Literatura para além do oceano. Escritora pelotense ambientou a história na ilha açoriana Corvo, onde esteve em agosto de 2017.
Em agosto chegou às livrarias do Brasil e Portugal o romance “Hortênsias de Agosto”, terceiro livro da atriz e jornalista, Joice Lima. Radicada em Pelotas desde pequena, em agosto do ano passado a escritora passou alguns dias na ilha do Corvo – a menor do arquipélago açoriano – para conhecer os detalhes do lugar que tinha escolhido para ser o cenário da sua história. “Sou jornalista de formação e tinha feito uma boa pesquisa, claro. Tinha informações sobre quase tudo, inclusive das festas mais importantes, que ocorriam em agosto, mas nem tudo está no Google. Precisava sentir os cheiros e sabores, conversar com sua gente, respirar o ar corvino, ver as festas acontecendo… Foi incrível, a melhor viagem da minha vida”, conta a autora.
Para chegar à ilha, levou três dias, desde a saída de Pelotas, passando por Lisboa e as ilhas açorianas Faial e Flores, fazendo trajetos de avião, navio e lancha. “Foi cansativo, mas valeu cada segundo. O Caldeirão do Corvo (uma antiga cratera vulcânica, que hoje é o principal ponto turístico da ilha) é extraordinário, superou todas as minhas expectativas, que já eram grandes. Acho que finalmente encontrei aquele meu lugarzinho especial no mundo. Foram três dias de pura inspiração – e muitas anotações! Todas encontraram seu lugar dentro da história”, assegura Joice.
O processo criativo
“Primeiro eu defino sobre o que quero falar, os assuntos que quero abordar e crio a linha central do enredo. Daí, talvez por influência da minha experiência com teatro, construo os personagens, ao menos os quatro ou cinco personagens centrais da trama. Depois começo a construir um roteiro de capítulos – que vai sofrendo alterações, à medida em que vou escrevendo. Insiro ideias novas, deleto outras que acho que não vão se encaixar, porque muita coisa muda à medida em que vou desenvolvendo os capítulos. Para que seja crível, para que o leitor realmente embarque na história como algo ‘real’, é imprescindível ser fiel às características dos personagens, respeitar suas personalidades, mesmo que isso exija um esforço maior e mudanças no roteiro. Depois que eu os crio, me esforço para que não percam a coerência até o fim.”
Mais que um romance
“Adoro um bom romance, mas confesso que sou bem difícil de agradar. Não tolero mais aquela história em que um homem lindo encontra uma mulher linda e se apaixonam instantaneamente, sem sequer se conhecerem. Gosto de construir essa relação, de mostrar como os dois vão se envolvendo e se apaixonando aos poucos, para além da química física, à medida em que vão se conhecendo pra valer. Gosto de explorar as fraquezas de cada um, porque ninguém, na vida real, é perfeito. Todo mundo falha de vez em quando e tem características que considera desprezíveis, que não queria ter. Gosto de tratar das contradições humanas e fazer provocações, quem sabe trazer reflexões. Se o chapéu servir…”
“Para mim escrever é muito mais que criar uma história com início, meio e fim. É entretenimento, sim, mas também é uma catarse. Preciso dar o meu grito. Por meio dos meus personagens, liberto minhas emoções, eles dizem o que eu preciso dizer. Meu romance não se limita a uma história de amor. Também retrata os dias de hoje, faz crítica social, seja contra a zona em que se tornou o nosso País – fico indignada, sim, revoltada até, mas não sou do tipo que vai pro Facebook bater boca. Respeito quem tem energia para isso. Eu não tenho saco –, seja contra os seres cada vez menos humanos, ainda tão imersos em preconceitos.”
Lançamento com show cover do Pink
Em um evento diferenciado, aberto ao público, com projeção de imagens da viagem ao Corvo, sangria, leitura dramática de alguns trechos do livro com integrantes da Companhia Pelotense de Repertório Teatral e show cover de Pink Floyd com a banda Black Limousine, o lançamento ocorre dia 28 de setembro, das 19h às 21h, na Bibliotheca Pública Pelotense (BPP), apoiadora cultural do livro. O Posto São José também é apoiador. O livro estará à venda nas livrarias Vanguarda e no dia do lançamento, a R$ 50.
Sinopse de Hortênsias de Agosto
Quarentena em ilha dos Açores coloca ex-namorados frente a frente
Lia e Zeca tiveram um envolvimento quando ainda eram adolescentes. O lance não terminou bem e ela guarda muita mágoa daquele a quem passou a considerar “o último homem” no planeta. Os dois estão no mesmo voo de Lisboa para Porto Alegre quando a tripulação descobre a bordo um passageiro com uma doença altamente contagiosa. Sem alternativa, todos são obrigados a ficar 21 dias de quarentena na ilha do Corvo – mais especificamente, no Caldeirão, uma cratera vulcânica extinta há 430 mil anos. Três semanas dividindo a mesma barraca e enfrentando todo tipo de imprevistos faz com que Lia e Zeca se reaproximem e redescubram a si mesmos. Trechos de músicas do Pink Floyd fazem o pano de fundo do romance.
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Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.
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