Lobo da Costa é artista desses que não cabe num veículo somente. Dos escritos à telona… e à telinha. O Lobo embriagado, a nos embriagar com sua poesia, sua sofisticação. O da Costa de Dornelles, um Flavio de diferentes facetas, de outros tantos Flavios, de muitos Dornelles, e quem mais desejar interpretar. Ambos, desejo do Fio da Navalha, com o curta “Pelotas Caridosa – Poemas Lidos de Lobo da Costa”, vencedor de seis indicações do Cinema Quarentena Online Film Festival, no Rio de Janeiro.
Dirigido por Flavio Dornelles – que também interpretou o poeta e jornalista pelotense considerado um dos principais expoentes gaúchos do período romântico – além da produção do Fio da Navalha Arte & Comunicação, o filme participou do festival carioca em maio de 2021, mas as gravações ocorreram no final do ano anterior, em duas tardes de sábado.
Tudo começou a partir do lançamento do edital FAC digital RS – Sedac e Feevale, que surge com a proposta de beneficiar artistas que estavam produzindo durante esses meses de pandemia. O produtor Vagner Vargas, atualmente residindo em Portugal, inscreveu a obra, e a equipe foi contemplada.
Como já havia participado da montagem dramatúrgica de “Em nome de Francisco – Evocação de Lobo da Costa”, com texto e direção de Valter Sobreiro Jr., foi Dornelles quem roteirizou e adaptou o texto para o curta. Em seguida, convidou o Fio da Navalha, parceiros de longa data, para a realização do trabalho.
O ator e diretor conta que, em função da pandemia, decidiu viver o protagonista da história contada através das lentes da câmera, e pelo talento de todos os envolvidos com o projeto. Quanto aos demais personagens, todos representados pelos próprios integrantes da equipe do Fio, evitando assim escalar um elenco maior.
As cenas, gravadas em locações internas e externas, na rua Santa Cruz – onde o poeta foi encontrado morto, em 1888 – revivem “um breve apanhado dos últimos momentos de Francisco Lobo da Costa, com uma narrativa poética não-realista de sua glória e desterro”, anuncia a sinopse. Entretanto, vai muito além.
“Era um sonho antigo vê-lo representado no cinema, como também é significativo perceber como “a Pelotas caridosa” tratava seus artistas, já no século XIX, festejando a obra do poeta em salões e saraus literários, enquanto Francisco, o homem, era desprezado pela elite da Atenas riograndense”, considera Dornelles, sentindo-se agradecido por todo esforço e parceria dos colegas, além da satisfação em participar do evento: “um festival sério, de repercussão internacional. Trazer para Pelotas um resultado desses é falar de um artista como tantos que, ainda hoje, pelo país, são deixados de lado, principalmente nesse período que atravessamos, a pandemia”, destaca o ator.
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Para Luis Gonçalves Fabiano, a sensação de saber que o filme ficou bom, e que concorreria no festival, já era por si só algo a ser comemorado. Vencer em seis categorias então…surpresa ainda maior. Misto de sensações. “Uma obra linda em um momento tão doloroso da humanidade é um processo de redenção, de respiro, inspiração, sobretudo para não nos esquecermos que arte salva. Se hoje não tivéssemos a arte, os livros, as músicas, filmes e atuações, como viveríamos este período? Seria bem mais difícil passar por ele”, reflete Fabiano, feliz por ter ganho o primeiro prêmio de fotografia da carreira.
Cada um de sua casa, com seus drinks, enquanto contabilizavam as nomeações online. Assim estava a equipe durante a premiação. Venceram nas seguintes categorias: Melhor Fotografia – Luis Fabiano Soares Gonçalves; Melhor Direção de Arte – Luis Fabiano Soares Gonçalves, Carla Ávila, Andrea Terra, Flávio Dornelles, Valder Valeirão, Cláudio Ferreira; Melhor Mixagem de Som – Cláudio Ferreira; Melhor Atuação – Flavio Dornelles; e Melhor Filme, pelo Júri Popular. A entrega dos prêmios aconteceu no último dia 29 de maio, através das plataformas digitais, igualmente à exibição de todos os filmes da amostra.
Desajustado para alguns, intenso e apaixonado para outros. De uma escrita tão acertiva que toca fundo na alma, revelando aquele palavreado rebuscado, de extrema riqueza, beleza sem igual. Sedução e caos, dor e alegria; o contemplar amortecido da alma, e a tempestade voraz do sentimento…Um deleite para os olhos, e para o coração. Esse é o Lobo da Cosa da sétima arte. E você tem encontro marcado com ele. Quando? Por que não agora?
TÉCNICA:
Fotografia
Luís Fabiano Gonçalves
Designer
Valder Valeirão
Montagem, áudio e finalização
Cláudio Ferreira Direção de arte Flávio Dornelles, Rodri Aliandro
Pesquisa, produção e direção
Flávio Dornelles
Produção executiva
Vagner Vargas e Carla Ávila
Realização
Fio da Navalha Arte & Comunicação.
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