O plaquete, um livro de pequena espessura, com 40 páginas, é a mais nova aposta da editora porto-alegrense Bestiário, um formato propício para apresentação de poesia.
As primeiras publicações são Melhor é ser um peixe, de Diego Petrarca, e Outros vanguares, de Machado Bantu. O formato plaquete tem baixo custo e apresenta um trabalho gráfico caprichado. “Esse formato (14 x 21 cm) vem do simbolismo francês e aqui em Porto Alegre tivemos, por exemplo, o poeta simbolista Eduardo Guimaraens que publicou nesse formato em 1917”.
Melhor é ser um Peixe
As ondas e a vontade de mergulhar no fundo mar. Melhor é ser um peixe existe porque existem as marés. Esse peixe personagem, alter ego do autor, afirma sua necessidade de existir, de algum modo, entre as águas: se soubesse surfar/juro que não pisava mais no chão. Outros elementos para além da mera vida real, a sede excessiva ou até mesmo o calor. Tudo leva para o mar e esse peixe reitera essa verdade: Dentro de casa/ peixe no aquário/nada sem água. O fato é que sempre de alguma forma estamos guardados, em casa, nos apartamentos, ou na solidão das grandes cidades. Dentro de nós existe um oceano. Sombra e /o afago /das marés/ minha chance /de morar /no espaço-no mar. Azul calmaria. Para o peixe a água basta. Oceano refletido, memória, ponte entre o inconsciente e a intuição, réstia de oração azul, como são as ondas. Quem se atreve/ a mergulhar?
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Outros Vanguares
A poesia é tema e a metalinguagem está presente. O amor projetado num posto indeferido. A caligrafia capta o espírito de Um London Indio Off-line. Lirismo que revela uma visão de mundo onde o ar transgrida /o par do peito/ a janela /e vire brisa. O mapa das árvores ou uma jarra de café. Outros Vanguares para esses e outros tempos. Poemas num formato mais econômico e acessível num momento de tantas incertezas e de dor provocados pelo isolamento. Não se apresentam como solução, nem amparo, em que o país desfalece de esperanças com um governo tirano e retrógrado com as artes, saúde e educação. Muitos poemas foram escritos antes mesmo de tudo isso acontecer. Eles aqui reunidos traçam uma pesquisa, um autoconhecimento e ressignificação. A ancestralidade e a poética conduziram este trabalho e agora fica o registro em versos que inspiram e lançam fé de luta sem ter de explicar porque estar-se feliz. O autor Machado Bantu sabe bem do que está falando, e digo mais: ele sabe voar. Quem pararia suas coisas para nos ouvir cantar?
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Diego Petrarca nasceu em Porto Alegre em 20 de março de 1980. Mestre em Teoria Literária – Escrita Criativa. Publicou os livros: Nova Música Nossa (crônicas), 1998; Mesmo (poesia), 2003; Banda (poesia), 2002; Via Cinemascope (poesia), 2004; Cada Coisa (Multifoco-poesia), 2012; Vento & Avenca (Athy-haicais), 2012; Hai-Cábulos, (Dulcinéia Catadora) com Andréia Laimer, 2012; Tudo Figura, 2014, – selecionado pelo Plano de Edições do Instituto Estadual do Livro (indicado ao prêmio AGES poesia 2015) e Carnaval Subjetivo (Bestiário), 2018. Premiado em concursos literários. Integrou 18 antologias, publicou textos e poemas em jornais e revistas. Trabalha em projetos de literatura e jornalismo literário. É professor de literatura do Estado do RS e ministra oficinas literárias em órgãos de cultura em Porto Alegre.
Machado Bantu é Rodrigo Abrahão Machado Gomes, nascido em Porto Alegre/RS em abril de 1976. Morador de Alvorada desde 1987, quando foi com sua mãe e suas duas irmãs integrar uma Ocupação Popular pela luta da habitação. Escreve poemas desde os 11 anos, teve alguns poemas publicados em jornais alternativos e livros de coletâneas de poesias de temas diversos.
Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.
Pois esse autor Machado bantu é o mesmo da
antologia re existências lançado pela editora cirkula?
Olá Ana. Sim o Machado Bantu é o poeta que também esta presente no livro “(Re) Existências Juvenis na Arte da Vida”.