Lançamento do Livro “Fotos contam uma História de Portugal em Pelotas”


Lançamento e Sessão de Autógrafos do livro “Fotos contam uma História de Portugal em Pelotas”, dia 22 de abril às 20h30min, na Sede Social do Centro Portugues 1 de Dezembro. O livro é uma parceria entre a brasileira Rejane Botelho (fotógrafa, autora das fotos) e a portuguesa Ana Margarida Portela (historiadora de arte, autora do texto).

A pretexto de uma estátua em faiança existente em Pelotas, de proveniência portuguesa, surgiu a ideia de um livro que abordasse o tema da ornamentação cerâmica de origem portuguesa aplicada à arquitectura pelotense da segunda metade do século XIX e dos primeiros anos do século XX. A ideia inicial alargou-se posteriormente, em termos cronológicos e também de suportes artísticos, acabando por incluir gradeamentos, túmulos, arte sacra, estuques e caixilharia.

Em Pelotas, felizmente, a destruição do casco urbano anterior ao século XX não foi tão massiva como em outras importantes cidades brasileiras, estando já latente alguma sensibilização para o valor patrimonial de uma certa arquitectura típica da cidade no chamado “período romântico”, como resultado da fusão de várias influências externas e internas. É claro que este livro não pretende constituir um inventário exaustivo da arquitectura pelotense do referido período, incidindo somente em alguns elementos decorativos de origem portuguesa.

Pelotas -  tecto em estuque (foto de Rejane Botelho)

Terão sido especialmente três, as principais vias de influência da arquitectura portuguesa no Brasil, logo depois do período colonial. Pelotas parece ser bem o exemplo destas três vias de influência, aqui propostas como uma mera hipótese de trabalho, a requerer futuro aprofundamento e confronto com outros casos. De facto, os indícios recolhidos apontam para uma prevalência da influência portuguesa:

– nas áreas artísticas complementares à arquitectura em que os artistas portugueses se posicionavam ao mesmo nível dos melhores artistas europeus – sobretudo, na azulejaria e na estatuária cerâmica;

– no contexto de obras executadas por artistas de eventual origem portuguesa, estabelecidos no Brasil – sobretudo na serralharia e estuques;

– ou no contexto de obras executadas a mando de encomendadores com raízes em Portugal, fossem imigrantes de primeira geração, ou não – não só na azulejaria e estatuária cerâmica, na serralharia e nos estuques; mas também na marcenaria e no gosto arquitectónico em geral.

Apesar de tudo indicar que foi na área da cerâmica (e da estatuária, em particular) que mais se notou a influência portuguesa na arquitectura de Pelotas da segunda metade do século XIX e dos primeiros anos do século XX, essa influência principal não terá sido bem a mesma em outras cidades brasileiras. Por conseguinte, existe um vasto campo de pesquisa ainda por explorar no Brasil, o qual deve ser encarado sem preconceitos ideológicos e de forma minimamente equidistante.

Acesse: queirozportela.com/pelotas.htm

Para saber mais, veja:

“Elementos funcionais e ornamentais da arquitetura eclética pelotense: 1870-1931 – estatuária” (por Amanda Dutra; Ana Luiza Alves; Davi Domingues dos Santos; Jamila Lima Macedo; e Letícia Alves Pereira)

Instituto Portucale de Cerâmica Luso-Brasileira

Rejane Botelho (Agência da Arte – Pelotas)

Artefactos de cerâmica aplicados à Arquitectura do Romantismo em Portugal – Tese de Doutoramento em História da Arte

Fábrica de Cerâmica das Devesas – Património em risco

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