“Adélias, Marias, Franciscas…” dias 13 e 14 de agosto no Teatro do COP


“Adélias, Marias, Franciscas…” é um espetáculo na interface entre a dança, o teatro e a literatura, no qual Maria Falkembach re-escreve com seu corpo a obra literária da grande poetisa Adélia Prado.

Personagens femininos se desdobram num mesmo corpo que apresenta um mundo complexo, entrelaçado, onde tudo transmuta. A atriz-dançarina faz uma espécie de confissão, que revela e concretiza desejos do ser feminino. O espetáculo é sobre a vida comum, de gente comum, de mulheres que vivem intensamente diferentes situações. Nos limites destas situações estão a dor, o êxtase espiritual e o gozo carnal, que se confundem e têm a mesma origem: o ser humano e a vontade divina.

Teatro do COP (Rua Almirante Barroso, 2540)
13/08 – sábado – às 21hs
14/08 – domingo – às 18hs
Ingressos – R$ 10,00

SOBRE MARIA FALKEMBACH
Maria é atriz, bailarina, coreógrafa e professora do Curso de Dança – Licenciatura da UFPEL. É formada em Artes Cênicas pela UFRGS e Mestre em Teatro pela UDESC. Coreógrafa e diretora do Tatá – Núcleo de Dança-Teatro da UFPEL.

Foi professora do Departamento de Arte Dramática da UFRGS por dois anos e professora convidada do curso de Mestrado em Dança da Universidade Nacional da Costa Rica. Fundadora do grupo Depósito de Teatro, de Porto Alegre, onde trabalhou por 12 anos e onde integrou o elenco dos seguintes espetáculos: BOCA DE OURO (Prêmio Açorianos de Melhor Espetáculo de Teatro 98); RISCO, ARISCO & CORISCO (99); A FARSA DO PANELADA (00); O PAGADOR DE PROMESSAS (01); AUTO DA COMPADECIDA (Açorianos de Melhor Espetáculo de Teatro 02), GRÁVIDA (204), DR. QS QURIOZAS COMÉDIAS (Prêmio Açorianos de Melhor Espetáculo de Teatro 05), FARRA DE TEATRO (co-direção, 05-07), todas dirigidas por Roberto Oliveira. Também participou como bailarina em ORLANDO’S (Açorianos de Melhor Espetáculo de Dança 1997) com a Cia. Terpsí-Teatro de Dança e em DAS TRIPAS SENTIMENTO (Açorianos de Melhor Espetáculo de Dança 00), direção de June Maac. Desenvolve as pesquisas sobre dramaturgia do corpo, sobre a transcriação da literatura para o corpo e sobre a expressão do feminino. Três espetáculos foram resultantes destas investigações: “Adélias…”; “Grávida”; “Penélope Bloom” (uma co-produção Brasil-Costa Rica, que recebeu o Prêmio Myrian Muniz-FUNARTE). Tem participado de projetos que visam à democratização da arte e a reflexão sobre a condição da mulher na contemporaneidade: oficina de dança no projeto de Descentralização da Prefeitura de POA; coordenação do Ponto de Cultura da Vila Santa Rosa; criação do projeto Correios Leva Você ao Teatro; criação do Ponto de Cultura Ventre Livre, entre outros.

SOBRE ADÉLIA PRADO
Segundo Carlos Drummond de Andrade: “Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo: esta é a lei, não dos homens, mas de Deus. Adélia é fogo, fogo de Deus em Divinópolis”. Escritora, professora por formação, exerceu o magistério por 24 anos, até que sua carreira de escritora tornou-se sua atividade central. Seu 1º livro, “Bagagens”, é lançado em 1976. Em 1978 lança “O Coração Disparado” e recebe o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro. Publicou 6 livros de poesia (Bagagens, O Coração Disparado, Terra de Santa Cruz, O Pelicano, A Faca no Peito, Oráculos de Maio) e 6 livros de prosa (Solte os Cachorros, Cacos para um Vitral, Os Componentes da Banda, O Homem da Mão Seca, Manuscritos de Felipa e Filandras), além de antologias e parcerias. Participou de eventos de escritores em Portugal, Havana (II Encontro de Intelectuais pela Soberania dos Povos de Nossa América), Nova York (Semana Brasileira de Poesia, promovida pelo Comitê Internacional pela Poesia), Berlim (Línea Colorada). Tem três obras traduzidas para o inglês e duas para o castelhano. Existem diversos estudos acadêmicos (dissertações de mestrado) e ensaios críticos sobre sua obra.

MAIS SOBRE O ESPETÁCULO
A dramaturgia (concebida a partir dos conceitos de colagem e montagem) foi criada a partir de segmentos representativos dos escritos de Adélia, buscando o seu olhar sobre o mundo, se propondo a abarcar temas recorrentes na sua obra, tais como: Deus, o medo, a morte, o sexo, o amor, o bicho-ser humano, as crianças, o ensino, a condição feminina.

