Com previsão de lançamento para o final de setembro, o projeto Do fogo que arde em nós, de autoria da jornalista e produtora cultural Ediane Oliveira, foi aprovado como um dos projetos mais relevantes do Rio Grande do Sul a ser realizado neste ano, no edital Diversidade das Culturas, na categoria Literatura da Fundação Marcopolo.
A proposta busca divulgar e fomentar a produção literária de autoras negras do Rio Grande do Sul em um e-book que contará com quatro poetas selecionadas a partir de uma chamada pública. A coletânea que busca destacar a forte presença de autoras negras no campo da literatura, conta com quinze textos de cada autora e será disponibilizada em e-book e portal virtual.
O título remete e homenageia a obra da escritora Conceição Evaristo e expressa o espírito coletivo da resistência, do saber e da subjetividade feminina negra, descrita no poema “Do fogo que arde em mim”. A escritora também é conhecida por cunhar o conceito poético-político escrevivências, o qual a autora sugere como uma escrita comprometida com a condição de mulher negra em uma sociedade marcada por discriminações de gênero, raça, classe e sexualidade. O termo aponta para uma dupla dimensão a partir da vida que se escreve na vivência de cada pessoa.
De acordo com a idealizadora e organizadora do e-book, Ediane Oliveira, a divulgação e a visibilização da escrita de mulheres negras a partir dos seus processos criativos é fundamental de ser valorizado: “O espaço da literatura para mulheres negras ainda é um campo a ser ocupado cada vez mais por nós. Há, sobretudo, uma enorme diversidade de escrita feminina negra, através de slammers, MCs, poetas e pesquisadoras. Estamos produzindo constantemente uma escrita criativa, poética e potente através das nossas escrevivências”, pontuou.
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A ideia também nasceu da pesquisa de mestrado em Antropologia, em que Ediane pesquisou experiências e epistemologias de mulheres negras em Pelotas e pôde conviver com os saberes de três interlocutoras que são referências na cultura e no saber griô, como: Dona Sirley Amaro – mestra griô e contadora de histórias; Ernestina Pereira, ativista política e sindicalista e Maria Baptista, expoente na divulgação do sopapo.
Além da realização do e-book que estará disponível em plataforma virtual, o projeto prevê a criação de um site com divulgação de outras poetas negras do Sul, especialmente as que se inscreveram e não foram selecionadas. O projeto tem coordenação editorial e organização de Ediane Oliveira e projeto gráfico, capa e identidade visual de Priscila Lampazzi.
Autoras negras do Sul que quiserem enviar suas poesias e escrevivências podem encaminhar para o e-mail: dofogoquearde@gmail.com
Sobre as autoras
As quatro selecionadas que darão vida ao e-book Do fogo que arde em nós trazem diversidade em suas escritas: do slam poesia, à escrita do rap, à poesia mais tradicional, aos relatos de pesquisa acadêmica com escrevivências. Quatro autoras imprimem sua identidade na escrita e trazem o elo da potência da escrita feminina negra.
Agnes Mariá, artivista, escritora, educadora, musicista, produtora, compositora e slammer; Claudia Daiane Garcia Molet, sambista, compositora, enredista, professora e pesquisadora; Eliana Marah, poeta, professora Doutora em Letras e Pérola Negra, artista independente e rapper.
Projeto executado através do Edital Criação e Formação Diversidade das Culturas realizado com recursos da Lei Aldir Blanc no 14.017/20.
Site do projeto em construção: dofogoquearde.art.br
Instagram: @fogoquearde.poesia
Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.
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