as mesmas que tento extrair da alma 

Preciso renovar as falas, as senhas

o livro de cabeceira

e o estilo de homem também.

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Maio de 1998

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