Armadilhas para capturar sombras, com fotografias de Renato Palumbo e curadoria de Neiva Bohns reúne uma seleção de fotografias que foram feitas em outubro e novembro de 2019, quando o fotógrafo visitou, pela primeira vez, Pelotas.
Diferentes imagens serão veiculadas diariamente através da plataforma do Instagram da Galeria de Arte A Sala, do Centro de Artes da UFPel, em agosto.
A série de trinta fotografias, apresentada neste projeto, fala tanto das coisas vistas, quanto do olhar de quem as viu. As imagens, melancólicas e misteriosas, em alguns momentos revelam o conflito visual entre diferentes concepções urbanas que convivem na cidade. Noutros, mostram detalhes quase invisíveis, fragmentos silenciosos, aspectos sombrios, coisas esquecidas, que estão associadas às edificações ou aos usos dos espaços comuns. O ato de percorrer a cidade com uma câmera na mão, usando a lente como instrumento de investigação, aciona simultaneamente a prática artística e os procedimentos do historiador da arte e da arquitetura.
Neste caso, o que importa não é partir de um lugar e chegar em outro. Ao contrário, o mais enriquecedor desta experiência, de flanar pela cidade, é perder-se nas observações casuais, nos detalhes mais desimportantes para o cidadão apressado.
Desta forma, numa busca por novos processos historiográficos, as imagens produzidas, que se entregam deliciosamente à fruição estética, também podem ser utilizadas como fontes de pesquisa para os historiadores da arte e da arquitetura. Sob o ponto de vista do fotógrafo que monta as armadilhas e captura, como imagens desapegadas, os fragmentos do mundo real, os elementos visíveis são como termos avulsos nessa gramática aleatória. Cada imagem aciona seu universo particular de referências e sua razão de existir.
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Renato Palumbo (Rio de Janeiro, 1967) Doutor em Arquitetura e Urbanismo pela FAU-USP, começou os estudos artísticos nos anos 80, como aluno da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, frequentado o atelier do xilógrafo Rubem Grillo e, posteriormente, já em São Paulo, o de Maria Bonomi.
Ao longo dos anos participou de exposições no Rio de Janeiro, Campinas, Curitiba, Belém do Pará, Genebra e Havana. Transitando pelas linguagens do desenho, da gravura, da fotografia e da colagem, atualmente leciona história da arte no Instituto de Artes da Universidade Federal de Uberlândia, em Minas Gerais, onde vem pesquisando novas possibilidades narrativas que integrem o pensamento historiográfico às práticas das artes visuais.
Neiva Bohns (Pelotas, 1961), é professora, pesquisadora do Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas, RS. Também atua como historiadora da arte, curadora e crítica de Artes Visuais.
Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.
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