Esta poetisa brasileira é descrita por Carlos Drummond de Andrade: “Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo: esta é a lei, não dos homens, mas de Deus. Adélia é fogo, fogo de Deus em Divinópolis”.

Conforme o ensaio crítico de Vera Queiroz, Adélia transforma a vida cotidiana em matéria de poesia e, assim, transcende o banal, na aceitação e no entendimento da expressividade da vida diária e feminina. A questão do feminino aparece na poesia adeliana no modo como ela observa, descreve e nos faz ler o mundo, num movimento entre a tradição e a ruptura.

Este modo de ver e de compor é encarnado pela atriz na busca da expressão do mundo das mulheres, do mundo visto pela ótica do fêmeo. Personagens femininos se desdobram num mesmo corpo que apresenta um mundo complexo, entrelaçado, onde tudo transmuta. A atriz-bailarina re-apresenta mulheres que vivem intensamente diferentes situações e revelam seus mundos e seus desejos. Em congruência com a obra de Adélia, a vida comum, de gente comum, se confessa corriqueira e solene. Nos limites estão a dor, o êxtase espiritual e o gozo carnal, que se confundem e têm a mesma origem: o ser humano e a vontade divina.

A escritora rearticula a linguagem coloquial e popular, o modo de falar do brasileiro de maneira que revela a universalidade e transcendência da fala do nosso povo. Do mesmo modo, a peça faz um diálogo entre o popular e o erudito, retrata o Brasil das pessoas simples através de uma linguagem cênica contemporânea e elaborada, que se insere nas pesquisas de ponta do panorama do teatro e da dança hoje.

A autora chega no universal pelo seu modo de enxergar a sua cidade provinciana: “Alguns personagens de poemas são vazados de pessoas da minha cidade, mas espero estejam transvazados no poema, nimbados de realidade. Eu só tenho o cotidiano e meu sentimento dele. Não sei de alguém que tenha mais. O cotidiano em Divinópolis é igual ao de Hong-Kong, só que vivido em português.”

Para José N. Pinto, “Adélia Prado faz poesia e prosa com fé no chão. O cristianismo em Adélia não é um experimento metafísico, mas uma vivência cotidiana, doméstica. Ela pratica sua crença religiosa à mesa, mas também na cama”. A autora fala de sua experiência:

“a poesia é um fenômeno de natureza religiosa, pois tem um papel fundador, que me conecta ao centro do ser. Baratearam a linguagem da religião e, barateando, aquilo que deve ser dito não é dito. Estamos perdendo a natureza do sagrado, perdendo o mistério.”

O espetáculo promove experiências dessa natureza, no encontro entre a carne-signo da atriz-bailarina e o público, na comunhão do momento efêmero das ações cênicas. A interpretação é confessional, tal como a poesia que recria. Um corpo-oráculo, que torna-se movimento poético, revela e concretiza a complexidade de desejos do ser feminino.

Trechos da crítica de Marta Ávila, no jornal La Nación, em 27/02/2008: “La visión de la dramaturga, la poetisa y la intérprete coincidieron en presentar un mundo de gran complejidad por las fuertes contradicciones entre lo humano y lo divino. (…) En su interpretación, Maria Falkembach fue convincente y dio contraste a los esbozos de las personalidades. (…) Adélias, Marias, Franciscas… es un espectáculo redondo que entretiene y hace pensar sin derroche de recursos”.

FICHA TÉCNICA
Concepção e Roteiro e Interpretação: Maria Falkembach
Textos: Adélia Prado
Trilha sonora pesquisada: Maria Falkembach
Cenário: Bibiana Coronel
Figurino: Maria Falkembach e Bibiana Coronel
Iluminação: Mirco Zanini
Produção: Maria & Cia

Curriculo do espetáculo
“Adélias,…” estreou em 2001. Desde então fez 4 temporadas em Porto Alegre e apresentou-se em diversos eventos: PROJETO 12:30, da UFRGS; Festival Int. de São José do Rio Preto; evento da comunidade acadêmica da UNIJUÍ; comemoração de aniversário da cidade de Gravataí; encontro de mulheres agricultoras da FETARGS; Dia Internacional da Mulher (Esteio); I Encontro de Coreógrafos do Sul; Festival da Cia de Teatro da UPF (Passo Fundo); Descentralização da Cultura da Prefeitura de Porto Alegre; Festival de Teatro de Curitiba; Feira do Livro de POA; Proj. Correios Leva Você ao Teatro; VIII Sem. Internacional de Educação (Ijuí); 20º encontro da Rede Mística Feminina (Viamão); Projeto Sarau Segunda às Sete; temporada na Universidade Nacional da Costa Rica; Mostra de Teatro de Pelotas e A Temática do Feminino no Teatro (Caxias do Sul – RS). Sua última apresentação foi na programação do Centro Cultural Banco do Brasil Itinerante 2009, com uma apresentação no Theatro São Pedro, em Porto Alegre.

CONTATOS
Maria Falkembach
mariafalkembach@hotmail.com
http://dramaturgiadocorpo.blogspot.com

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