Primeiro disco lançado pelo mineiro Matheus Torres, “Umadocemaresia” conta com 33 minutos divididos em sete faixas. A história por trás do álbum, no entanto, é um pouco mais longa e tem uma forte relação com a cidade de Pelotas.
O músico residiu por mais de seis anos na terra onde as “roupas já não secam no varal”, como descreve em um verso. Foi nesse período que Matheus se descobriu como músico e letrista, teve suas primeiras experiências profissionais, compôs e gravou seu disco. Depois de um tempo guardado, o trabalho chegou em junho passado nas principais plataformas de streaming.
“O conceito deste disco foi esboçado desde o início como um relato chuvoso da minha vida em Pelotas. Sempre quis contar a minha história densa vivendo no Sul, onde a vida se passa de forma muito diferente à vida nas Minas Gerais”, relatou o músico em entrevista ao ecult.
Um mineiro em Pelotas
Natural da capital mineira, o músico e compositor Matheus Torres começou sua relação com Pelotas em 28 março 2011. Neste dia, ele desfazia suas malas na cidade para começar os estudos em um curso de Engenharia na UFPel. “Nesse tempo, ainda não tinha nenhuma especulação sobre meu futuro relacionado à música”, recorda.
Após um período de descobertas propiciadas por uma vida longe de casa, o artista aponta 2012 como o ano de um profundo mergulho no mundo da música, quando conheceu artistas que seriam suas referências musicais, como Neil Young e Dave Matthews. “Foi um ano em que redescobri o violão e o prazer em tocá-lo”, destaca.
Ao longo da conversa, Matheus relembra com carinho de vários amigos que fez por Pelotas, como Vicente Botti, a quem descreve como “figura raríssima que me introduziu no universo cultural e boêmio pelotense” ou Valder Valeirão que lhe apresentou vários autores e o “suprassumo da música setentista brasileira em um disco: Jards Macalé (1972)”.
Ainda em 2012, o músico mineiro fez suas primeiras participações em shows e teve sua primeira experiência em um estúdio, no antigo coletivo Munaya. Nos anos seguintes, novas experiências musicais, primeiras composições e a decisão de abandonar a engenharia.
Quando folk cheira a jazz
“Saio da faculdade, perco todo apoio financeiro da família e me obrigo, por necessidade, a procurar lugares onde possa me apresentar”, relembra. Em uma noite de Tributo a João Bosco no João Gilberto Bar, Matheus conhece Hamilton Pereira, com quem montou o projeto When a Folk Smells Some Jazz. O objetivo era “tocar interpretações de folks com nuances e arranjos de jazz”.
Com este projeto, faz sua primeira apresentação em maio de 2014 no antigo Observatório. Na sequência, sobe ao palco do projeto Sete ao Entardecer já com repertório praticamente todo autoral. Ainda neste ano, conhece os músicos Eric Peixoto, Alinson Alaniz e Stefano Rosa, que ele descreve como “irmãos de alma e som”, com quem formaria a banda/projeto Rock Medley.
Entre 2014 e 2017, Matheus Torres estabeleceu-se como músico na noite pelotense, podendo ser encontrado se apresentando nos mais diversos formatos e locais. Sua relação com a cidade e com a cena boêmia desta foi intensa neste período.
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Uma doce maresia
Em 2015, Matheus começa a compor em português. As músicas “Uma Doce Maresia” e “Ponteiros”, descritas pelo mineiro como “faixas que carregam todo o disco”, foram escritas nesta fase.
“Acreditara por muito tempo que a conclusão desse projeto seria meu passaporte garantido para sair da cidade. Não deixou de ser, mas não da forma que eu esperava”, reflete o artista.
Mexendo nas gavetas
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A mixagem e masterização desta vez ficaram por conta de Júnior Vieira. “Ele foi a peça chave em ressignificar todo conteúdo fonográfico. Foi muito competente e de extremo bom gosto em todas as escolhas que fez na edição do material”, elogia Matheus.
A arte de capa é assinada pelo próprio Matheus, a partir de recorte de uma fotografia tirada na praia do Hermenegildo em 2016. Nesta época, o músico afirma que o disco já existia na sua cabeça, “mas tinha um viés um pouco mais voltado às relações afetivas” explica. “O tempo foi alterando isso até solidificar um contexto relacionado a sentimentos que não cabem na gente, no caso do disco, em mim”.
Acompanhe: https://www.
Vocal – Violão – Backings : Matheus Torres
Lapsteel – Banjo : Eric Peixoto
Contrabaixo – Fretless : Rael Valinhas
Bateria – Percussão : Lucas Fê
Gravação : Lucas Roma
Mixagem – Master : Junior Vieira
Registros em Vídeo : Felipe Yurgel
Registros em Foto : Jeff Münchow
Arranjos : Matheus Torres, Eric Peixoto, Rael Valinhas, Lucas Fê, Lucas Roma
Produção : Matheus Torres e Lucas Roma
Direção : Matheus Torres
Projeto Gráfico e Capa : Matheus Torres
Produzido de forma independente
Jornalista, estudante de História, obcecado por música. Conhece menos atalhos em seu computador que a sua gata.
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