Está sendo dada a largada para a terceira edição do Festival Manuel Padeiro de Cinema e Animação, promovido pela Gaia Cultura & Arte e os cursos de cinema e animação da Universidade Federal de Pelotas – UFPel. As inscrições para concorrer aos prêmios já estão abertas e encerram-se em 21 de outubro, através do site do festival.
Um dos raros festivais de cinema brasileiros ao ar livre tem lugar no histórico Parque Museu da Baronesa, em Pelotas, nos dias 1, 2 e 3 de dezembro. A previsão dos organizadores é de que cerca de 50 convidados das equipes dos curtas-metragens venham à cidade para participar do evento acompanhando as exibições e discutindo seus filmes. Os debates, ponto alto do festival, pois se configura no momento de diálogo entre realizadores e público, continuarão acontecendo nas manhãs seguintes às exibições, no auditório do Centro de Artes da UFPel, com entrada franca. Também são abertas ao público as sessões noturnas no Parque da Baronesa, bem como a sessão paralela, que este ano acontece no Theatro Guarany à tarde.
A maratona de filmes inclui as categorias de Animação, Ficção, Documentário, Vídeo Universitário, Videoclipe e Vinhetas (esta última categoria apenas para alunos do Centro de Artes) e são comandadas por dois conhecidos agitadores culturais da região, os irmãos Fernando e Duda Keiber. O festival, assim como outros eventos promovidos pela Gaia, nasceu da paixão da dupla pelo cinema e pela vontade de contribuir para a movimentação cultural em Pelotas. A seguir, uma entrevista em dueto com os irmãos Keiber, que falam das novidades do Manuel Padeiro edição 2011.
Qual a expectativa de vocês em relação a esta edição?
Duda – A nossa expectativa é que o público triplique, que a visibilidade do festival fique muito maior, alcance outras fronteiras e se solidifique cada vez mais, locupletando nossos objetivos de colocar Pelotas na rota dos festivais nacionais de cinema e tornar o Padeiro num dos maiores festivais de curta-metragem do Brasil.
Fernando – E mais: contribuir para minimizar o gargalo que há na difusão e distribuição dos filmes produzidos no território nacional.
Como tem sido a receptividade no âmbito empresarial no que se refere a apoiar o Manuel Padeiro?
Duda – Ainda não satisfatória, mas vai melhorar. Teremos novidades em breve, aguardem!!!!
Fernando – Vejo que há um desconhecimento sobre as Leis de Incentivo, sendo que os principais beneficiários das leis são as empresas ao poder optar pela transferência de parte do IR e ICMS a pagar a projetos culturais devidamente aprovados, seja como ganho de imagem, em ação conjunta ao Departamento de Marketing da empresa, ou como ação de responsabilidade social. Muitas empresas desconhecem as vantagens da nova Lei de Incentivo Estadual, outras não têm conhecimento algum sobre o benefício, outras ainda são relutantes, já que as últimas exposições de alguns maus produtores culturais na mídia denegriram a imagem do sistema, causando um afastamento das empresas ao generalizar o assunto. Outro fator é que as empresas que apoiam continuamente projetos culturais já estão com seu passivo de ICMS a contribuir comprometido. Quanto ao IR, a margem determinada pelo MinC reduz o potencial de empresas a investir em cultura, posto que a margem de lucratividade tem de ser exorbitante para avultar o recurso empregado pelo incentivo em projetos, além de só atender a empresas que tributam pelo lucro real.
Qual será a estratégia de divulgação do festival este ano em termos de mídia?
Fernando – A principal estratégia continua sendo a internet através do site, blog, redes sociais, como o facebook e Orkut, flicker, twitter e afins. Estas são as forma de divulgação de maior alcance do festival. Temos, a exemplo da edição anterior, o envolvimento e contribuição de pessoas ligadas aos grandes veículos impressos, como o Jornal Zero Hora, o Correio do Povo, o Jornal do Comércio e a revista Aplauso. São mídias de alcance estadual. Regionalmente, o festival envolve a retransmissora da RBS TV – Pelotas, que tem um alcance representativo na região Sul do estado, além das mídias convencionais e alternativas do município de Pelotas, como jornais e rádios locais, cartazes, banners, outdoors, lambe-lambes e congêneres. Com a importância do Festival, contamos também com a divulgação espontânea, e, ainda, através do nosso atendimento pessoal e humano a todos os envolvidos. O boca-a-boca tem sido outra grande forma de divulgação do evento.
As categorias concorrentes serão as mesmas dos anos anteriores?
Duda – Sim, com inclusão da vinheta Manuel Padeiro como categoria, exclusiva a acadêmicos do Centro de Artes.
Quantos convidados virão por equipe de filme concorrente?
Duda – Dois convidados por filme selecionado na mostra competitiva.
Fernando – Totalizando, se assim for possível, a presença de até 50 produtores, diretores e demais representantes dos filmes selecionados.
Haverá filmes hors concours?
Fernando – A abertura prevê a exibição do curta Os Óculos do Vovô, de 1913, clássico pelotense do diretor Francisco Santos, e o que seria o mais antigo filme de ficção brasileiro. A cópia, na verdade fragmentos que resultam em menos de cinco minutos, foi recentemente recuperada pela Cinemateca Brasileira e depois de décadas do filme desaparecido, pela primeira vez será exibido em Pelotas. Também pretendemos exibir o filme Em Teu Nome, de Paulo Nascimento, vencedor de quatro kikitos no Festival de Cinema de Gramado. Há ainda a possibilidade de exibirmos um documentário chamado Liberdade, da produtora pelotense Moviola, aliás, que tem sido parceira do Manuel Padeiro. Mas tudo está por ser construído.
Vocês têm algum receio do festival crescer muito e perder a característica do congraçamento, do ambiente acolhedor que forjou o perfil das edições passadas?
Duda – Quem tem amor não tem medo!
Fernando – Não. A menos que o festival caia em outras mãos. Enquanto estivermos à frente, nosso tapete será verde. Verde esperança, verde sustentabilidade, verde harmonia. Não há nenhuma outra forma de tratar a quem seja, senão com amor e respeito. E isso não mudará jamais.
Como é a relação com a Universidade Federal?
Duda – A Universidade Federal, através do Centro de Artes, tem dado suporte substancial ao Festival Manuel Padeiro. Desde o primeiro evento, professores e alunos estão envolvidos em diversos setores, potencializando as ações, estimulando sua energia criativa através da participação de seus filmes e se envolvendo diretamente na produção executiva, aumentando assim sua carga cognitiva e sua experiência profissional. Outro ponto importante de ressaltar é o projeto de extensão homônimo da Universidade, que envolve anualmente 35 estagiários, que recebem certificado de participação.
Fernando – Poderíamos considerar que a relação com a UFPel já é matrimonial.
Qual a mudança em relação ao sistema de seleção dos filmes?
Duda – Este ano a curadoria vai ser formada com notórios nomes da crítica nacional e ocorrerá entre os dias 28 e 30 de outubro.
Fernando – A grande mudança é que faremos uma seleção presencial, pois reuniremos nesses dias um grupo de críticos que assistirá a todos os filmes inscritos – só no ano passado tivemos mais de 300 curtas inscritos – fomentando o debate e fortalecendo a decisão da equipe curadora.
Já que as exibições do festival continuarão acontecendo ao ar livre, no Parque da Baronesa, em caso de chuva qual será a alternativa?
Duda – A programação da mostra paralela, destinada principalmente à rede municipal de ensino, e a premiação será no Theatro Guarany. Em caso de chuva, o teatro receberá também a mostra competitiva.
Visite: www.manuelpadeiro.com.br
Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.
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