Baixe o Dicionário da Cultura Pampeana Sul-Rio-Grandense hoje mesmo


Dicionário da Cultura Pampeana Sul-Rio-Grandense, obra póstuma de Aldyr Garcia Schlee, já disponível para download e consulta on line.

A proposta é oferecer uma contribuição original e inovadora, não só para um melhor e mais aprofundado conhecimento da singularidade linguística da fala do homem do pampa – o gaúcho – como para o enriquecimento e atualização da descrição lexicográfica do português brasileiro.

Parte da hipótese de que a cultura gaúcha é una, embora diferenciada (entendendo-se por cultura gaúcha a cultura característica dos povos não só do pampa sul-rio-grandense, mas igualmente do pampa uruguaio e argentino); e busca a comprovação dessa hipótese no registro da linguagem representativa – especificamente – da fala dos brasileiros do pampa sul-rio-grandense. Daí que seja caracteristicamente original e inédito, pois tem por objeto preliminar toda a cultura pampeana (a da metade sul do Rio Grande do Sul, do Uruguai e de parte da Argentina) e porque parte da literatura pampeana como um todo, para atingir seu objetivo.

Acesse: www.dicionariopampeano.com.br

Sobre o projeto e seu Autor
Falecido em 2018, o escritor, jornalista e tradutor Aldyr Garcia Schlee tornou-se conhecido por sua vasta obra relacionada à literatura uruguaia e gaúcha, à identidade cultural e às relações fronteiriças. E o lançamento póstumo da caixa com os dois volumes de “Dicionário da Cultura Pampeana Sul-Rio-Grandense” chega para enriquecer ainda mais essa qualidade.

Por mais de dois séculos desenvolveu-se, no extremo sul do Brasil, mais precisamente na metade sul do Rio Grande do Sul, uma forma muito singular e característica de cultura: a cultura pampeana – própria do Pampa, região de pastagens da América do Sul que ocupa a planície costeira e interiorana do Rio da Prata (e de seus formadores Paraná e Uruguai), desde a província de Buenos Aires até a parte meridional do Rio Grande do Sul, incluindo toda a República Oriental do Uruguai.

Ali, no universo pampeano, constituiu-se o mundo do gaúcho: uma sociedade pastoril patriarcal e autoritária, com traços culturais diferenciados e bem definidos, baseada numa economia arcaica, vinculada geralmente à exploração do latifúndio e baseada particularmente na criação extensiva de gado.

Esse universo foi delimitado por linhas divisórias, que separaram impérios e separam países; mas que, mesmo assim, não puderam impedir o surgimento de uma cultura comum e de um modo particular de interpretação da realidade pampeana, a partir do espanhol ou do português, através de importante recriação linguística e rica diversificação léxica.

Em 2001, o escritor e tradutor bilíngue Aldyr Garcia Schlee iniciou uma pesquisa minuciosa. Toda a sua atividade como ensaísta e ficcionista, tanto em português quanto em espanhol, está centrada no território literário da fronteira brasileiro-uruguaia. Sua atividade como tradutor levou-o a verter, tanto do espanhol para o português como do português para o espanhol, obras fundamentais da literatura gaúcha – platina e sul-rio-grandense – de autores como Domingo Faustino Sarmiento, Eduardo Acevedo Díaz, Javier de Viana, Ricardo Güiraldes, Francisco Espínola, João Simões Lopes Neto e Cyro Martins.

Ao lidar com a linguagem literária desses escritores, pôde perceber a importância e o significado de sua contribuição para um conhecimento mais preciso e mais amplo da cultura pampeana e da fala característica do homem do pampa – contribuição que, contudo, não foi nem tem sido anotada adequada e suficientemente nos dicionários e vocabulários de regionalismos existentes em língua portuguesa.

A linguagem literária gaúcha, nascida da espontaneidade da fala popular, reelaborada e desenvolvida em quase dois séculos por expoentes da literatura pampeana – tanto em português quanto em espanhol – foi o substrato da pesquisa que resulta neste Dicionário da Cultura Pampeana Sul-Rio-Grandense.

Originando-se da linguagem empregada pelos escritores – que, ao seu tempo (de 1811 a 1994), foram importantes intérpretes da realidade pampeana no Brasil, no Uruguai e na Argentina – este dicionário faz a abonação e o registro das expressões por eles utilizadas na tradução do mundo peculiar de vida do gaúcho do pampa sul-rio-grandense, bem como das circunstâncias particulares desse modo de vida, dos correspondentes traços culturais e da fala popular.

Em dois volumes, o Dicionário faz um registro aprofundado e atualizado não só da fala do homem do pampa sul-rio-grandense como das mais variadas formas pelas quais se manifesta a cultura pampeana. O lançamento aconteceu, em Pelotas, no dia 09 de abril, no Salão Nobre da Prefeitura, e em Jaguarão, no dia 12 de abril, na Biblioteca da Unipampa, em Jaguarão.

Sob o selo Fructos do Paiz, o livro tem patrocínio da Braskem, por meio do financiamento do Pró-Cultura RS. O Dicionário foi disponibilizado a instituições de ensino, de pesquisa e bibliotecas interessadas e já disponível para download.

Foto: Luiz Carlos Vaz

Aldyr Garcia Schlee (Jaguarão, 22 de novembro de 1934 – Pelotas, 15 de novembro de 2018.) Escritor, jornalista, tradutor, desenhista e professor. Sua obra está relacionada à literatura uruguaia e gaúcha, à identidade cultural e às relações fronteiriças.
Doutor em Ciências Humanas, Schlee publicou mais de 15 livros, entre contos, ensaios e romances e sua obra integra mais de seis antologias.

Alguns dos seus livros foram primeiramente publicados no Uruguai pela editora Banda Oriental. Traduziu “Facundo”, do escritor argentino Domingos Sarmiento e fez a edição crítica da obra do escritor pelotense João Simões Lopes Neto. Foi planejador gráfico, repórter e redator do jornal Última Hora. Criou o jornal Gazeta Pelotense. Conquistou o Prêmio Esso de Jornalismo. Foi fundador da Faculdade de Jornalismo da Universidade Católica de Pelotas/UCPel, de onde foi expulso durante o golpe militar de 1964, quando foi preso. Foi professor de Direito Internacional da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pelotas/UFPel por mais de trinta anos e também pró-reitor de Extensão e Cultura.

Criou o uniforme verde e amarelo da seleção brasileira de futebol, mais conhecido como Camisa Canarinho. Em 1953, aos 19 anos, desenhando e fazendo caricaturas para jornais de Pelotas, venceu 201 candidatos no concurso promovido pelo jornal carioca Correio da Manhã para a escolha do novo uniforme da seleção. Após o concurso, a então Confederação Brasileira de Desportos (CBD) oficializou o uniforme.

Recebeu por duas vezes o prêmio da Bienal Nestlé de Literatura Brasileira e cinco vezes o Prêmio Açorianos de Literatura. Em novembro de 2009, publicou “Os limites do impossível, os contos gardelianos” pela editora ARdoTEmpo e em 2010, pela mesma editora, o romance “Don Frutos”, ano em que também foi conquistou o Prêmio Fato Literário de 2010.

 

Fonte: Simone Lersch – Maestra Comunicação e Cultura

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