Estava no início do fundamental quando ganhei um meião de futebol. Eu já tinha chuteira, calção e camisa do Xavante. Sabia que, jogando no campo do colégio a gurizada chegava de carrinho. Então, para completar o fardamento, peguei um exemplar do Diário Popular, dobrei três ou quatro vezes, coloquei dentro da meia e fiz uma caneleira.
Esses dias, fui ao Mercado Central, na peixaria, pedi 5 filés de pescada. Após fazer o pagamento, peguei a sacola e reparei que o peixe estava enrolado em papel pardo. Em outro momento, o embrulho estaria estampado com fotos de pessoas elegantes e charmosas na coluna do Flávio Mansur.
O jornal impresso é um objeto do cotidiano reutilizado em diversas situações. Não raro, ele é encontrado no fundo de gaiolas, no cantinho da casa onde o pet vai fazer coco, ou ajudando a acender o fogo para o churrasco de domingo. Depois de lavar o carro, se tornou um hábito colocar sobre o assoalho algumas páginas para amenizar o pisoteio de pés sujos nos tapetes.
Lembro que meu avô, quando ia ao estádio Bento Freitas, levava um jornal para não sentar direto na umidade da arquibancada. Após o jogo, com a multidão saindo, um ou outro exemplar ficava para trás, pegando fogo. Ainda assim, por incrível que pareça, algumas pessoas também usam esse suporte para ler notícias.
Jornalista.
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