Coletivo Munaya entrevista Convés Imaginário


O Convés Imaginário é uma banda projetada no início de 2012, por Duda Ribeiro, Paulo Barbosa, Juan Rodrigues e César Gularte. Tem um trabalho autoral formado com base no rock, mas que procura explorar-se ao máximo dentro desse universo e às vezes até fugindo dele, fazendo jus então ao próprio nome. A banda está em processo de gravação de um ep de estreia e em constante processo de composição.

Trocamos uma ideia com o Duda Ribeiro, vocalista dos caras que tocam aqui na Munaya dia 07/12.

Te ligaí!

Coletivo Munaya – Vocês dizem que procuram explorar o rock a ponto de extrapolarem as barreiras do estilo. Como isso se dá no processo de composição de vocês?

Duda Ribeiro – Fazemos música livremente, sem a preocupação de soar como rock. Todos nós curtimos rock’n’roll e acho que é esse o principal ponto que nos conecta enquanto músicos, além de a base do nosso som. Não poderíamos estar tocando outra coisa. Por outro lado, à parte dessa roupagem, as composições que trabalhamos não têm uma sonoridade própria do rock, e se dão a liberdade de flertar com outros estilos. Cada uma com um, aliás. E acho que isso torna bem interessante e particular o nosso processo, porque cria uma variedade de sonoridades, ousa ir longe e voltar, ainda assim com uma sensação de unidade.

CM – A banda surgiu no começo desse ano, mas todos os integrantes são atuantes no cenário cultural pelotense. Como tu analisa esse cenário, na conjuntura atual?

DR – Tem se desenvolvido de uma forma surpreendente pra mim. Moro em Pelotas desde 4 anos atrás, o que não é muito tempo, mas noto a proliferação de agentes culturais pela cidade. Tem bastante gente nova metendo a mão na massa, e bastante gente de fora chegando pra agitar a cidade. Isso é massa, porque trás novos ares pro lugar, que com a comunidade e universidades se posiciona pra abrigar essas pessoas e suas idéias (ou então: inevitavelmente precisa abrigar). E isso é bacana, é transformador. Espero de coração que seja concreto e duradouro, que não seja um processo efêmero e que essa gurizada crie raízes na cidade, não só econômicas, mas que ajudem a articular os acontecimentos e desenvolver um lugar bem pensado e massa de se viver. Ou talvez tudo isso seja uma visão de um cara que veio de uma cidade menor ainda, onde a juventude não faz ninho.

CM – Procurando algum material de vocês aqui pela grande rede, não conseguimos achar nada além dos dois ótimos teasers audiovisuais do Convés. Como vocês classificam importância do formato de um trabalho musical (vinil, cd, mp3) nos dias de hoje? E por que ainda não colocaram nenhuma das músicas de vocês a disposição?

DR – Hoje e sempre, a gravação é essencial pra banda. No nosso caso em particular, porque não temos um material em fase de lançamento. Esse material em audiovisual que lançamos (produzidos em momentos diferentes) foi montado com uns experimentos de gravação que fizemos de uma forma bem caseira, são umas tracks feitas no sótão do Xedar. Faz parte da nossa trajetória, até do nosso processo de composição, e do nosso auto-conhecimento enquanto grupo. Além de ter sido bem divertido fazer, claro. Espero lançar mais audiovisual.

CM – Vocês dividirão a noite com uma banda histórica do underground pelotense, a Farenait. O que vocês têm a dizer sobre a união da cena alternativa pelotense?

DR – Sobre a Farenait, acho o som dos caras bonitão. É a primeira vez que tocamos com eles e com certeza vai ser um prazer. Sobre a cena alternativa, a união é a única saída, claro. É o que dá a sensação de arte, de movimento e de conjunção. Se cada um sair pra um lado a coisa não se sustenta, a menos que seja completamente comercial, o que aí é ser independente, mas dos outros.

CM – Qual a parcela de envolvimento que os integrantes da banda disponibilizam para poderem conciliar a banda com seus outros compromissos pessoais?

DR – O grupo só existe por uma união de esforços de todos. Eu não sei como fica a coisa da parcela porque não conheço todos os compromissos e rotina dos guris, bem como nenhum de nós vive apenas para a (e da) banda. Mas acredito que até hoje, tendo em vista nosso histórico jovem, tudo tem dado bem certo. Quer dizer, tocamos há meio ano, e há 1 ano atrás eu nem conhecia o Paulo. Penso que com o tempo a nossa idéia do que é o Convés e para onde ele ruma tem se solidificado e aprimorado.

Foto: Divulgação