A importância do Jornalismo e da Cultura nos tempos de crise – por Paulo Ienczak


Foto: Lucian Brum

O maior aliado nesse momento, em que o vírus ainda não nos atinge com toda a força, é a comunicação profissional, séria e comprometida, o velho jornalismo.

Por: Paulo Ienczak

Aqueles que decretaram o fim do jornalismo e relegaram a produção cultural a uma atividade de segunda classe, precisam começar a enxergar a importância das duas áreas para a sociedade, e para a existência saudável do ser humano.

No meio dessa pandemia, que muitos só haviam visto algo semelhante em filmes ou jogos de videogame, o que fazer para manter a calma dentro de casa?

Alguns se apegam à religião, outros aos alucinógenos, tem os negacionistas, acredite, que ainda pensam que é tudo invenção da mídia, mas o fato é que o vírus está aí, é uma realidade, e o maior aliado nesse momento, em que ele ainda não nos atinge com toda a força, é a comunicação profissional, séria e comprometida, o velho jornalismo, que muitos já davam como morto. E a cultura, em seu sentido amplo, de arte, entretenimento e criação humana.

Os meios de comunicação sérios estão mobilizados, seja nas ruas ou trabalhando de casa, para levar as informações de prevenção, medidas do governo e o avanço da doença no Brasil. Sem isso estaríamos perdidos. O jornalismo segue atuante, e até com mais intensidade, nos momentos de crise.

Para quem está em casa, dispensado do trabalho, imagina como seria esse confinamento sem internet, streaming, televisão, rádio, podcast, videogame, música, filmes, livros, entretenimento/arte/cultura? Além de não saber o que está acontecendo em relação ao vírus, não se teria a chance de abstrair, viajar para outro lugar, pelo menos por um momento, e se dar ao luxo de esquecer toda a confusão que está lá fora.

É claro que tem gente que usa o entretenimento em outro sentido, não para viajar, mas para inflamar a paranoia, cada um a seu modo. Filmes de epidemias, lançados anos atrás e até esquecidos, voltam a estar em voga. Longas de confinamento, como O Iluminado, clássica adaptação do livro de Stephen King, e Janela Indiscreta, de Alfred Hitchcock, me parecem ter mais a ver com esse momento, mais de tédio e do desafio de permanecer trancado em casa, do que de grandes catástrofes nas ruas.

De qualquer maneira, a comunicação e a cultura têm sido dois grandes aliados para a sociedade, desde sempre, pois a capacidade de exercê-las é o que nos faz humanos. Nesse momento de crise, porém, fica evidente o quanto essas duas áreas são imprescindíveis, tanto quanto – saúde, política e a economia.

Pensem como teria sido mais pesado o fardo para Anne Frank sem a presença da cultura em sua breve vida. Numa era anterior à televisão, confinada em um esconderijo para escapar da perseguição dos nazistas, ao menos a menina judia, no início de sua adolescência, teve os livros para se apegar, bem como o seu diário, que a eternizou para a história.

A atual crise do coronavírus uma hora vai passar, então tiremos uma lição de tudo isso. Vamos deixar as fake news e a desinformação no passado, como uma coisa de antes da pandemia, e que passemos a valorizar os agentes culturais, a arte. Isso nos faria melhores enquanto sociedade. Seria uma bela maneira de começarmos a dar mais valor à vida, pois ela é frágil e passageira, e até mesmo um vírus, que não é visível a olho nu, mas que também não é “só uma gripezinha”, pode fazer com que ela seja ainda mais curta.

Texto: Paulo Ienczak
Foto: Lucian Brum

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