Everson Maré – Orgulho e Tradição


Foto: Arquivo Pessoal

Rio Grande do Sul. Terra de muitos encantos. Todos eles, poderia dizer. O poeta falará de seu céu, de seu sol, sua terra e cor. Reverenciará a paisagem branca da geada se fazendo espelho e evidenciando, no horizonte sereno e convidativo dos pampas, a chegada de um novo amanhecer.

O orgulho de ser gaúcho está em cada canto. Por aqui, a tradição e os costumes permanecem vivos. Os novos tempos ainda conservam o vigor e a glória do passado, talhados a ferro e fogo na história de luta e grandes revoluções que moldaram a cultura e identidade de um povo. Terra de gente que sonha. E que faz acontecer. Assim como eu, você e o nosso entrevistado de hoje.

Foto: Arquivo Pessoal
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Ele já gravou e atuou com conceituados artistas da música latino-americana. Integrou o conjunto musical Os Serranos, ganhando disco de ouro pela vendagem de mais de 100.000 cópias, foi eleito o músico mais premiado em festivais no ano de 2011, segundo pesquisa realizada pelo Jornal Diário Popular e também recebeu diploma de honra ao mérito, no estado de Santa Catarina, pela relevante contribuição junto à cultura gaúcha. Ufa! E pensam que acabou?! Que nada! No intervalo entre um show e outro, além de seu programa na Rádio América FM 87.9, o instrumentista, compositor, intérprete e arranjador, Everson Maré, fala do disco “Sinceridade”, da carreira e amor pela tradição.

Então, vão se aprochegando, minha gente, pois a água aqueceu, a lenha continua queimando e o chimarrão? Este já está no ponto. Hoje, sob “a lua pra cantar em parceria”, e o “coração e sentimento na mais linda melodia”, vamos prosear até mais tarde. Afinal de contas, com 30 anos de carreira, o que não falta ao artista são histórias para contar.

E-Cult: Vamos começar falando do seu disco “Sinceridade”, lançado em 2012.
Ewerson Maré: Ele é uma novidade na minha vida e na minha carreira. Já gravei com tanta gente e nunca tinha feito algo totalmente meu, com músicas compostas por mim, em parceria com outros grandes compositores do Rio Grande do Sul. É como um filho. O primeiro filho.

E-Cult: São 13 canções, das quais duas foram premiadas?
E.M.: Sim. Estrela Torta da Espora foi premiada numa edição da Vigilia do Canto Gaúcho, em Cachoeira do Sul. Música em parceria com Gujo Teixeira. Foi quando eu mostrei para as pessoas que eu podia cantar. Até então, todos me viam como instrumentista e compositor. Só eu sabia que podia cantar.

E-Cult: Então, na realidade, este trabalho não somente foi o seu primeiro disco, como também as pessoas tiveram a oportunidade de conhecer o seu lado cantor, que até então…

Foto: Arquivo Pessoal
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E.M.: Que até então era desconhecido. E foi com esta música, Estrela Torta da Espora que ganhei notoriedade como cantor. O intérprete que cantaria essa música, um dia antes do festival, não pode ir. E aí eu acabei abraçando a causa (rs) A Sinceridade, outra canção premiada, foi uma parceria com Romulo Chaves. Eram versos que estavam com o Robledo Martins, que me mandou a letra pela internet e eu a musiquei no primeiro instante. Acho que nesse universo de compor, as coisas estão todas no ar. De repente, alguém vai captar o sentido daquilo e vai conseguir levar a diante.

“Acho que nesse universo de compor, as coisas estão todas no ar. De repente, alguém vai captar o sentido daquilo e vai conseguir levar a diante”

E-Cult: E falando nisso, Robledo Martins e Gujo Teixeira, são alguns dos artistas com os quais você já trabalhou. Como se dão essas parcerias? São amigos de longa data, ou encontros que a própria música e circunstâncias vão favorecendo, acabando por comporem algo juntos?
E.M.: O meu relacionamento com colegas é sempre o melhor possível. Com alguns tenho um relacionamento mais estreito. Com outros, à distância, mas basicamente, baseado na confiança e na admiração de um pelo trabalho do outro.

