“Janela da Alma” no Cineclube 68 em Pelotas


O Grupo Olhos de Lata propõe o documentário Janela da Alma (2001) de João Jardim e Walter Carvalho, que trás depoimentos de 19 pessoas com diferentes deficiências visuais, da miopia à cegueira total. Narrando a forma como veem o mundo, como se veem e como veem o outro, mesclando imagens, sons e depoimentos soltos que segundo Wim

Wenders (cineasta alemão) “oferecem ao expectador espaço para a reflexão, lacunas para a imaginação, um respiro necessário…”.

Em uma narrativa descontínua e com ausência de uma sequência lógica nos relatos, instiga-nos a perceber este mundo que nos rodeia e que geralmente é visto apenas com “olhos físicos”, que não é reparado, percebido, que é visto sob o olhar de quem muitas vezes vive como mero transeunte de um caos pós-moderno.

Sendo assim, O CINECLUBE 1968, sob curadoria do GRUPO OLHOS DE LATA, apresenta JANELA DA ALMA propondo fazer-se ver/enxergar através de outros sentidos.

SENTIR- TER SENSAÇÃO DE- VONTADES- PERCEBER- CONCEBER- SER AFETADO POR- INTUIR- APROXIMAR- CARECER- LASTIMAR- QUERER- REPUDIAR- APROXIMAR- TOCAR- SENTIR-SE PRONTO- INERTE- APTO- CAPAZ.

Texto: Juliana Charnaud (Grupo Olhos de Lata)
Wix.com/olhosdelata/oficinaolhosdelata

Dizem lá que a atividade cineclubista iniciou-se na França em meados do século XX. Advém da palavra francesa Ciné-club (‘cinê-clubê’?), que em termos extensos seria um clube de filmes, onde os cidadãos apreciadores da arte cinematográfica sentavam-se para tomar um café, vinho, água, chá (como queiram) e assistir aos filmes da devida época e discutiam sobre. Estudavam o seu significado, sua simbologia, sua ‘feitura’. Dizem lá também que à partir de uma época o cineclubismo estourou por aquele continente, a Europa, e virou febre por todo lado. Até atravessou o oceano atlântico e atracou nas terras dos apalaches, maias, incas, tupis, etc. E parece que o mundo todo queria cinema. Mas o mundo todo também quis mais, e os cineclubes agiram como verdadeiros fomentadores culturais e socio-políticos das grandes cidades. E deles saíam cabeças todo dia mais pensantes. Caso desse cidadão mostrando a línguona nessa foto ali de cima, falam que é meio louco de pedra e também desse barbudo na foto ali debaixo. O Glauber e o Hirszman, dois brasileiros que (quase) nenhum brasileiro gosta!

Foi, também, o caso desses dois xeretas aí da foto de cabeçalho, Godard e Truffaut. Dois franceses que nenhum francês gosta, que se formaram basicamente devido ao contato com cineclubes, inclusive fazendo parte do meio. E, em especial, a cidade de Paris, que foi palco do ápice do descontentamento humano (digamos o embriagamento causado pela desliberdade, desfraternidade e desigualdade) e uma cambada de gente saiu de um cineclube para às ruas. Mais especificamente, num mês de Maio do ano de 1968. E voilá! Um bando de embriagados descontentes decidiram homenagear outro, quarenta e três anos depois…

Texto: Caio Mazzilli
http://cineclube68.wordpress.com/

CINECLUBE 1968.
05 de Novembro
18h
Local: DCE-UFPEL
CURADORIA: Grupo Olhos de Lata
Janela da Alma
Gênero: Documentário
Dir. João Jardim e Walter Carvalho
Ano: 2001
Duração: 73 minutos

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