Em pesquisa do curso de engenharia de materiais da UFPel, foi comprovado a existência de micropartículas de plástico nas águas da Lagoa dos Patos, na cidade de Pelotas.
O estudo foi realizado pelo estudante Pedro Santaliestra sob orientação da professora Fabiula de Sousa.
De acordo com o Pedro, é importante entender a origem do problema. “Não era para existir plástico em águas de mares, rios, lagos e oceanos, e se ele lá está é porque alguém o colocou. Desta forma, este tipo de contaminação é resultado da disposição inadequada de materiais plásticos após o seu uso”, explica.
Fabiula explica que o problema das micropartículas de plástico nas águas, que são partículas de tamanhos menores que 5 mm, não se encerra na sua existência. “As consequências que ela acarreta ao meio ambiente e à saúde da população são muito sérias e, por isso, é considerada um tipo de contaminação”, atenta.
Micropartículas
As micropartículas possuem duas origens principais, primária e secundária. A primária é constituída principalmente por materiais já produzidos na escala de tamanho de micropartículas, como é o caso de glitter, microesferas plásticas usadas em produtos de higiene e beleza como em sabonetes esfoliantes e pastas de dentes por exemplo, e pellets que são utilizados nas indústrias de processamento de polímeros para produzir diversos produtos acabados como sacolas plásticas e embalagens em geral.
Já a secundária é resultado da degradação natural dos polímeros, os quais vão quebrando em pedaços menores durante a degradação, e ainda as partículas liberadas de roupas de tecidos sintéticos durante o processo de lavagem. No caso das micropartículas provenientes da lavagem de roupas e de produtos de higiene e beleza, devido ao tamanho reduzido, elas não conseguem ser retidas nas estações de água e esgoto das cidades, indo direto aos leitos de água.
Já nos demais casos trata-se, conforme citado anteriormente, de disposição final inadequada, sendo que a grande maioria dos materiais plásticos é passível de ser reciclado.
Alerta
O grande perigo são as consequências dessas micropartículas, as quais são acumuladas nas cadeias alimentares sendo ingerida por nós humanos através da ingestão principalmente de peixes, sal marinho e água, até mesmo a mineral. A ingestão de plásticos por aves e animais marinhos acarreta mortes, podendo causar até mesmo extinção de espécies, já que materiais plásticos não são digeridos pelo organismo, sobrecarregando o sistema digestivo. Ainda, devido ao seu tamanho, tais partículas possuem grande área superficial, fazendo-as capazes de absorver diversos tipos de agentes contaminantes tais como agrotóxicos, petróleo, dentre muitos outros materiais perigosos à saúde da população.
De acordo com os pesquisadores, há provas de que ingerimos tais materiais é já foram encontradas micropartículas em fezes humanas, no entanto são necessários estudos para a verificação de suas consequências na saúde humana, mas já se sabe que o problema não é tanto sua presença no corpo humano, mas o que ela carrega consigo.
Uso do plástico
O uso de materiais plásticos na sociedade moderna trouxe inúmeros benefícios em diferentes ramos de atividades, segurança, higiene e praticidade. Portanto, não se trata de banir o uso, já que são essenciais a muitos ramos da sociedade (basta pensar em um hospital, por exemplo), mas sim ter consciência em sua utilização e principalmente preocupar-se com o pós uso.
Dessa forma, o estudo alerta a população para que repense o uso de produtos plásticos, principalmente os de uso único, e para que a população faça seu papel de cidadão ao separar corretamente os resíduos plásticos produzidos diariamente e encaminhá-los para a coleta seletiva da cidade.
Fonte: Coordenação de Comunicação Social
Universidade Federal de Pelotas
Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.
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