E-Cult: E há situações em que você idealiza, compõe uma música já pensando num artista em específico ou é algo que surge ao acaso, na supresa do momento?
E.M.: Não. O ato de compor, de criar uma letra ou melodia, uma música nova, eu, particularmente, não faço já pensando em direcionar a alguém. Depois que nasce a obra é que a gente pensa melhor a quem poderia destiná-la. As vezes, eu faço alguns trabalhos que não ficam bem na minha voz. Costumo ter esse senso de autocrítica. Aí, passo para outro artista, logicamente.

E-Cult: Você acaba de completar 30 anos de carreira. Dez deles, como integrante do grupo Os Serranos. Conte um pouco sobre o início de sua trajetória musical.
E.M.: Na época dos Serranos eu era bem jovem. Ainda sou (rs). Pelo menos de espírito. O início da carreira foi uma época bem difícil na minha vida. Sempre quis ser músico, mas ainda não havia tido um espaço maior, embora tocasse profissionalmente desde os 13 anos. Lembro que precisava ter uma licença do juiz de menores para poder tocar. Eu tinha e tocava com a minha licença no bolso. Trabalhava durante o dia, estudava a noite e tocava nos finais de semana. Quando tive a oportunidade de estar com Os Serranos, eles estavam trocando os integrantes e eu nem sabia.

E-Cult: E a sua experiência como professor?
E.M.: Eu fui convidado para dar aula de música numa casa de cultura em Pelotas, o Instituto Simões Lopes Neto. Foi uma experiência maravilhosa, tanto que continua até agora. Hoje, eu dou aula de música na Escola Comunitária do Parque Fragata, no Capão do Leão, pra vários alunos.

E-Cult: Pra você, qual seria o grande sabor e a satisfação de ser professor?
E.M.: É saber que tu podes dividir com outras pessoas aquilo que tu aprendestes. Acho que nada pode ser mais gratificante do que ensinar para alguém aquilo que já aprendestes e que outros estão buscando aprender. Saber que tu podes estender a mão para alguém que esteja começando é gratificante demais.

E-Cult: Você diz não gostar de rótulos e também não se considerar um músico nativista. Então, podemos dizer que seu compromisso é com a música, independente do estilo?
E.M.: É isso! Eu sou um cara que faz música. Nunca gostei de rótulos. Eles nos limitam em todos os aspectos, em todos os segmentos da nossa vida. Na nossa sociedade, os rótulos são limitadores e, normalmente, geradores de algum tipo de preconceito. Então, rótulo combina com preconceito e preconceito não combina comigo. Concordo que do ponto de vista organizacional, para tocar na rádio, funcione classificar o artista como pertencente a um gênero musical em específico. Até aí tudo bem! Mas música é música. O cara que faz música jamais vai fazer música rotulada. Eu componho de tudo e mais um pouco. Tem muita coisa que eu não mostrei e está pronto. Músicas contemporâneas que são mescladas com música gaúcha, numa versão mais moderna do ritmo. Uma milonga que combina com outros gêneros musicais.

“Rótulo combina com preconceito. E preconceito não combina comigo”

E-Cult: Noutra ocasião, você disse não considerar, aqui no Rio Grande do Sul, a existência de um movimento de música gaúcha e sim, um universo musical. Na sua opinião, o que seria necessário para que a música gaúcha alçasse vôos ainda maiores, em comparação a outros gêneros musicais cujo espaço na mídia costuma ser maior?
E.M.: Nos faltam várias coisas importantes, embora tenhamos o principal, que é o apelo folclórico e regional. Existem várias tribos, em vários lugares. Cada uma fazendo o seu som, do seu jeito, conforme apendeu na sua região, influenciados por amigos, parentes e antepassados. Temos um universo musical recente e em formação, ainda. Um movimento é mais específico, definido. Nós ainda não encontramos uma forma de como chegar, por exemplo, em nível nacional. Me parece que a dificuldade, o nosso gargalo maior é, primeiro, a nossa linguagem. Na maioria das nossas músicas ela é muito restrita ao nosso estado. Só é entendida aqui e, algumas vezes, até as pessoas daqui tem dificuldade para entender. Os compositores deveriam ousar um pouco, tentar universalizar mais a linguagem das nossas músicas. Outro quesito importante é a pouca infraestrutura em alguns eventos, comprometendo o trabalho do artista. Se ele não quer perder oportunidades, opta por trabalhar assim mesmo. Não têm camarim para estar concentrado, receber seus amigos e fãs, depois do show. Também não há sonorização e palco adequados. Algumas vezes, o cache também é muito baixo. Uma produção cultural qualificada, com capacidade de prover um palco com estrutura adequada, oferece as condições necessárias para que o artista possa proporcionar um grande espetáculo ao seu público.

