Hospitais, igrejas, parque e colônias: apresentações a vários pontos de Pelotas


Foto: Ronald Mendes

Com mais de 20 apresentações, série “Festival na Comunidade” procura descentralizar o evento e promover acesso à cultura através do Festival Internacional Sesc de Música.

Diva Vieira, de 81 anos, frequenta o Festival Internacional Sesc de Música desde a primeira edição. Neste ano, já tinha os ingressos, mas uma queda e uma internação hospitalar mudaram os seus planos. Mesmo assim, Diva não ficou de fora do 10º ano: cinco componentes da Orquestra Municipal, acompanhados pela regente Lys Ferreira, foram até o Hospital Santa Casa de Misericórdia de Pelotas tocar música de concerto pelos corredores como parte da série Festival na Comunidade. Debilitada pelo acidente e emocionada com a visita dos músicos, ela pedia ao marido: “Por favor, aplaude por mim”. E assim, Diva conseguiu completar a marca de participação nas 10 edições.

Foi essa receptividade que contagiou os jovens que compõem a Orquestra Municipal. Os músicos que participaram da visita, com idades entre 10 e 15 anos, foram ganhando confiança e fôlego ao longo do trajeto. À medida que eram recebidos com aplausos, emoção e pedidos para que ficassem mais alguns minutos, reforçavam a convicção de que a música estava sendo levada aonde era mais desejada. “O Festival é para toda a comunidade. E as pessoas que estão internadas aqui também fazem parte da comunidade, não é mesmo? Então, temos de trazer o Festival até elas”, afirma Marlon Molina, de 15 anos. Visão compartilhada pela técnica de enfermagem Jaqueline Meireles: “É como uma dose extra de medicamento para os pacientes. Se para nós já é uma alegria, imagina para quem está internado”.

Foto: Ronald Mendes

Ao todo, são mais de 20 apresentações com a proposta de descentralizar o Festival Internacional Sesc de Música e levar seus acordes a hospitais, espaços públicos e comunidades mais afastadas do Centro da cidade. A cada encontro, novos músicos têm a oportunidade de participar. Para o gerente de Cultura do Sesc/RS, Silvio Bento, o projeto é essencial para promover o acesso à cultura de maneira democrática: “Tradicionalmente os eventos culturais acontecem nos grandes teatros da cidade e, com o Festival na Comunidade, nós estendemos a ação de música para outras comunidades. Mostramos que a música pode ser executada em diferentes palcos, como um salão comunitário, o auditório de uma escola, a associação de um bairro”.

O professor de choro Elias Barbosa e seis alunos se apresentaram no Instituto São Benedito, que atende crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Com a presença de estudantes do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraíba, Argentina e Uruguai, eles resolveram dar até um nome para o grupo que levou clássicos do choro e composições contemporâneas para funcionários do Instituto e moradores de Pelotas: “Choro Latino”. Ele vê as apresentações do Festival na Comunidade como uma oportunidade de exercitar as habilidades musicais e cumprir o papel social da arte. “Levar a música para a comunidade se emocionar e também trabalhar nossos sentimentos e nossa criatividade como músicos é uma grata oportunidade. A música serve exatamente para as pessoas apreciarem e sentirem”.

Coordenadora do projeto, Natália Silva Cardoso destaca o engajamento das comunidades do Interior que recebem as atrações, como a Comunidade Católica São Miguel e da Colônia Santo Antônio, formadas por agricultores. Diferente da maioria das apresentações, nestes locais os concertos costumam ser na parte da noite, respeitando a rotina de trabalho dos moradores. “Algumas nós incluímos na programação porque os moradores nos procuram pedindo que a gente vá até eles, para que não precisem viajar quilômetros para ver as apresentações. São sempre espetáculos lotados, com público muito atencioso e respeitoso, formado por famílias. Eles até tiram dúvidas sobre os instrumentos e preparam ‘mimos’ para os músicos”, afirma. “Eles retribuem de uma maneira muito generosa, muito calorosa, inclusive muitas vezes recebendo os músicos com um café colonial. Em outros anos, já tivemos a participação de um coral da comunidade que se apresentou para os músicos. Então é uma troca, é um grande intercâmbio de culturas”, completa Silvio Bento.

Já tradicional na cidade de Pelotas, o Festival Internacional Sesc de Música chega à sua décima edição se consolidando como parte do calendário do município. Até 31 de janeiro, o evento reúne cerca de 300 alunos que participam de aulas de 24 cursos, sendo 19 de instrumentos, canto lírico, composição, choro, prática de orquestra e prática de banda sinfônica, além de ensaios e apresentações. Além deles, o Festival soma 53 professores de 14 países, alguns integrantes de renomadas orquestras europeias. Ao todo, são 60 apresentações gratuitas para a comunidade.

A realização do é do Sistema Fecomércio-RS/Sesc, com o apoio institucional da Prefeitura Municipal de Pelotas e apoio cultural da Universidade Federal de Pelotas, Universidade Católica de Pelotas, Faculdade Senac, Bibliotheca Pública Pelotense, Unisinos, OSPA, Expresso Embaixador, Ecosul, Café 35 e Biri Refrigerantes. A programação completa pode ser conferida no site www.sesc-rs.com.br/festival.

Fonte: Marina Goulart
Moglia Comunicação Empresarial

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