César Lascano usa memórias de um torcedor ‘raiz’ para livro Contos da Arquibancada


César Lascano autor do recém lançado Contos da Arquibancada - divulgação

A batida frase “não é só futebol”, neste caso, cai como uma luva (como a que o goleiro Cássio Ferrari usava no fim da década de 1990 quando o Brasil de Pelotas chegou a despachar o Grêmio de Ronaldinho). Em sua obra de estreia, o autor pelotense César Lascano busca em suas memórias de torcedor xavante a inspiração para criar crônicas e contos que fazem o leitor se perguntar o que é ficção e o que é real.

Contos da Arquibancada no detalhe

O recém lançado “Contos da Arquibancada” chega de forma independente, com um número de exemplares limitados. O livro pode ser adquirido no site contosdaarquibancada.com.br ou na loja Sou Xavante.

Frequentador do estádio Bento Freitas desde criança, César Lascano atua na música há quase uma década. Transitando entre MPB, Rock e Blues, o músico já passou pelas principais casas noturnas de Pelotas e região. Em 2014, lançou seu primeiro trabalho autoral, o disco “Ruas Cruas”, e atualmente trabalha na produção do sucessor.

Em sua estreia na literatura, ele fala de uma paixão de muitos pelotenses: o futebol e, em especial, o Grêmio Esportivo Brasil. Diferentes de outros registros sobre o clube, Contos da Arquibancada usa da rica história para criar uma obra ficcional com 13 contos e 5 crônicas.

“Vários contos partem de situações reais na história do Xavante, ambientados em diferentes épocas”, explica Lascano. Nesse sentido, o autor fez uma profunda pesquisa e os textos ganham vida com a inserção de recortes de jornais, colhidos do acervo da Biblioteca Pública Pelotense.

A proposta é mostrar um pouco da essência do torcedor ‘raiz’, algo que um trabalho estritamente documental não daria conta. Nesse sentido, os personagens e as histórias fictícias misturam-se com momentos históricos do clube. “A ideia é justamente causar uma pequena “confusão” no leitor, mesclando ficção e fatos reais da história do Brasil“, confessa o escritor.

Clique aqui e torne-se um apoiador e-cult

Três perguntas para César Lascano

– Qual sua primeira lembrança enquanto torcedor do Brasil?

Estar na enorme fila para entrar no estádio, com a Princesa Isabel lotada de torcedores. Uma inesquecível mistura de medo e alegria, com doses de surrealismo, na “cacunda” do meu pai, com aproximadamente 3 anos de idade.

– Quais tuas memórias quanto aos primeiros contatos com contos e crônicas? Há alguns escritores e/ou livros destes gêneros literários que tenham te marcado, que tu achas que podem ter te influenciado?

Meus primeiros contatos com contos e crônicas foram através do gênio Luiz Fernando Veríssimo, escritor que tenho como grande influência até hoje. No âmbito dos contos me entusiasmaram muitos clássicos, como Tchekhov, Tolstói e também os gênios da escola brasileira, do passado e do presente, cada um com as suas magnitudes, é claro, mas muita coisa… de Machado de Assis a Charles Kiefer. Mas quem mais me impressionou nesse sentido, lá pelas épocas de ensino médio, foi o francês Guy de Maupassant, aclamado por muitos como o grande mestre do conto.
Já pensando nos contos pelo prisma do universo futebolístico vejo em um primeiro plano figuras como Eduardo Galeano, Nelson Rodrigues, Aldyr Schlee e o próprio Veríssimo, é claro.

– Tuas principais memórias relacionadas ao Xavante (um top 3 ou algo assim).

– A minha primeira visita ao estádio Bento Freitas, em uma manhã nublada, ainda muito criança.
– O grito emocionado e o choro de alívio com gol de empate do Brasil contra o 14 de julho, em Livramento, depois de uma desgastante viagem cheia de imprevistos, que parecia não ter fim, em um ônibus que até hoje me pergunto como foi liberado para circular, na ida até a essa cidade. Um gol sofrido, num campeonato que não valia absolutamente nada, contra um adversário medíocre. A numerosa torcida do Brasil na cidade distante, ensandecida com o tal gol. Indescritível. Incompreensível.
– A atmosfera do estádio Bento Freitas, em um final de semana qualquer, em um jogo qualquer. Domingo de sol. O cheiro de churrasquinho, fumaça de cigarro, cerveja derramada pelo chão. Bagunça, folia, gritos e risadas.

O que me vem à mente são sempre coisas subjetivas. Sem querer ser clichê, mas é como diz o ditado: “não é só futebol”.

Acompanhe novidades nas páginas:
facebook.com/contosdaarquibancada

Clique aqui e torne-se um apoiador e-cult

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*