E-Cult: Uma das características fortes do estado são os festivais, que ajudam a divulgar e manter viva a cultura local. Como você vê essa contribuição para a música gaúcha?
E.M.: Os festivais são um laboratório de novas músicas. São importantes no nosso estado e temos de levar muito a sério, para que, a cada edição, melhorem mais. Dos festivais sairam músicas que todos conhecem e cantam. Nesse contexto, há outro aspecto que se deve levar em considaração; a música nos festivais é mais aberta. Mais abrangente. Por outro lado, de uns tempos pra cá, nós começamos a sofrer, dentro dos festivais, um processo que eu particularmente chamo de “argentinização” da música nativista. Estamos colocando muita influência do pais vizinho em nossa música. Tem coisas maravilhosas na Argentina, mas nós somos gaúchos? Claro que sim! Somos gaúchos, do Rio Grande do Sul. Embora o gaúcho seja uma etnia dos povos da bacia do prata, ainda assim, em nossas raizes também existe a influência italiana, alemã, e de outros tantos povos que vieram pra cá. Existe a influência do negro, que forma a etnia do gaúcha atual.

E-Cult: A esse respeito, Nico Fagundes tem um trabalho todo voltado para a contribuição do negro na música gaúcha. Então, gostaria que você falasse um pouco dessa influência e do motivo pelo qual, na sua opinião, raramente aparecem referências da cultura africana em nossa música.
E.M.: A contribuição do negro foi muito grande para o que hoje chamamos de sociedade, de nosso estado. No entanto, a música do Rio Grande do Sul, ao meu ver, não reconheceu isso ainda. Não atribui à influência negra o grande valor que ela merece, uma vez que ainda não a inseriu como deveria em nosso contexto musical. Só para citar um exemplo, se tu ligares o rádio, e escutares um axé, verás que ele tem total influência da cultura negra. Se escutares uma música sertaneja, inicialmente vais pensar que não tem nada haver com o negro, mas, em seguida, irá aparecer uma percussão tocando de cima a baixo, advinda da cultura negra. É o que nós não costumamos presenciar na nossa música. Acredito que perdemos muito com isso, pois valorizaria ainda mais, tanto a história do Rio Grande do Sul, como também a sua música.

E-Cult: Você relatou já ter sofrido preconceito por andar sempre pilchado. Diante disso, o que considera mais importante e não abriria mão, em nenhuma circunstância, no que diz respeito à cultura e os valores do gaúcho, sempre muito vivos em você?

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

E.M.: Eu vejo a cultura gaúcha de uma forma mais abrangente. Num aspecto que não se restringe somente à música. Vejo como uma forma de vida, uma maneira de se expressar, de agir, enfim. Basicamente, penso que a nossa cultura tem muito haver com nossas tradições familiares, religiosas, artísticas e culturais. Eu tenho orgulho de andar sempre pilchado. Sempre tive orgulho, desde o tempo em que era feio andar de bombacha. Eu andava. Frequentemente alguém gritava pra mim, do outro lado da rua: “aí gaúcho grosso!” E eu nem dava bola, não. Muitas vezes, peguei o avião para São Paulo, sempre pilchado. Alguns me enxergavam como um extraterrestre. Outros riam, perguntando que roupa era aquela. Nada disso me fez abandonar a minha identidade cultural e as tradições do meu estado. Esses valores eu trago comigo e acho importantíssimo na formação do indivíduo. Me sinto orgulhoso de ser daqui. De um estado que não admitiu, de forma alguma, na sua história, ser explorado. Tanto que fez uma revolução em torno disso. Não vejo o gaúcho como um ser do passado. Algo para ser colocado numa moldura e ficarmos cultuando num quadro na parede. Aliás, eu tenho aversão a isso. Nós não somos um ser do passado. Somos pessoas que vivemos o hoje, o agora, no nosso tempo. É um gaúcho que está aí, vivendo a realidade presente e que, como não poderia deixar de ser, continua a contribuir com a nossa cultura.

