A luta pela democracia no Brasil tem sido marcada pela mobilização de uma série de segmentos sociais, nem sempre reconhecida pela população ou mesmo pelas narrativas oficiais. O silenciamento aos sujeitos também integrantes desse processo motivou a produção de um documentário no Centro de Memória LGBTI João Antônio Mascarenhas, projeto de extensão da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), para contar a emergência do movimento pelos direitos sexuais no Brasil nas décadas de 1970 e 1980.
O esforço durante quatro anos deu forma ao documentário “Quando Ousamos Existir”. A produção universitária já recebeu quatro prêmios; no mais recente, o Festival Internacional de Cinema de Estocolmo, venceu na categoria de melhor filme LGBT.
Documentário pelotense
O audiovisual, dirigido por Cláudio Nascimento e Marcio Caetano, revela as implicações entre a trajetória da redemocratização brasileira com os movimentos LGBT+, ao apresentar a voz de seus protagonistas. A equipe, para isso, realizou mais de 150 entrevistas com lideranças LGBT+, em diversas regiões do País.
A obra ilustra, dessa forma, a pluralidade de sujeitos, marginalizados, integrante do processo político que levou à Assembleia Constituinte de 1987-1988. “A importância é exatamente exemplificar a participação de outros segmentos que foram e ainda são marginalizados no processo de luta pela democracia e ampliação da democracia brasileira”, avalia o professor da UFPel e codiretor do longa-metragem: Marcio Caetano.
Reconhecimento
A expectativa é de que o reconhecimento nacional e internacional ao documentário, comenta o professor, incentive as instituições universitárias à produção do conhecimento por meio da linguagem audiovisual. Além do Festival Internacional de Estocolmo, o longa-metragem recebeu prêmios na Mostra Internacional de Cinema e Direitos Humanos de Maringá e no 7º Festival Internacional de Cinema da Diversidade Sexual e de Gênero de Goiás.
Após a fase de participação em festivais nacionais e internacionais, “Quando Ousamos Existir” será lançado oficialmente, possivelmente ao final de 2023, com perspectiva de exibição em salas de cinema no País. Até o momento, foram realizadas pré-estreias em Pelotas, Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro.
Próximos Projetos
O material histórico coletado para o documentário, planeja a equipe do Centro de Memória LGBTI João Antônio Mascarenhas, será utilizado para a criação de um museu virtual da militância LGBT+. Outras produções, na forma de séries, poderão ser também produzidas. A proposta é que esses audiovisuais abordem temas específicos, como a Constituinte de 1987-1988 e a luta contra a AIDS.
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Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.
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