“Não vejo o gaúcho como um ser do passado. Algo para ser colocado numa moldura e ficarmos cultuando num quadro na parede”

E-Cult: Você viaja muito, pelo Brasil e no exterior. Qual a sensação de ser um dos porta-vozes de nossa cultura pelo mundo afora?
E.M.: Primeiramente, me sinto muito feliz. Sei que estou representando uma gente que batalhou, que lutou muito para chegar onde está hoje. Tanto culturalmente como economicamente. E continuamos batalhando muito. Enfim, eu me sinto feliz por poder representar tudo isso e mostrar a riqueza cultural que nós temos aqui.

E-Cult: Houve uma situação inusitada em sua viagem aos EUA. Fale sobre esse episódio.
E.M.: Quando eu fui, um gaúcho era extraterrestre. Ainda mais o cara usando bombacha e alpargata (rs) Estive lá um pouco depois do atentado terrorista às torres gêmeas. Então, imagina! Fui confundido com um terrorista. A bombacha um pouco estreita, lembrava logo isso. Nossa! Várias vezes me atacaram no aeroporto. Os seguranças ficavam na minha volta e me abordavam o tempo todo. Queriam saber o que eu tinha na mateira. O cara querendo saber o que era a erva mate (rs) Ele abriu aquilo e disse: “Oh Man!” E eu querendo explicar que era uma bebida. Ele chamava todos os outros para olharem aquilo. Colocou o dedo na erva e passava na lingua. Vai ver pensou que era uma cocaína pintada de verde. Mas aí, não deu o barato que ele estava esperando (rs).

E-Cult: Sobre o gaúcho nos tempos atuais, como você se relaciona com as mídias sociais. Como é esse gaúcho contemporâneo?
EM: Eu vejo que são extremamente importantes, embora algumas pessoas não usem com a devida responsabilidade. Uso para divulgar o meu trabalho. Tudo que mereça uma conotação maior, a gente gosta de postar, divulgar. E é importante como isso aproxima as pessoas e faz com que elas participem mais diretamente do teu trabalho. Faz com que queiram ouvir a tua música, assistir algo na internet.
E-Cult: E a gravação do video clipe “Sinceridade”. Como foi essa experiência?
EM: Ah, foi legal, muito bacana! Quando eu integrei Os Serranos, a gente tinha gravado uns video clipes. Depois que lançei o meu cd, pensei em gravar um video clipe de uma das músicas. Escolhi Sinceridade porque passa coisas positivas. São valores culturais de amor por onde a gente vive, de amor pela familia. A música tem uma mensagem de honestidade, de sinceridade. Queria propagar essa mensagem.

E-Cult: Qual locação escolhida para a gravação?
E.M.: A gente gravou na Estância da Gruta, no Capão do Leão. Eles colocaram tudo a nossa disposição, para gravarmos onde quiséssemos, usarmos o que fosse preciso. Algumas cenas foram internas, no estúdio da Projeta Produtora, que produziu o clipe. Deu um certo trabalho viu?! A gente precisava, para algumas cenas, uma luminosidade adequada, a luz do sol no momento certo. Então, marcávamos num horário e estávamos lá naquele dia, naquele horário. Aí aparecia uma nuvem e não dava certo (rs). Até que um dia deu e gravamos aquela cena. Nesse aspecto foi mais trabalhoso, porém, muito prazeroso.

E-Cult: Todas as músicas do seu disco são muito importantes para você. Mas, dentre o repertório escolhido, tem alguma mais marcante?
E.M.: Bom, Sinceridade é uma delas. Pela mensagem que tem e pela forma como está no disco. Ela tem violino, o seu arranjo é um pouco diferenciado e não deixa de ser uma música gaúcha. Ela mexe muito comigo nesse aspecto. A Guitarra, Voz e Querência tem muito de mim. A letra, a melodia, é basicamente aquilo que eu sou.

E-Cult: De onde surge a tua inspiração na hora de compor?
E.M.: Vem do silêncio, do sossego, da tranquilidade de estar quieto em algum lugar. Num desses momentos, em que eu estava quieto, em algum lugar, eu pensei algumas coisas. Poxa! A gente tem tanta coisa para falar através da música, não é? E muitas vezes não consegue. As vezes, as pessoas parecem não querer te ouvir. Tem muito crítico musical que não te escuta, não te enxerga. Então, aí eu fiz essa música. Fui escrevendo escrevendo. Outra que mexe comigo se chama Milonga em Tempo de Seca.

E-Cult: Essa música é em homenagem ao seu amigo?
E.M.: Sim. Inclusive ela teria a participação do José Claudio Machado, e aí não foi possível. Eu a gravei sozinho.

E-Cult: Você ficou muito emocionado, no momento da gravação, não é mesmo?
E.M.: Sim. Foi muito difícil de gravar. A voz, as vezes, não saia e eu parava a gravação. Estava cantando uma música que lembra um amigo querido. Desculpa, não é fácil! (o artista fica emocionado)

E-Cult: Mas essa emoção foi transferida para a música e temos certeza de que ele sentiu-se muito homenageado, nesse momento.
E.M.: Ah, eu espero que sim, pois foi feito de coração. Foi de todo coração! Eu aprendi muito com o Zé.

E-Cult: Você é um artista que gosta muito de pesquisar. Já estudou diferentes sonoridades e estilos musicais. Tudo isso, de uma maneira ou de outra, se torna referência em seu trabalho. Quais as principais influências presentes no seu disco?
E.M.: Olha, são as mais universais possíveis. O máximo de universalidade que eu pude colocar dentro dessas canções. Que a minha capacidade permitiu colocar, a partir, claro, da proposta do que seria o disco, um pouco mais voltado para o nativismo. Ainda assim, sem deixar de ter uma linguagem um pouco mais universal no arranjo, nos acordes, na hamonia das músicas. Eu procurei rebuscar um pouco isso. Na harmonização, coloquei sempre, em alguns pontos, algo inesperado dentro do que costumeiramente se usa no contexto nativista.

E-Cult: Por exemplo?
E.M.: Alguns acordes que não se usam, oriundos da bossa nova. É um gênero musical, um movimento consagrado no país, onde as músicas são harmonizadas com acordes dissonantes. Na nossa música, geralmente são acordes perfeitos maiores ou perfeitos menores, relativos maiores e menores, onde a dissonância é muito pouca. Pelo menos na música nativista mais chão. Isso já deu uma melhorada na sonoridade. Fez a diferença. Então, o próximo trabalho já vai ter um pouco mais desse tipo de influência, não só da Bossa Nova, mas de outras linguagens musicais também, mais universais.

E-Cult: Everson Maré por Everson Maré?
E.M.: Sincero, dedicado, amigo e responsável. Alguém que vê no mundo, a necessidade de mudança. Há muitos valores que ficaram pra trás. Ficaram perdidos e a gente precisa resgatar.

E-Cult: Um sonho?
E.M.: Que haja justiça.
E-Cult: Uma saudade?
E.M.: Minha infância me traz saudade.
E-Cult: Carreira?
E.M.: É o ar que eu respiro. É minha forma de vida. É o que sou. Não tem como fugir dela e eu pretendo continuar assim, enquanto eu viver.
E-Cult: fãs?
E.M.: Razão maior do trabalho da gente. A quem a gente dedica tudo aquilo que faz. O tempo ocioso que perdeu para compor uma nova canção, estudar e se aperfeiçoar mais.
E-Cult: Uma palavra ou sentimento?
E.M.: Amor

E-Cult: Uma mensagem para o teu público?
E.M.: Valorizar o que é nosso. Conhecer mais o que é nosso. Transmitir para aqueles que vierem depois de nós os nossos valores e o que isso representa. E, claro, além de tudo isso, agradecer. Agradecer pelo carinho, pelas manifestações que a gente recebe no dia a dia, seja pelas mídias sociais ou no telefone. A mensagem é acreditar no que é nosso. Acreditar que a gente pode mudar a realidade do que quer que seja. Basta se propor a fazer isso. Nós podemos mudar ainda muito mais e pra melhor, todos juntos, a nossa realidade cultural e social, também. Por um mundo mais igual e mais justo, para todos. Essa é a minha mensagem, lutar e não desistir, por mais igualdade, mais justiça e mais amor.

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